9.

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Ela...

Meu pai havia ido buscar a senhora Wayland e os amigos mais próximos da família e logo nossa casa estava cheia de pessoas, riso, música e muita dança... Todos estavam muito felizes e eu nunca havia visto a mãe de Arthur sorrir tanto.
Eu sabia que aquela festa iria até tarde da noite, provavelmente duraria mais do que três dias, e em certo momento senti necessidade de ir caminhar pelo bosque. Quando eu já estava longe de minha casa senti que estava sendo observada e meu coração se acelerou quando um homem surgiu das sombras, ele ergueu as mãos e disse ao se aproximar calmamente:
- Fique calma, não vou lhe machucar.
- Quem é você? - questionei ao dar um passo para trás.
- Sou um viajante apenas de passagem, - respondeu ele - na verdade, procuro por Jasmim Rolfe...
- O que você quer com a minha mãe? - interrompi e o estranho passou a me olhar de uma forma diferente, parecia que ele não acreditava que eu pudesse existir e abriu um sorriso enorme ao dizer:
- Mas então você é a pequena Dafne? - fiz que sim com cautela e o estranho se ajoelhou à minha frente com aquele sorriso enorme em seus lábios e disse como se eu fosse a coisa mais fascinante do mundo - Mas é claro que é você... Como foi que eu não te reconheci antes?
- Desculpe, - falei - mas quem é o senhor?
- Não me reconhece? - olhei bem para o homem à minha frente, ele tinha cabelos dourados como ouro assim como os meus, seus olhos azul gelo transpareciam certa dureza e crueldade de um homem que já lutou em várias guerras e sua pele era extremamente branca, parecia até a pele de um cadáver de tão fria que era... quando fiz que não, indicando que não me lembrava dele, ele sorriu divertido e disse - Mas que cabeça a minha! É claro que você não se lembra! Você era um bebezinho na única vez em que nos vimos!
A presença daquele homem não me era estranha, aquele sorriso não me era estranho e eu tinha a impressão de ter ouvido aquela voz me contando histórias de princesas prisioneiras que não precisaram de um príncipe encantado para salvá-las do alto de uma torre, mas provavelmente tudo aquilo era apenas fruto da minha imaginação... Eu queria perguntar àquele homem de onde ele conhecia minha mãe mas quando abri a boca para perguntar ouvi meu pai chamando por mim, ao me virar vi ele vindo em minha direção com um sorriso nos lábios:
- O que você está fazendo aqui minha pequena?
- Conversando com o amigo da mamã... - ao me virar novamente para o estranho, franzi o cenho ao perceber que ele não estava mais .
- Conversando com quem querida? - perguntou meu pai ao se aproximar.
- Um amigo da mamãe... - falei ainda olhando para onde o estranho estava e logo depois olhei para meu pai ao dizer - O senhor deve conhecê-lo, ele é loiro assim como eu, tem olhos azuis e a pele muito, muito fria...
Mal tive tempo de terminar a frase pois meu pai se ajoelhou à minha frente e disse agarrando meus ombros:
- Preste atenção Dafne, aquele homem é perigoso, você não deve nunca confiar nele, não acredite em nenhuma palavra que ele disser e se esse homem aparecer de novo, corra, entendeu meu amor?
Fiz que sim e meu pai me envolveu em um abraço apertado, logo depois ele segurou minha mão e juntos voltamos para a festa.

A Garota No BosqueWhere stories live. Discover now