CAPÍTULO 2

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O dia nasceu com o céu acinzentado e Antonela foi acordada por suaves batidas na porta, cortando o silêncio anormal da casa. Joana abriu a porta do quarto sutilmente e caminhou até o lado da cama, onde Antonela piscava os olhos cercados de linhas cinzas e profundas, indicando a noite mal dormida. A senhora deu um sorriso e esticou a xícara para Antonela.

— Obrigada Jô — agradeceu e sentou na cama, batendo ao seu lado para ela também fazer o mesmo.

— Como se sente?

— Arrasada — suspirou pesadamente e tomou um gole do chá quente que a senhora lhe trouxe.

Era assim mesmo que se sentia, arrasada, triste, quase que traída. Christopher não tinha esse direito de passá-la para trás como se fosse uma bola de futebol e ainda mais, escolher corridas ao invés de sua família. Isso nunca aceitaria.

— Eu sinto muito Ella... — ela encolheu os ombros e Antonela sorriu tristemente. — As crianças estão perguntando de você, acordei eles a algum tempo.

— Que horas são? — perguntou assustada, passando as mãos pelos cabelos enquanto colocava a xícara do lado e saia a procura de seu celular.

— Faltam quinze para a sete.

— Meu Deus! Estou atrasada, dormi demais. Preciso tomar um banho! — pulou da cama e saiu correndo para o banheiro.

Talvez depois de toda aquela confusão com Christopher, o que mais queria era dormir e esquecer tudo o que tinha acontecido. E se não fosse Joana, dormiria ainda mais. Mas aquilo não era certo, não podia se abalar por tão pouco. Christopher era adulto, sabia o que fazia e ela também. Se ele queria tudo assim, o que mais poderia fazer?

Ao chegar à sala onde a mesa do café da manhã estava servida, pode ver seus filhos sentados um ao lado do outro silenciosos demais, enquanto comiam com os olhos grudados no prato. Christopher também estava lá e assim como eles, não falava nada.

Antonela sorriu para os dois, bastava estar com seus filhos para estar feliz e então se sentou à mesa, começando a comer sem nem ao menos trocar uma palavra com Christopher.

Nunca foram de brigar e Antonela tinha orgulho disso perante as brigas de casais de suas amigas, mas quando acontecia, passavam dias sem se falar, até algum, quase sempre Christopher, deixar o orgulho de lado e enfim pedir desculpas.

Agora, as coisas eram um pouco diferentes. E a briga mais séria.

— Terminem de se arrumar logo e vamos — Antonela pediu aos dois.

— Vamos chegar no segundo tempo mesmo — Alice deu de ombros, mas ao ver o olhar de Antonela em cima dela, levantou da mesa rapidamente, subiu para escovar os dentes e pegar a mochila.

Os dois se despediram de Christopher que já estava na garagem indo trabalhar e entraram no carro, enquanto Antonela do lado de fora, ainda procurava a chave em sua bolsa.

Christopher de longe a observava. Tão linda com o semblante carregado de estresse, raiva e apressada para achar a bendita chave. Como gostaria que Antonela fosse um pouco maleável com tudo o que acontecia, as coisas seriam tão mais calmas. Mas, tinha escolhido a mulher que mais odiava seu trabalho nessa Terra. E não queria desistir de nenhum dos dois, nem de sua família e nem de seu sonho.

— Antonela? — aproximou-se dela timidamente.

Antonela o olhou com os olhos surpresos. Esperava que fossem se ignorar até quando não aguentassem mais e ele agora vinha todo carinhoso. O que ele não faria por aquela maldita Fórmula 1?

— Eu te amo — olhou para ela que arregalou os olhos e por fim achou a chave na bolsa.

O que raios ele estava fazendo? Fazendo chantagem emocional para aceitar aquela loucura? O que quer que Christopher esteja tramando, nunca iria concordar com nada relacionado ao que ele estava querendo.

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