Perdição em quarenta graus

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Olho para um lado. Olho para o outro. Ando numa direção, mas tenho certeza que é para a outra. Ou pelo menos não é nessa. Acontece que eu não sou daqui, mas estive aqui, ou melhor, lá, aonde tenho que chegar.

Por enquanto só tenho um vago reconhecimento das ruas que circulo em zig-zag.

Não sei se é porque é final de semana, ou porque o dia está tão quente, ou porque os astros se alinharam, mas todo mundo aqui está andando em cardume, tagarelando com a pessoa ao lado, obstruindo as calçadas com passos calmos de quem não está com pressa para encontrar alguém.

Pode ser que eu fique calma desse jeito quando eu encontrar o meu alguém. Porém, nesse meio-tempo...

Dizem que o sol tem vitamina D e que ela traz uma sensação de felicidade. No momento só estou sentindo uma gota de suor escorrendo pegajosamente entre o meu decote. Isso não é feliz. Isso é sinal que minha roupa está ensopada e minha maquiagem derretida.

Não que eu precisasse de sinais para perceber isso, podia sentir muito bem como tudo escorregava junto com minhas esperanças de chegar onde eu já deveria estar.

Lá, aonde ainda não cheguei, e sequer sei se vou chegar.

Quinze minutos de atraso. Que papelão.

Cheguei naquele ponto onde a pessoa pensa em desistir. A esquina da desesperança. É só virar à esquerda e você está no Largo da Desistência.

Toda cidade tem um.

Eu pensei muito em parar por lá. Mas acabo virando à direita. E continuo andando. Nesse calor de quarenta graus.

Tão quente que me lembra seu sorriso.

É isso que me faz continuar, seria tão melhor se eu tivesse um rumo...

É bem nessa hora avisto uma banca de jornal. Parece um pouco uma miragem. Mesmo assim, eu entro lá. Nada parece muito real quando se está perdida e atrasada para chegar num primeiro encontro.

– Praça Paris. É pra que lado?

– Pro lado de lá. Você segue em frente toda a vida e vai logo ver.

Eu sigo, realmente parece ser toda uma vida, até que logo vejo.

Seu sorriso é ainda mais quente do que a temperatura marcada no termômetro.

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Esse texto é velho, mas eu tenho CERTEZA que escrevi isso durante o verão. Minha época mais temida no ano. Vocês tem alguma? Eu tenho horror e medo do verão, mas até que esse ano tenho conseguido fazer minhas coisinhas mesmo com ele.

A prova disso é postar esse texto aqui. Ansiosa pra saber as opiniões! Por favor, me contem!

Enquanto isso eu estou aqui batendo cabeça pra tentar finalizar "O Mundo dá Voltas". Faz UM ANO que eu estou escrevendo esse livro, parece até um namoro. Mas um que eu estou louca pra terminar. Fica aqui meu sincero agradecimento para quem me lê aqui e me lê lá.

Aguentar a barra que é ver esse mundo girar não está fácil. O verão também não. Mas tudo fica melhor quando vejo que temos estrelinhas por aqui. Então, não se esqueçam! Façam essa escritorinha ficar com a cabeça mais fresca.

E feliz ano novo pra todo mundo, porque esse é o meu primeiro post do ano!

Beijos com 2017 estrelas!*

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