7. Por você, vale a pena.

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Rose

O jogo foi péssimo. Eu não consegui concentrar em momento algum. Devo ter perdido quase todas as bolas que vinham em minha direção e quanto mais o tempo passava, mais eu ficava nervosa. Eu não estou com cabeça pra jogar, não depois de tudo que aconteceu hoje mais cedo. Minha mãe perguntou se eu entenderia se ela e Leona não fossem no jogo, e depois de tudo que Sarah falou, eu não poderia culpa-la por não querer mais ir. Ainda bem que elas não estão aqui pra ver eu estragando minha única chance de entrar em uma boa universidade. Mas o tio Tony faz questão de ficar até o fim do jogo.

No final, perdemos de três sets a zero e a treinadora quase me mata. Sem contar que no dia seguinte, eu ainda tenho treino com as lideres de torcida. Merda! Entro no vestiário morrendo de ódio e querendo quebrar a primeira coisa que aparecer na minha frente. Eu só quero sumir por alguns segundos e esquecer tudo que está acontecendo. Tio Tony quis me levar pra casa e garantir que estou bem, mesmo depois desse jogo de merda que eu fiz hoje.

— Não foi o seu melhor jogo, mas não precisa ficar assim. — diz ele tentando me acalmar — Aposto que você vai conseguir a bolsa.

— Você vai sim, Rose. — Lucas tenta me animar.

— Eu não vou conseguir essa bolsa. — afirmo.

— Diana era amiga da sua mãe, talvez se sua mãe conversar com ela sobre isso... ela pode te dar outra chance. — aconselha tio Tony.

— Eu deveria ganhar essa bolsa porque eu mereço, não porque minha mãe transava com essa tal de Diana há não sei quantos anos atrás.

Quando me dou conta, as palavras já haviam saído da minha boca. Eu estou chateada com tudo que está acontecendo, mas isso não me dá o direito de descontar na minha mãe, não mesmo. Ainda mais quando ela nem está ali para se defender. Tio Tony me fuzila com os olhos

— Foi mal, eu não queria ter dito isso.

Viro para o lado e fico olhando para o fora da janela. E foi ai que percebo que eu acabo de ver a culpada de tudo isso entrando em um Hotel fuleiro no centro da cidade.

— Para o carro, tio. — exijo — Para o carro!

— O que foi? — pergunta ele tentando encontrar um lugar para estacionar o carro.

— A Sarah. Ela entrou no hotel da esquina. Eu preciso falar com ela.

Tio Tony dá a volta no quarteirão, e estaciona logo em frente do hotel. Desço sem nem me despedir, e ele vem atrás de mim.

— Quer que eu te espere? — grita.

— Não, eu volto de taxi. Obrigada! — aviso virando as costas.

— Rose!

Olho pra trás e ele continuou.

— Pense bem no que vai dizer. A cabeça dela está tão quente quanto a sua. — aconselha.

Concordo com a cabeça e dou um pequeno sorriso, como se eu já estivesse mais calma.
Ah, me poupe. A Sarah vai escutar e vai escutar muito!


Leona

A cena da Sarah falando tudo aquilo pra mim passa varias e varias vezes na minha cabeça. É como se ela estivesse em um loop. Venho o caminho inteiro calada. Liam foi embora sem dizer nada, mas eu sei que ele vai me ligar a qualquer momento para conversar sobre isso. Chego em casa e subo direto para o quarto. Fico sentada bastante tempo na cama, olhando para o nada e imaginando tudo que Sarah deve ter passado todos esses anos. Ela falando que havia sido abusada... meu Deus! Eu sou uma péssima mãe. Eu deveria ter insistido, deveria ter procurado mais. Talvez eu merecesse tudo isso que estava acontecendo comigo afinal.

Não ouse me entender | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora