Capítulo 2

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Calor do coração (48° andar de Aincrad, Junho de 2024)

A gigantesca roda d’água girava sem parar, enchendo toda a loja com um som tranquilizante.
Mesmo que essa fosse só uma pequena casa de apoio usada exclusivamente como
residência dos jogadores, seu preço subiu como a maré por causa da roda d’água. Quando a vi
pela primeira vez, no principal distrito do 48º andar, Rindaasu, pensei “Esta é perfeita!”, logo
antes de ficar assustada com o preço.
Depois disso, comecei a trabalhar como louca, peguei dinheiro emprestado de vários
lugares e consegui acumular três milhões de Col em apenas dois meses. Se eu estivesse no
mundo real, meu corpo estaria coberto de músculos por causa de todas as vezes que usara o
martelo e minha mão direita, toda calejada.
Mas tudo isso valeu a pena, uma vez que eu consegui a escritura um pouco antes dos
meus competidores e abri a "Loja de Armas Especiais da Lisbeth" nesta casa com a roda d’água.
Isso aconteceu há três meses, durante a primavera.
Depois de tomar meu café matinal rapidamente (graças a Deus que aqui é Aincrad) enquanto
ouvia a roda d’água girar como se seu barulho fosse música de fundo, coloquei meu uniforme
de ferreira e olhei meu reflexo no grande espelho pendurado na parede.
Embora eu tenha dito “uniforme de ferreira”, na verdade não era nada parecido com um
macacão, parecia mais um uniforme de garçonete: blusa vermelho-escura com tufos nas mangas
e uma saia da mesma cor, mais um avental branco por cima disso e uma fita vermelha no peito.
Não fui eu quem escolheu estas roupas, na verdade foi uma amiga minha que também é
uma cliente regular. Segundo ela, “você tem uma cara de bebê, então roupas pesadas não ficam
bem em você”.
Bem, isso é o que ela disse, mas eu estava tipo “cuida da sua vida”. Contudo, as vendas
dobraram desde que eu comecei a usar este uniforme, então não tive alternativa além de
continuar usando-o.
Os seus conselhos não eram apenas para a minha roupa, mas também para meu cabelo,
que agora é customizado para ser muito rosa e fofo. Mas, de acordo com as respostas dos
clientes, parece que este visual combina comigo.
Eu, ferreira Lisbeth, tinha quinze anos quando loguei pela primeira vez em SAO. Já
tinha ouvido no mundo real que eu parecia mais nova do que realmente era, mas essa impressão
ficou ainda mais forte neste mundo. Combinando meu cabelo rosa, grandes olhos vermelhos e
lábios pequenos com o avental à moda antiga, meu reflexo quase parecia uma boneca.
Como eu era uma estudante do ensino médio sem interesse em moda no outro mundo,
essa impressão ficou ainda mais forte. Eu até consegui acostumar-me com esta aparência, mas a
minha personalidade não muda tão facilmente e, por isso, eu assustava alguns clientes com
meus surtos de vez em quando.
Conferi se eu tinha me esquecido de equipar algo antes de ir até a frente da loja e virar a
placa que dizia ‘Fechado’. Olhei para os poucos jogadores que estavam esperando a loja abrir,
dei-lhes meu melhor sorriso e cumprimentei-os.
— Bom dia! Bem vindos!
Na verdade, demorou um pouco até eu conseguir agir desse modo naturalmente.
Ser dona de uma loja era um sonho antigo meu, mas fazer isso em um jogo era bem
diferente de fazê-lo no mundo real. Eu experimentei em primeira mão o quão difíceis eram a
recepção e o serviço quando comecei como uma vendedora de rua com base em uma pousada.
Como ficar sempre sorrindo era muito difícil, decidi conquistar meus clientes pela
qualidade, e, para isso, parecia que o segredo era aumentar minha habilidade de forja de armas
como uma louca, já que muitos dos meus clientes regulares continuavam a avaliar meus
produtos mesmo depois que eu abri esta loja.
Depois que acabei de cumprimentá-los, deixei a recepção para minha NPC balconista e
enfiei-me na oficina anexada à loja. Cerca de dez itens precisavam ser fabricados hoje.
