Capítulo 27

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"kkkkkk, loucas!!! Todas vocês...mas eu amoOooo."

Olho a mancha de sangue que só fazia aumentar e não consigo compreender, eu parecia estar fora do meu corpo. Meu vestido branco estava respingado de vermelho na altura dos seios, aquilo eu sabia ser o sangue de Nathan, mas e aquela mancha? Havia sangue demais ali. Eu não estava machucada, não sentia dor. Só então me dou conta. Cristiano respirava com dificuldade, um absoluto terror toma conta de mim, aquele sangue era dele, não meu.

— Ai meu Deus, Cristiano! — Grito já meio descontrolada, eu realmente não sabia lidar com situações de pânico.

— Carlos! — Grito alto, mas ele já estava ao meu lado.

— Ele precisa de um médico, agora! — Grito olhando em pânico pra ele.

— Eva. — Cristiano me chama e posso notar o quanto ele está pálido. Ainda estamos ajoelhados no chão.

— Não, por favor não fale nada, vai ficar tudo bem. — Digo nervosa, acariciando-lhe o rosto e olhando aterrorizada para a mancha de sangue na camisa dele que não parava de aumentar.

— Vamos leva-lo para o helicóptero Sta. Martin. — Carlos diz totalmente controlado, um controle que eu invejava.

Adam chega rapidamente ao nosso lado e enquanto eu me afasto, ambos seguram Cristiano, ajudando-o a levantar, colocando seus braços por sobre seus ombros, mas parando imediatamente quando ouvem Cristiano soltar um gemido de dor quando erguem seu braço esquerdo.

— O desgraçado tinha uma arma presa na cintura senhor. — Carlos explica, e eu sentia que ele não se conformava com aquela falha. Olho na direção de onde o corpo de Nathan estava, ele jazia inerte com uma arma nas mãos, dois homens estavam ao redor dele e eu sabia que ele estava morto.

— Tudo bem Carlos. — Cristiano falava com dificuldade, eu sabia que ele sentia muita dor, sua expressão denunciava isso.

Ele coloca a mão sobre o abdome e aperta bem no centro da mancha de sangue. Eu me aproximo e acaricio-lhe o braço enquanto caminhamos o mais cuidadosamente possível até o helicóptero. Por instruções de Carlos eu subo primeiro, me acomodo bem próximo a outra porta, assim que Cristiano consegue entrar, Carlos o ajuda a deitar, pois ele jamais conseguiria sentar e por o cinto de segurança com aquele ferimento. Acomodo a cabeça dele em meu colo, observando angustiada sua palidez cada vez mais acentuada e sua expressão de dor.

— Eva. — Ele chama novamente, sua voz é fraca, e eu não ouço por causa do barulho das hélices, apenas vejo seus lábios se moverem.

— Shhh, não fale, por favor. Vai ficar tudo bem. — Tento dizer o mais perto dele que consigo, para tranquiliza-lo, mesmo que minhas palavras saiam acompanhadas das lágrimas que eu pensei que não tinha mais.

Ele ergue a mão e me segura para que eu não me afaste e possa escutar o que ele diz.

— Eu só quis protege-la anjo. — Ele sussurra com dificuldade e logo sua mão desaba ao lado do corpo, ele desmaia.

— Carlos! — Grito desesperada.

— Tenha calma Sta. Martin, já estamos chegando. — Carlos grita sobre o barulho do motor.

— Ele está perdendo muito sangue! — Torno a gritar pra ele em meio ao choro descontrolado.

Carlos se vira para nós e seu olhar é preocupado, por mais que ele tentasse disfarçar sob sua máscara profissional.

— Coloque a mão sobre o ferimento e aperte. — Ele vira-se para frente e logo depois entrega-me um pedaço de pano, era uma toalha. — Tome, use isto.

Pego a toalha e dobro em várias partes, colocando sobre o abdome dele por onde o sangue fluía e apertando, ao mesmo tempo que sinto-me aliviada por ele não ter esboçado nenhuma reação de dor, o desespero toma conta de mim, pois aquilo significava que ele estava completamente inconsciente.

