Capítulo XVIII

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Alicia não sabia como, mas quando voltassem oito pessoas teriam que se espremer em uma carruagem com lugar para apenas seis.

O veículo era sem dúvida, muito bonito e requintado, mas parecia ter sido abandonado. O Conde não era um homem muito cuidadoso, assim as paredes de dentro descascavam e havia algumas teias de aranha nas laterais dos bancos em encontro com o chão.

Annalise havia se acalmado. Não estava em perfeito estado, mas as lágrimas haviam cessado. Infelizmente seu sentimento de culpa não. Ela imaginava as terríveis coisas que poderiam acontecer com Georgiana enquanto ela estivesse sozinha pela propriedade da Madame Henriette ou em outra taverna. Se ela sofresse algo, Annalise nunca se perdoaria.

A carruagem tremia bastante, pois Berlington não era um bom condutor. Bridget conseguiu de alguma forma bater com a cabeça no teto, causando um estrondo assustadoramente alto. Seu irmão tentou consola-la, abraçando-a de lado, mas a Srta. Hawkins garantiu que estava bem.

A cada segundo o clima ficava mais tenso. Olhares perdidos, lábios secos e expressão preocupada. A evolução de uma tarde perfeita que se tornou um crepúsculo repleto de tormenta. Ao lado de fora a agitação da tarde passava a ceder seu lugar para as confusões noturnas. Artistas de rua retiravam seus instrumentos de trabalho das calçadas, as moças voltavam para casa aos cochichos enquanto outros homens caminhavam para as praças, muitas vezes sozinhos.

Eram cenas boas de admirar. A Srta. Farnsworth não costumava observar as pequenas coisas do dia a dia corriqueiro de Londres, ela geralmente contentava-se apenas em viver o momento, sem qualquer distração, mas agora imersa no silêncio era algo para se notar.

No quase silêncio, na verdade.

Charles e Peter estavam ali.

Eles brincavam com as correntes de seus relógios de bolso enrolando nos pulsos e girando no ar. Era uma distração, afinal, não combinava com nenhum dos dois mergulhar no clima depressivo instalado na carruagem, assim, riam-se em meia luz com um sorriso largo no rosto como duas crianças alegres. Mostravam coisas engraçadas um para o outro, sussurravam e giravam os relógios mais ainda. A Srta. Farnsworth começou a sentir sua cabeça latejar quando finalmente seu irmão mais velho se pronunciou:

— Calem a boca. — foi tudo que ele disse, mas também foi o suficiente.

Charles deu ombros rodando seu relógio no ar. Ele acertou o nariz de Bridget sem querer, mas ela ignorou sorrindo. Lancaster fez uma careta.

— Estamos quietos. — retrucou.

— Estou escutando a risada. — Edward disse.

— Estamos rindo não falando. A nossa boca não está emitindo palavras.

— Charles? — Alicia o chamou.

Ele olhou para a irmã, esperançoso. A essa altura ele já havia parado de girar o seu relógio de bolso no ar, temendo que se acertasse a Srta. Hawkins mais uma vez o nariz dela sangrasse, e ele não gostaria de ser o causador de tamanho infortúnio.

Feita para um Visconde [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now