Capítulo 1

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  PARTE 1: PRONTO PARA PULAR.




  PARTE 1: PRONTO PARA PULAR

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No dia.


Antes de começar pelo devido começo e contar sobre a ressaca horrenda  com que acordei naquela manhã de segunda-feira, preciso voltar no tempo  um pouquinho e recapitular algumas coisas primeiro. Voltar à noite do  meu aniversário de dezesseis anos, há dois anos, será suficiente para  que as coisas façam sentido.

Nunca fui desses adolescentes iludidos que acreditam que fazer  dezesseis anos muda completamente a vida de um jovem — para ser  realista, nunca pensei isso nem dos dezoito. Na minha cabeça de um jovem  de apenas quinze anos, eu já havia chegado a conclusão de que a única  coisa que de fato mudaria naquele aniversário seria ter permissão para  assistir filmes classificados como para maiores de dezesseis anos no  cinema.

Como de costume, eu estava completamente errado. Aquele aniversário de fato mudaria tudo.

Quero deixar claro que nunca fui conhecido como alguém irresponsável.  Na verdade, minha vida até aquele ponto era bem limitada e se alguém  perguntasse sobre mim na escola, filhinho da mamãe ou certinho seriam  prováveis definições, assim como CDF. Contudo, o que para mim seria só  mais um aniversário, acabou se tornando uma noite com duas grandes  experiências na minha vida.

A primeira delas foi o meu primeiro porre.

Eu sei, eu sei, o clichê em forma de pessoa.

Pessoalmente, eu culpo minha amiga Mariana e suas mãos sorrateiras  que roubaram uma garrafa de whisky da adega do pai. Naquele tempo ela  havia decidido que eu precisava construir memórias. Então como presente  de aniversário ganhei minha primeira bebedeira e de quebra ainda tive a  oportunidade de chegar na segunda grande experiência da noite.

Muitos pensariam que minha segunda experiência teria sido perder a  virgindade com a minha melhor amiga. Calma, nem tantos clichês assim  para uma noite só. Não que a Mariana não fosse bonita, ou do meu agrado,  é só que naquela idade eu já começava a ter desejos e interesses um  pouco diferentes. Eu já conseguia afirmar com certeza de causa que na  minha dieta sexual não havia espaço para Marianas, ou garotas de  qualquer tipo.

Minha segunda grande experiência envolvia algo muito maior que perder  a virgindade, algo que até o momento eu não sei bem como explicar. Algo  que aparentemente é uma característica que acomete alguns membros  específicos da minha família desde os primórdios da civilização. Que  claro, por que não?  Sendo o imã de problemas que eu sou, era óbvio que  eu sofreria do mesmo mal.

Naquela noite, bêbado por causa do whisky e já não respondendo muito  bem aos meus reflexos, eu tive a monumental experiência de dar um salto  pela primeira vez.

Preciso explicar a minha definição particular de saltar ou pular. Dar  um salto para mim não é simplesmente tirar o corpo do chão com um  impulso, mas sim, levar minha consciência, como em um pulo, para um  momento anterior no tempo que eu guarde na memória. Ou pular para dentro  da minha cabeça em algum momento específico do passado e presenciá-lo  novamente. Faz algum sentido?

Em Queda LivreWo Geschichten leben. Entdecke jetzt