como o leão se apaixonou pelo cordeiro

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Eu definitivamente não queria me mudar.

Pelo menos não agora que tinha tomado coragem para colocar o projeto Garoto Califórnia em ação. O esquema já estava todinho certo para eu me tornar o Troy Bolton dessa geração, quando meus pais anunciaram no jantar que a gente teria que se mudar para a Coreia do Sul.

E nem era para Seul, a capital badalada dos idols, e sim à Jeju, uma ilhazinha que vivia nublada e chuvosa, combinando com o meu humor a partir do dia que eu soube da notícia.

Minha mãe me aconselhou a tentar ver pelo lado bom da coisa, eu estava indo para um lugar totalmente novo, poderia criar uma nova reputação, ser quem quisesse.

Eu costumava ser o "gente boa" da rodinha: tinha as notas na média, era bom nos esportes e nunca negava um favor a alguém. Nem era algo forçado, eu nasci e cresci com esse deboísmo em minha volta e aceitei como filosofia de vida.

Como aquela mulher sabia como me manipular, eu caí direitinho nessa e fiquei animado com as possibilidades, até deixei o cabelo crescer para dar aquele ar misterioso, sabe? Fiquei uma beleza. Dessa vez eu perdia o bv, amém.

Ah é, esqueci de mencionar a quantidade de friendzones que fui posto por causa desse jeito que tinha; tudo bem que eu era um ótimo ombro amigo, mas às vezes só queria dar uns beijos como qualquer outro ser humano, paz.

Nossa mudança foi rápida, mal fiquei uma semana vagabundando e já tinham arranjado uma escola para mim. Eu fiquei nervoso mesmo que fosse fluente em coreano e se eu trombasse com alguém que falava demais ou sei lá, tivesse sotaque forte e eu acabasse fazendo/falando besteira? Porque comigo sempre foi assim; um mico para batizar o lugar novo e deixar claro meu azar era como uma tradição.

Foi numa das primeiras aulas que conheci Boo Seungkwan. Eu cheguei atrasado na aula de biologia porque me perdi na escola e ele foi minha dupla no laboratório. A primeira impressão que eu tive dele não foi 100% positiva não, ele usava um perfume tão forte que ativava minha rinite e fazia meus olhos lacrimejarem, tentei me afastar um pouquinho de si e inalar o mínimo possível daquele ar para evitar ter uma crise fodida de espirros no meio da aula, mas acho que não deu muito certo já que ele ficou me encarando de um jeito estranho.

Tirando esse detalhe, eu gostei dele. Seungkwan era bom em ser o foco das atenções e me deixava meio hipnotizado. Talvez, só talvez, eu tenha uma queda por pessoas fofas e aquelas bochechas apertáveis dele fizeram eu aguentar todos meus espirros por 2 horas.

Mas como eu disse antes, eu estava há exatos dois dias sem pagar algum mico em público, e é claro que o destino não iria deixar isso passar batido. No intervalo, tentei pegar para provar apenas as comidas que eu conhecia, já que ainda não estava acostumado com os pratos coreanos, então optei por um, aparentemente inocente, sanduiche.

Ah, meus caros, aquele sanduiche do capeta tinha um pedaço colossal de alho no recheio –  quem chama pão de alho de sanduíche e resolve colocar desse jeito no cardápio? – e eu como hater #1 de alho tinha que colocar aquilo para fora. O problema foi que me engasguei com aquele troço e me desesperei, já conseguia ver a luz branca quando senti alguém me apertando.

Falar disso agora é até engraçado, mas na hora eu desejei estar morto com todas as minhas forças. Eu fui encoxado por Boo Seungkwan na frente da escola toda e ainda cuspi aquele alho maldito quase no pé dele. Ótima maneira de causar boa impressão.

Eu sei o que você é «verkwan»Onde as histórias ganham vida. Descobre agora