Puxei a alavanca na parede, os foles começaram a usar a energia mecânica produzida
pela roda d’água para soprar ar na fornalha e o polidor começou a girar. Peguei um pedaço caro
de metal do meu inventário e prendi-o na fornalha, que tinha começado a esquentar. Depois de
aquecê-lo o suficiente, movi-o para a bigorna com uma pinça. Apoiei-me em um joelho, peguei
meu martelo, abri o menu e escolhi o item que queria fazer. Agora eu só tinha que acertar o
metal certo número de vezes e o item seria forjado. Não havia técnica necessária para isso e a
qualidade da arma resultante era aleatória, mas eu acreditava que o resultado final dependia de
quanto eu me concentrava, então deixei meus músculos tensos e ergui lentamente o martelo.
Mas no momento em que eu acertaria o metal...
— E aí, Liz?
— Ahh!
A porta da oficina abriu ruidosamente e eu errei, acertando a bigorna pateticamente em
vez do metal, fazendo barulho e soltando faíscas.
Enquanto eu levantava meu rosto, a intrusa coçava sua cabeça e sorria com a língua para
fora.
— Desculpa. Vou tomar mais cuidado da próxima vez.
— Eu me pergunto quantas vezes já ouvi isso... Bem, pelo menos foi antes de eu
começar.
Levantei-me com um suspiro e coloquei o pedaço de metal de volta na fornalha antes de
colocar as mãos na cintura e dar meia volta. Então olhei para a garota que era um pouco mais
alta que eu.
— E aí, Asuna?
A usuária de rapier Asuna, minha amiga e cliente regular, cruzou a sala andando em
minha direção e sentou-se no banco de madeira. Ela então jogou para trás, com a mão, o longo
cabelo castanho que passava de seus ombros. Todos os seus movimentos pareciam brilhar,
como se ela fosse uma estrela de cinema, e desconcertavam-me mesmo que eu já tivesse a
conhecido por muito tempo.
Sentei-me também, na cadeira em frente à bigorna, e deixei meu martelo apoiado contra
a parede.
— Então, o que vai ser hoje? Você chegou cedo.
— Ah, quero que você arrume isto.
Asuna tirou sua rapier, ainda embainhada, e arremessou-a. Peguei a arma com uma mão
e desembainhei-a. Estava meio gasta por ter sido usada durante muito tempo, mas não estava tão
ruim a ponto de a lâmina ficar cega.
— Não está tão gasta assim, está? Ainda é um pouco cedo para polimento.
— Sim, é verdade. Mas eu quero que ela fique bem brilhante.
— Hmmm?
Olhei para Asuna cuidadosamente. O uniforme branco de cavaleira com as cruzes
vermelhas e a sua minissaia eram as mesmas de sempre, mas as botas brilhavam como novas e
ela tinha até mesmo colocado um par de brincos de prata.
— Você está estranha... Pensando bem, hoje é um dia de semana. E a sua cota de
exploração? Você não dissera que vocês estavam tendo dificuldades no 63º andar?
Depois de eu ter dito isso, Asuna deu um sorriso envergonhado.
— É... Eu tirei folga hoje. Porque eu tenho um compromisso com uma pessoa mais
tarde...
— Ohh!
Ainda na minha cadeira, inclinei meu corpo em direção a Asuna.
— Dê mais detalhes. Com quem você vai se encontrar?
— S-segredo!
Asuna corou e evitou meu olhar. Cruzei os braços, balancei a cabeça e disse:
— Ah… Achei que você estava estranhamente mais animada nesses dias. Então você
finalmente conseguiu um namorado.
— Não é bem assim!
As bochechas de Asuna ficaram mais vermelhas. Ela tossiu e, olhando de relance para
mim, perguntou:
— Eu estou tão diferente assim recentemente?
— Claro! Quando a vi pela primeira vez, você só pensava em completar masmorras!
Achei que era um pouco rígida demais, porém, nessa primavera, você começou a mudar um
pouco. Por exemplo, descansar em um dia de semana é algo que você nunca faria antigamente.
— C-certo… Talvez eu realmente tenha sido afetada…
— Então, quem é? Alguém que eu conheça?
— Acho... que não... provavelmente.
— Traga-o da próxima vez.
— Não é o que você está pensando! Ainda é, bem… não correspondido...
— Hm...?
Agora eu estava realmente surpresa. Asuna era a sub-líder da guilda mais forte e uma
das cinco garotas mais bonitas de Aincrad. Os garotos que queriam a atenção dela eram tão
numerosos quanto as estrelas no céu, mas eu nem sonhava que o oposto existia.
— Bem, sabe, ele é uma pessoa bem estranha.
