Variação linguística

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NORMA CULTA E NORMA POPULAR

A língua que utilizamos deve se adequar a todo o contexto de uso, tal qual a roupa que vestimos ou mesmo os modos que nos permitimos ter em dada ocasião de interação social. Nas palavras de Evanildo Bechara, Professor Emérito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e um dos maiores gramáticos de toda a história de nosso país, "é preciso ser poliglota na própria língua". Daí, depreendemos que ser um bom falante/usuário da língua é justamente saber integrar-se de forma competente em seus vários níveis de formalidade: do padrão culto aos vários distintos níveis de informalidade. Assim, faz-se necessário pretender dominar a língua em sua totalidade.

A norma culta corresponde ao padrão de fala ou escrita que respeita as normas gramaticais. Por sua vez, as normas populares não seguem o padrão ortográfico oficial e se aproximam da língua oral, variando de acordo com o contexto, que pode ser de um grupo rural ou de um conjunto de adolescentes, por exemplo.

Agora, observemos a primeira estrofe do poema seguinte de Patativa do Assaré, poeta popular:

AOS POETAS CLÁSSICOS (Patativa do Assaré) [1ª estrofe]
Poetas niversitário,
Poetas de Cademia,
De rico vocabularo
Cheio de mitologia;
Se a gente canta o que pensa,
Eu quero pedir licença,
Pois mesmo sem português
Neste livrinho apresento
O prazê e o sofrimento
De um poeta camponês.
[...]

A contraposição feita pelo texto entre poetas clássicos e poeta camponês reflete a própria oposição entre os registros linguísticos, respectivamente o padrão e as variedades populares. Note-se ainda que a expressão sem português faz referência à percepção do eu lírico de que seu uso não corresponda a uma realização válida da língua, uma vez que não é respaldada socialmente, como dissera Celso Cunha, como exemplar.

Fonte: http://educacao.globo.com/portugues/assunto/usos-da-lingua/variacao-linguistica.html


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