VI

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Numa sala cheia de arte, eu continuaria a olhar para ti.


Quando este pensamento surgiu na minha cabeça eu entendi que não estava bem.

Os meus sentimentos não andam bem.

Desde quando no meu estado mais sóbrio eu calcaria arte por um par de olhos e uma coração a bater?

Algo não está bem. Eu não estou bem, eu não entendo o que vai na minha mente.


Eu não entendo porque me dói o peito quando estou no meu quarto. Não sei porque é que todas as vezes que passo os olhos pela minha cama te imagino lá deitado a sorrir para mim. O que se passa comigo para ouvir playlists antigas de quando me quebraram o coração? Pareço psicopata por me desfazer em lágrimas quando passo por sítios onde partilhamos estadia. Sinto frio e não consigo comer, deixei de me maquilhar todos os dias e de meter o perfume que tanto gostavas. Não sorrio há algum tempo porque de certo modo me lembro de quando me pedias para o fazer, com os olhos em mim, tentando tocá-lo porque te fazia sentir feliz. Não consigo adormecer nem acordar de manhã. Substitui a tua mensagem de boa noite por dez comprimidos.


Nunca sofri assim, nem mesmo pelo meu primeiro amor. Nem sei porque estou a sofrer se nem sequer és um amor.


Eu não te amo, eu sei que não.

Eu não te amo.

Eu não te amo.

Eu não te amo.

Eu não te posso amar. É um absurdo.


Não sei o que isso é, mas continuo a dizer que não te amo.
O que tens de diferente para te amar?
Eu não te amo.


Apenas estou demente.


E sinto a tua falta.


De certo modo eras arte para mim.


E talvez numa sala cheia de arte eu continuasse a olhar para ti porque fazias parte dela.


E talvez
porque eu

Aquilo Que Jamais Te DireiOnde histórias criam vida. Descubra agora