Asuna disse isso olhando para longe, com um sorriso suave em seus lábios. Se
estivéssemos em um mangá de romance, haveria pétalas de flor ao fundo agora.
— Devo dizer que ele é imprevisível, leva as coisas em seu próprio ritmo... Mas, apesar
de tudo isso, ele é muito forte.
— Oh, mais que você?
— Sim, bem mais. Se duelássemos de verdade, eu não duraria nem um minuto.
— Oh! Eu posso contar as pessoas que podem fazer isso em meus dedos.
Assim que comecei a pensar na lista de jogadores da linha de frente, Asuna agitou suas
mãos.
— Ah, não o imagine!
— Bem, espero conhecê-lo logo. E, se for esse o caso, confiarei em você para fazer
propaganda também!
— Você nunca perde uma chance. Vou introduzi-lo à loja... Ah! Termine logo o
polimento!
— Certo, certo. Já vou acabar, então espere um pouco.
Levantei com a rapier de Asuna na minha mão e andei até o polidor girando no canto da
sala.
Tirei a fina lâmina de sua bainha vermelha. A arma era classificada como rapier com o
nome único de “Luz Cintilante". Era uma das melhores espadas que eu já havia feito. Mesmo
que eu use as melhores matérias-primas, martelo, bigorna, tudo da melhor qualidade, a arma
pode ficar pior devido ao fator aleatório. Portanto, uma espada deste nível só poderia ser feita a
cada três meses, mais ou menos.
Segurei a espada lentamente contra o polidor com as duas mãos. Também não havia
técnica para polir armas, mas eu não tinha intenção de negligenciar o serviço.
Passei a lâmina contra o polidor, do cabo à ponta. Faíscas voavam com um claro som
metálico enquanto um brilho cintilante voltava à espada. Quando o processo acabou, a rapier
estava novamente limpa e prata, brilhando com a luz do sol da manhã.
Embainhei a espada novamente e arremessei-a para Asuna. Ao mesmo tempo, ela jogou
uma moeda de prata de 100 col para mim e eu a peguei com as pontas dos dedos.
— Obrigada!
— Também vou pedir para você consertar minha armadura depois... Mas agora meu
tempo está acabando, então... tchau!
Asuna levantou-se e prendeu a rapier na lateral de seu cinto.
— Eu me pergunto como ele é… Talvez eu vá junto.
— Ah, n-não!
— Hahaha, estou brincando. Mas traga-o com você da próxima vez.
— E-em breve.
Asuna acenou com a mão e correu para fora da oficina como se estivesse fugindo. Soltei
um profundo suspiro e desabei na cadeira de novo.
— Deve ser bom.
Sorri meio amargamente com as palavras que saíram da minha boca.
Faz um ano e meio que eu vim para este mundo. Devido à minha personalidade, eu não
perdi tempo e investi tudo em fazer minha loja prosperar, o que me trouxe a este ponto. Porém,
agora que eu já consegui isso e quase dominei minha habilidade de forja, estou começando a
sentir falta da companhia de pessoas de novo, provavelmente por não ter mais um objetivo claro.
Como não havia muitas garotas em Aincrad, vários garotos tentaram aproximar-se de
mim, mas por algum motivo eu nunca tive vontade de corresponder. Por isso, sentia bastante
inveja de Asuna nesse aspecto.
— Eu me pergunto se receberei uma missão de “Encontro Maravilhoso” também...
Murmurei, depois chacoalhei minha cabeça para tirar esses pensamentos estranhos dela
e levantei-me. Peguei o pedaço de metal, vermelho por causa da temperatura, tirei-o da fornalha
e coloquei-o sobre a bigorna. Suponho que isso será meu companheiro por enquanto. Com esses
pensamentos em minha cabeça, levantei meu martelo e bati. Iá.
O som rítmico do metal ressoando pela oficina geralmente clareava a minha mente, mas
hoje o caroço em meu coração simplesmente não ia embora.
Era meio-dia do dia seguinte quando ele visitou minha loja.
Eu tinha acabado todos os pedidos de armas ontem e estava cochilando na cadeira de
balanço no terraço na frente da loja.
Estava sonhando. No sonho, ainda estava no ensino fundamental. Eu era uma criança
quieta e aplicada, mas tinha esse mau hábito de dormir durante a primeira aula da tarde. Os
professores frequentemente me repreendiam por cair no sono.
Nessa época, olhei para o jovem professor que tinha acabado de formar-se. Ainda tinha
vergonha de ser reprimida, mas por algum motivo eu realmente gostei da maneira de que ele me
acordara. Ele chacoalhou levemente meu ombro e disse em uma voz baixa e tranquila...