Parece que horas e não apenas alguns minutos haviam se passado até que cheguemos ao hospital. Finalmente o helicóptero pousava no heliporto do Cedars-Sinai. Cristiano ainda estava inconsciente e para o meu desespero não havia esboçado mais nenhuma reação. Ao menos eu havia conseguido estancar o sangramento, mesmo que a toalha tivesse ficado ensopada antes que eu conseguisse fazer isso.

Uma equipe médica já nos esperava com duas macas, os enfermeiros ajudaram a remove-lo com todo cuidado, e assim que o colocaram deitado sobre o equipamento saíram as pressas com ele para dentro do prédio. Quando desci do helicóptero com a ajuda de Carlos, já com a intenção de correr para alcança-los, um médico me parou impedindo que eu fosse, quis obrigar-me a deitar também o que me recusei terminantemente a fazer. Mesmo que Carlos tenha implorado para que eu fizesse isso.

— Por favor, senhora. Deite-se para que possamos examina-la. — O médico implorava. Ele era jovem, não devia ter mais que 35 anos.

— Por favor, me deixe ir, eu preciso ficar com ele. — Eu contestava ao mesmo tempo em que chorava convulsivamente e esperneava tentando livrar-me das mãos fortes de dois enfermeiros que me seguravam.

— Sta. Martim por favor, precisa se acalmar, pense no seu filho. — Carlos implorava.

— A senhora está grávida? — O médico pergunta visivelmente mais preocupado.

As palavras de Carlos deveriam ter sido como um balde de água fria em mim. Deveriam ter me trazido de volta a realidade e colocado algum juízo em minha cabeça, a final ele estava certo. No entanto pensar no bebê só fez com que eu me descontrolasse ainda mais. A imagem de Cristiano inconsciente em meus braços e com todo aquele sangue sobre ele me veio a mente e eu só conseguia pensar que aquilo tudo era minha culpa.

Joguei-me no chão e comecei a gritar descontroladamente, enquanto todos eles tentavam me conter, me debatia tentando livrar-me das mãos que me seguravam enquanto o choro me consumia. Estava completamente alheia as palavras que diziam, eu ouvia o que diziam mas não conseguia assimilar. Até que um par de braços fortes aperta-me com força, impedindo-me de me mover e uma agulha penetra em meu braço esquerdo. A dormência logo se fez surgir e antes que eu apagasse a ultima frase que consegui compreender foi o médico afirmando que eu estava em estado de choque.

Acordei meio grogue, não tinha ideia de onde eu estava. Mas assim que abri os olhos senti mãos delicadas acariciarem meus cabelos. Olho para o lado e vejo Cassie, ela parecia muitos anos mais velha. Seu rosto estava muito inchado e vermelho. Ela tinha chorado, subitamente a lembrança de Cristiano me vem a mente e eu tento me levantar.

— Não, não, fique deitada. — Ela me empurra carinhosamente porém com firmeza de volta para a cama.

— Cristiano. — Digo ansiosa.

— Ele está bem querida. Foi operado e agora está na UTI. Você que precisa descansar.

Ela só podia estar louca. Faço força para me erguer de novo, eu precisava vê-lo. Mas ela me impede.

— Cassie, por favor. — Eu suplico.

— Minha querida, eu já disse. Ele está na UTI, você não poderá vê-lo ainda. — Ela diz com firmeza, mas demonstra toda a pena que sente por mim.

Desabo novamente sobre o colchão, dou uma olhada em mim. Eu não usava mais o vestido branco sujo de sangue, mas uma camisola, e eu estava em um quarto de hospital. Aquilo era um absurdo, eu estava bem, fora as dores que sentia em algumas partes do corpo, no geral eu estava bem. Parecendo ler meus pensamentos Cassie fala.

— Trouxe roupas pra você. Gostaria de tomar um banho? — Ela diz com toda sua gentileza.

Eu não estava suja, mas provavelmente só haviam me limpado e trocado minha roupa. Sim eu definitivamente precisava de um banho. Sentei na cama e peguei agradecida a sacola que ela me oferecia e me encaminhei ao banheiro.

Depois do banho onde lavei até mesmo os cabelos, pois Cassie havia trazido todos os produtos de higiene que eu costumava usar. Vesti uma saia longa e uma camiseta, senti-me extremamente melhor e mais forte, pronta para enfrentar a mais difícil e torturante espera da minha vida, Cristiano acordar da cirurgia.

Refém do DesejoWhere stories live. Discover now