Prólogo

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Alfonso

A chuva não para de cair, ensopando minhas roupas, mas já faz algum tempo que parei de me importar com elas. Meus olhos estão focados na lápide à minha frente.



NINGUÉM MORRE, ENQUANTO PERMANECE VIVO NO CORAÇÃO DOS QUE O AMAM.

AMADO FILHO E IRMÃO.

MIGUEL HERRERA RODRIGUEZ

*16-08-1994    ✞14-03-2016



As pessoas foram embora há muito tempo, muito antes da chuva começar a cair. Eu não consegui ir e Anahí também não.

A encaro de pé ao meu lado. As lágrimas escorrem pelo rosto dela, sem que ela consiga controlar. Tenho que fechar minhas mãos com força para controlar a vontade que tenho de acariciar seu rosto e enxugá-las. Mesmo num momento como esse, mesmo agora quando acabamos de enterrar uma pessoa que amamos, meus sentimentos por ela continuam aflorando. É uma briga constante não me deixar controlar por eles.

Sinto os dedos de Anahí roçarem os meus e quando olho pra baixo vejo seu dedo mindinho entrelaçado no meu. Na mesma hora puxo sua mão, trago seu corpo pra perto do meu e a abraço. Ela agarra minha jaqueta ensopada, o rosto grudado em meu peito.

A dor parece aumentar ao ser compartilhada. Dou um beijo no topo da sua cabeça e sussurro em meus pensamentos: "Eu amo você!".

Encaro o túmulo do meu irmão. Peço perdão à ele por ter me apaixonado por sua garota, mas em meus pensamentos faço uma promessa. "Juro à você que cuidarei dela e que honrarei a sua memória".

Perco a noção de quanto tempo ficamos ali, sofrendo em silêncio, não precisamos dizer nada um ao outro. Em dado momento Anahí se solta de mim e segura minha mão.

A passos lentos, sem querermos nos despedir, nos afastamos do túmulo e voltamos pra casa.

Maybe Someday ✔Where stories live. Discover now