— Uhm, desculpa, mas...
— S-sim, desculpa!
— O qu-?
Eu pulei como uma mola e gritei. Na minha frente, estava um jogador com uma
expressão surpresa em seu rosto.
— Hein...?
Olhei em volta. Não era a classe cheia de carteiras. As árvores ao longo da rua, o canal
que corria junto à larga estrada de pedra, o pátio coberto com grama; era minha segunda casa,
Lindus.
Parecia que eu estivera sonhando acordada pela primeira vez em um bom tempo. Tossi
para esconder meu constrangimento e cumprimentei a pessoa que parecia ser um cliente.
— B-bem vindo. Você está procurando uma arma?
— Uhm, sim.
O menino concordou com a cabeça.
Ele não parecia alguém em um alto nível. Parecia um pouco mais velho que eu; cabelo
preto com uma camiseta, calças e botas simples. A sua única arma era a espada de uma mão em
suas costas. As minhas armas requeriam altos atributos e eu estava preocupada, pois não sabia
se ele estava em um nível alto o suficiente, mas não demonstrei isso e guiei-o até minha loja.
— A prateleira de espadas de uma mão está ali.
Quando eu apontei para a seção de armas básicas, ele deu um sorriso meio estranho e
disse:
— Ah, bem, eu queria encomendar uma personalizada…
Fiquei ainda mais preocupada. Mesmo as armas personalizadas mais baratas precisavam
de materiais especiais para serem forjadas e custavam mais de cem mil col. Se ele entrasse em
pânico com o preço, eu ficaria constrangida também, então tentei evitar a situação.
— O preço dos metais está meio alto agora, então eu acho que pode ficar um pouco
caro...
Eu disse isso, mas o menino de preto disse algo totalmente inacreditável com uma
expressão indiferente.
— Não se preocupe com o preço. Por favor, apenas forje a melhor espada que você
consegue agora.
Eu não sabia o que dizer.
Só fiquei encarando essa pessoa por um momento e, de alguma maneira, consegui abrir
minha boca.
— Bem, mesmo que você diga isso, eu tenho que ter alguma ideia da qualidade…
O meu tom estava um pouco mais ríspido que o normal, mas ele não parecia se importar
e simplesmente concordou com a cabeça.
— Bem, suponho que sim. Então...
Ele tirou sua espada das costas, ainda embainhada, e deu-a para mim.
— Que tal uma espada com qualidade parecida ou superior a essa?
Não parecia uma arma muito impressionante. Um punho com couro preto entrelaçado;
um cabo da mesma cor. Mas quando eu a segurei com a mão direita...
"É pesada!"
Quase a derrubei. O pré-requisito do atributo de força era incrivelmente alto. Como uma
ferreira e usuária de maça, eu estava bem confiante no meu atributo de força. Mas nunca
conseguiria balançar essa espada.
Hesitando, tirei-a da bainha e a lâmina quase absolutamente preta brilhou. Percebi que
era uma espada de alta qualidade com apenas um vislumbre. Toquei nela com o dedo para abrir
o menu: categoria: “espada longa/de uma mão”, nome único: “Elucidator”. Não tinha o nome do
fabricante, o que significava que não fora feita por um ferreiro.
Todas as armas de Aincrad podem ser separadas em dois grupos.
Um deles é “feitas por jogadores”, ou seja, armas feitas por ferreiros. O outro incluía
armas ganhas em aventuras, como recompensas de monstros. Nem preciso dizer que nós não
gostamos muito de armas dropadas. Não consigo nem começar a contar todos os nomes como
‘Sem Nome’ ou ‘Sem Marca’ que foram dados a elas.
Mas esta espada parecia ser um item bem raro entre itens dados por monstros.
Comparando a qualidade média de armas desse tipo e a de feitas por jogadores, as desse último
grupo eram melhores. Contudo, ocasionalmente, espadas demoníacas como essa apareciam,
pelo que eu tinha ouvido.
De qualquer maneira, agora meu orgulho estava em jogo. Como uma ferreira, eu não
poderia perder para um item dropado de monstro de jeito nenhum.
Eu devolvi a pesada arma e trouxe uma espada longa que estava pendurada na parede de
trás da minha loja. Eu tinha forjado essa espada há um mês e era a melhor que eu conseguia
fazer. A lâmina que eu tirei da bainha tinha uma cor avermelhada, o que fazia com que ela
parecesse coberta por chamas.
