A Realidade Nua e Crua

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— Olá, Victor — Keeran me cumprimentou de maneira adequada enquanto seguíamos pelo corredor. — Faz muito tempo.

— Com certeza faz — respondi. Quando eu conheci o Keeran, foi em um momento de loucura dele. Invadiu o meu clã sozinho, em busca de um vampiro antigo. A sorte dele foi de ter dado de cara comigo antes de encontrar com qualquer outro. Ele era um caçador inexperiente e foi levado até lá pelo impulso e pela raiva. Eu permiti que ele falasse e que me dissesse o que havia acontecido. Keeran então contou toda a sua história e o porque de estar ali. Percebi então que não era um Comum que ele buscava, mas sim um modificado. Então eu mesmo o cacei e entreguei o seu paradeiro ao Keeran. — Como vão as coisas com o Jacob? — perguntei. Jacob era o vampiro que tinha matado Paul.

— Não tem mais com o que se preocupar. Já consegui dele o que eu queria — Puxou um colar do pescoço e lá estava duas presas enfeitando um colar de prata.

— Mórbido, eu diria.

Temos que nos lembrar sempre daquilo que nos motivam. Engraçado é que hoje eu sei que ele era um modificado, mas na época nem sequer vi sua transformação. Eu estava tão furioso que não me lembro de nada. — respondeu sorrindo quando entramos novamente no corredor dos caçadores.

— Acontece. A ira nos cega — concluí. Por incrível que pareça, os caçadores não estavam lá para nos cuspir ou olhar torto. Estava vazio e eu estranhei o fato

— Está na hora da iniciação! Hoje novos caçadores ganham o título de membros do grupo.

— Maravilha! Era tudo o que precisávamos. Mais caçadores.

— Não é só com os vampiros que nos preocupamos — respondeu sorrindo e seguindo ao meu lado. Olhei para trás e todos os que vieram comigo estavam nos seguindo. Eu tinha que ter certeza. — E como está Alice? Ela é uma mulher incrível.

— Era. Alice está morta — respondi ficando sério e parando imediatamente.

— Oh, eu não sabia! Eu sinto muito, Victor! Não desejo isso para ninguém porque sei o quanto dói.

— É, nem eu — recomecei a caminhar em direção a porta de madeira. O caminho parecia mais curto de uma ponta a outra. Sem toda aquela gente pude reparar bem no local e no piso de madeira polida, com um tapete de cor creme no centro. As lâmpadas eram protegidas por painéis redondos brancos com destaques da armação em preto. Nas paredes, quadros de várias pessoas: sozinhas, em grupo, em casamentos.

— Ela esteve aqui há uns cinco anos. Veio buscar ajuda para ele — apontou para Sean. — Esteve aqui com Samantha. Ela fazia parte do nosso grupo de caçadores e estava prometida a mim. Tradição ridícula.

— Que tradição?

— Casar os membros do clã para fortalecer os laços sanguíneos. É besteira. É só uma maneira de impedir que os civis ficassem sabendo que existem caçadores e que existem criaturas da noite. Agora que todos sabem que vocês existem, espero que essa pratica acabe e possamos escolher com quem queremos passar a vida.

— Porque não se recusou?

— Se eu me recusasse, eu era expulso do grupo. Um caçador sozinho não vai muito longe — me estendeu a mão quando saímos da casa.

— Obrigado por ajudar a Alice e Samantha no passado.

— Eu tinha uma dívida com você e precisava pagá-la de alguma forma. Estamos quites.

— Sim! Estamos quites — respondi apertando-lhe a mão. Todos que estavam comigo deixaram a casa e os acompanhei. Acenando para Keeran que ficou na porta.

Infinito - Livro 3 (Trilogia Imortal)Where stories live. Discover now