O almoço

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CAPÍTULO 4 O Almoço

 Henrique Brandão

A doutora potranca saiu rebolando e pisando firme antes de bater a porta de meu quarto. Apesar de gostosa aquela mulher era uma diaba, mas não aguentaria muito tempo aqui na fazenda, ainda mais com os luxos que ela deve estar acostumada na cidade grande. Eu não a queria bisbilhotando por tudo e daria um jeito te tira-la daqui o quanto antes, mas não sem antes dar uma boa f0dida naquele traseiro.

Fui até a cozinha. Algumas panelas borbulhavam no fogo. Zira terminava de tirar as últimas penas da galinha, minha mãe cortava alguns temperos sobre a pia. Eu vi a preocupação em seu olhar, mas ela não disse nada sobre a doutora.

— O que vai ter para o almoço? — Indago com a irritação ainda na voz.

—Arroz campeiro e galinha caipira. — Minha mãe responde sem interromper os movimentos de corte. — A moça vai ficar pra comer.

Bufo e concordo balançando a cabeça. Olho no relógio de pulso , é quase meio dia.

— Mãe, quero que prepare aquele mondogo e o ensopado de língua que você ia fazer a noite.

Zira larga o frango pelado dentro de uma bacia.

— Ah não. Agora que eu consegui arrancar todas as penas. Se você está querendo um almoço especial para a doutora. Acho que ela não deve gostar desse tipo de comida, fez cara de nojo até para o bolo da dona Isaura.

Minha mãe retrucou ofendida.

— Alguém com uma bunda daquele tamanho não deve ter muita frescura para comer.

Dei uma risada.

É... ela tinha um belo rabo.

— Zira, cala boca, quando um burro fala o outro baixa as orelhas.

Ela fez uma careta e se calou.

Fui para a varanda do chalé e deitei na rede. De olhos fechados aproveitei o balanço da rede. Havia passado quase uma hora desde que a doutora potranca havia se trancado. E o silêncio dela lá não era uma coisa boa.

— Ziraaaaaaa — ouvi a voz de Carolina ressoar em um grito alto. — Ziiiiiiiiiraaaaaaa!

—Já vou. — A menina respondeu aos gritos.

Diacho de mulher berrona!

Assim ficava impossível dormir!

Levantei da rede. E eu mesma fui ver o motivo da gritaria.

— Menina, me alcança a nécessaire que deixei perto da porta.

Zira balança a cabeça e concorda.

—Não Zira, a doutora aqui precisa aprender que aqui ela não tem empregados. — Interrompo. — Agora vá para a cozinha ajudar minha mãe a terminar o almoço.

A diaba me espia por uma fresta na porta e grunhi como uma onça brava.

Um perfume de rosas vem de sua direção.

Ela revira os olhos e afasta o cabelo molhado do rosto.

— Senhor Henrique, por gentileza pode alcançar uma pequena mala que tem próximo a porta de entrada? Eu ficaria imensamente grata.

A danada tinha o tom sarcástico.

Chego mais perto da porta de onde ela está.

— Não. — Respondo empurrando a porta e ela até tenta me impedir, mas uma das mãos está segurando o vestido na frente do corpo ainda úmido.

Bruto ***Degustação***Where stories live. Discover now