— Nesse momento, esta é a melhor espada na minha loja. Ela provavelmente não
perderá para a sua.
Em silêncio, ele pegou a espada com uma mão, golpeou o ar algumas vezes para testá-la
e inclinou a cabeça.
— É meio leve.
— Usei metal de velocidade para ela...
— Hmm...
Parecendo duvidar, fez mais alguns movimentos com a espada, então olhou para mim e
perguntou:
— Posso fazer um teste rápido?
— Teste do quê?
— De durabilidade.
O garoto pegou a sua arma, que estava em sua mão esquerda, e colocou-a em cima do
balcão. Então, ficou de frente para ela e levantou lentamente a espada vermelha em sua mão
direita.
Percebi o que ele estava prestes a fazer e tentei pará-lo.
— Espere um pouco! Se você fizer isso, sua espada quebrará!
— Se esta espada quebrar tão facilmente, então ela é inútil. Se isso acontecer, vou lidar
com a situação.
— Isso é...
"Isso é loucura" é o que eu iria falar, mas me contive. Ele segurou a espada sobre a
cabeça e seus olhos brilharam. Pouco depois, ela começou a emitir um brilho azul.
— Iá!
Gritando, ele golpeou com a espada em uma velocidade incrível. As duas lâminas
colidiram antes que eu conseguisse piscar e o som alto do impacto percorreu toda a loja. Como
o clarão resultante era cegante, semicerrei os olhos e dei um passo para trás involuntariamente.
A espada estava quebrada em duas partes e tinha sido completamente destruída.
A melhor espada que eu já fizera.
— AHHHHHH!
Gritei e corri em direção a sua mão esquerda. Peguei a metade restante e examinei-a
cuidadosamente.
Conserto... era impossível.
No momento em que eu cheguei a essa conclusão e abaixei meus ombros, a metade
restante estilhaçou-se e virou pedaços de polígonos. Depois de alguns segundos de silêncio,
levantei lentamente minha cabeça.
— O-o que...
Segurei o garoto pelo colarinho; meus lábios tremiam.
— O que você vai fazer agora? Ela quebrou!
— D-desculpa! Eu nem imaginei que a espada com que eu golpeei quebraria...
"Isso quer dizer que...."
— Em outras palavras, você está dizendo que a minha espada é mais fraca que você
pensava?
— Bem... uhm... acho que sim.
— Ah! Agora você vai falar na cara?
Soltei o seu colarinho, coloquei as mãos na cintura e endireitei as costas.
— E-escuta aqui! Se eu tivesse os materiais certos, poderia forjar armas que quebrariam
a sua espada quantas vezes eu quisesse!
— Oh?
Ao ouvir minhas palavras cheias de raiva, ele sorriu.
— Então eu realmente gostaria de uma dessas; algo que pudesse quebrar esta espada
fácil assim.
Ele pegou a espada no balcão e embainhou-a. O sangue finalmente subiu à minha
cabeça.
— Então é assim que você quer? Que seja! Então você vai ter que ajudar também!
Comece ajudando-me a coletar os ingredientes!
Percebi que tinha feito um erro, mas o leite já estava derramado. Não havia volta agora.
Mesmo assim, ele não pareceu se importar e examinou-me rudemente.
— Bem, eu não me importo, mas não seria melhor se eu fosse sozinho? Seria um
problema se você ficasse no meu caminho.
"Argh!"
E pensar que existe uma pessoa tão boa assim em irritar os outros. Agitei as mãos
freneticamente e protestei como uma criancinha.
— N-não me subestime! Mesmo que eu não pareça, sou uma mestra com a maça!
— Ufa...
O garoto assobiou. Agora ele estava apenas se divertindo.
— Bem, mal posso esperar. Mas, de qualquer maneira, vou pagar pela espada que
quebrei.
— Não precisa! Mas lembre que, se eu fizer uma espada melhor que a sua, ela vai custar
uma fortuna!
— Tudo bem, dê o preço que quiser. Meu nome é Kirito. Espero que nos demos bem até
a espada ficar pronta.
Cruzei os braços e virei a cara.
— Também espero que nos demos bem, Kirito.
— Nossa, você está me chamando só pelo meu nome? Bem, por mim tudo bem. Espero
que nos demos bem, Lisbeth.
— Aahhh!
Nunca antes uma equipe prometeu ser tão ruim.

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