Acabei de discutir com a minha mãe porque ela se preocupa imenso sobre o que os outros vão dizer sobre mim.
E eu estou exausta. Estou cansada "dos outros".
Os outros destruíram a minha amizade com ele.
Os outros destruíram a minha reputação.
Os outros destruíram o meu corpo.
Os outros deram cabo da minha sanidade.
Os outros fizeram com que eu me quisesse magoar.
Os outros destruíram a nossa relação.
E, no meio disto tudo, eu dei o meu melhor para agradar "aos outros". E nunca, nunca estava bem.
Então eu desisti de o fazer e foi quando eu comecei a ser feliz. Porque ser feliz é seres tu próprio e seres tu próprio é querer que "os outros" se fodam.
Mas, embora eu tenha tomado essa decisão de modo a encontrar paz comigo mesma, parece que há sempre alguém que dá importância "aos outros", às linguas afiadas, aos cotovelos doridos.
Hoje foi a minha mãe, há uns meses foste tu.
Fui criticada sem me conhecerem. Fui chamada de puta virtual e pessoalmente e perdi pessoas. Tudo por querer lutar por ti.
Mas, obviamente, eu não me posso vitimizar. Eu sei que sofreste. Eu sei que foste criticado também e que os teus sonhos estavam comprometidos, eu sei que estavas a perder amigos, eu sabia de tudo isso e não posso negar que a culpa me pesava em cheio. Porém, eu faria de tudo para não te perder e aguentei "os outros" em mim com uma facilidade inimaginável (que nunca tinha tido antes) só para, pura e simplesmente, não te perder. E, enfim egoísta, esperava que fizesses o mesmo por mim.
Espera, eu sei que tentaste.
Mas porque desististe?
Tu és de lutar. Tu não desistes. E eu também sou de lutar... mas contigo ao meu lado.
Os nossos papéis inverteram-se e eu odeio isso.
"Os outros" são muito importantes para ti, eu notei isso nos primeiros tempos. E irritava-me, tu sabes. Mas nunca pensei que "os outros" fossem mais importantes para ti.
O que me deixa em lágrimas é não saber porque é que "os outros" pesavam tanto em nós e não pesam em ti e ela.
Vocês estão tão expostos que, por mais que queira fugir, vocês me perseguem. Com a ajuda "dos outros".
Eu não consigo ver as vossas fotografias porque tenho medo de olhar para os teus olhos e perceber se estás feliz ou não.
Ela percebe? Ela já os tentou perceber tão profundamente ao ponto de cismar que a cor deles é avelã e não castanha como teimas?
Por fim, espero que estejas feliz. Posso dizer muito de que mais tarde me arrependa, mas podes ter toda a certeza de que, apesar de tudo, eu estou feliz por estares mais feliz do que eu.
Desculpa se isto não parece outra carta pindérica mas sim mais um desabafo. É que eu sinto saudades de quando me tocavas sem me tocar e desabafar contigo era a coisa mais maravilhosa do mundo.
Mas "os outros"... eles não sabem disso.
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Aquilo Que Jamais Te Direi
Non-FictionSe estás à procura de formalidade, podes abandonar este barco. Desde quando o amor na sua forma mais pura tem algo de formal?