Capítulo 61

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Alfonso

As palavras ficam se repetindo na minha cabeça. Coma. Any está em coma. Assim como o Miguel entrou em coma antes de nos deixar. Não, não pode ser. Isso não está acontecendo.

- Poncho.... - alguém me chama.

- Preciso vê-la. - é tudo que eu consigo dizer. - Por favor onde ela está? Eu preciso vê-la! - imploro pro médico.

- Lamento, mas não é permitido acompanhantes na UTI.

- Por favor, só me deixa ver ela, um minuto que seja. - suplico.

O médico suspira e por fim acena com a cabeça

- Vou pedir a uma enfermeira que o acompanhe, mas não vai poder ficar muito tempo. - responde.

Aceno com a cabeça várias vezes, tudo que eu quero é ver Anahí. Quando o médico vai embora, me viro pros meus amigos.

- Você conseguiu ver o Miguel?

- Consegui e ele é lindo, tão pequenino, mas lindo. - consigo sorrir. - É como a Any disse que seria, com os cabelos negros e os olhos da cor do meu.

Os olhos de Angelique ficam marejados e Samuel abaixa a cabeça.

- Vou perguntar pra alguma enfermeira, se vocês podem vê-lo depois. Por enquanto, se vocês quiserem ir pra casa.... - dou de ombros, me sentindo um inútil.

- Nada disso, eu não vou deixar você sozinho. - Ethan diz.

- São minha irmã e meu sobrinho que estão aqui. Não vou pra lugar nenhum. - Samuel me encara decidido.

- Já que ninguém vai embora, nós também não vamos. - Angelique dá de ombros.

- Valeu gente. - forço um sorriso, tentando segurar as lágrimas.


Minutos depois uma enfermeira aparece e me leva até o andar da UTI. Ela me conduz até o quarto onde Anahí está e quando entro e vejo aqueles aparelhos a monitorando parece que volto no tempo.

Me aproximo da cama, voltando a sentir tudo que senti naquele dia com Miguel. Culpa, raiva, dor e medo. Muito medo de que ela também me deixe. Respiro fundo e não sei de onde tiro forças pra puxar a cadeira e me sentar perto da cama.

- Você estava certa. - solto a respiração que estava prendendo e sinto meu peito queimar.

Seguro a mão de Anahí e levo até meu rosto. Está fria. E tenho medo que fique mais fria ainda se ela partir.

- Ele se parece muito com a gente, mas aposto que você vai dizer que ele é minha cara, quando vir que ele tem os meus olhos e a cor do meu cabelo. - cerro o punho da outra mão e levo até a boca, segurando a vontade de chorar. - Ele é como você sempre imaginou. Você sempre falou que queria que o Miguel fosse uma miniatura minha, que ele ia fazer você se lembrar tanto de mim que ia sentir menos a minha falta quando eu estivesse viajando....

Abaixo a cabeça e pressiono a mão dela de encontro ao meu rosto sem conseguir falar.

- Você precisa conhecê-lo, meu amor. - a encaro. - Você tem que melhorar. Tem que acordar. Não pode me deixar agora. Seja forte por mim e pelo nosso filho. A gente precisa de você. Não consigo fazer isso sozinho, Any. Não me faz passar por isso de novo. Volta pra gente. - beijo a palma da sua mão. - Quero você comigo pro resto da vida, você não pode ir embora também. Eu te amo. Não posso perder você. Por favor, volta.

Os apitos do aparelho chamam a minha atenção. A primeira coisa que eu vejo é o monitor cardíaco. Não gosto quando vejo uma linha regular ao invés dos desenhos que registram, os batimentos.

Maybe Someday ✔Where stories live. Discover now