Capítulo Três: Um Pesadelo Em Campbell Rivers

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Melanie estava no corredor da escola, o laço azul de seu vestido balançava de um lado para o outro por causa do vento, algo que não fazia sentido já que o lugar estava todo fechado. Mesmo assim ela podia ouvir o barulho da chuva forte que caía lá fora.

O corpo de Rachel também estava lá, logo no fim do corredor, seus olhos vazios a encaravam fazendo Melanie se estremecer de medo. A garotinha sem vida abriu a boca com a intenção de dizer alguma coisa, porém sua voz era inaudível.

— MELANIE! — um grito ensurdecedor veio do lado oposto. Era o Sr. Abbott escancarando um sorriso monstruoso enquanto se aproximava dela. — Eu estava justamente procurando por você! Será que você pode me ajudar com a Rachel? VOCÊ VAI ME AJUDAR, NÃO VAI?

A menina sentia que seus tímpanos iriam estourar à qualquer momento com o estrondo que aquela voz fazia. Ela então fechou os olhos com força para ignorá-lo na esperança de que ele fosse embora.

"Isso não é real."

O olhar perverso do Sr. Abbott era capaz de penetrar suas pequenas pálpebras.

— ABRA OS OLHOS, MELANIE! — ele voltou à berrar. — ESTOU FALANDO COM VOCÊ!

"Não é real!"

Num ímpeto mãos enormes agarraram seu braço esquerdo e a garota assustada sentiu sua respiração falhar por alguns segundos.

O clima sombrio daquele pesadelo horrível foi substituído pela luz do dia entrando pela janela. Ainda desnorteada, Melanie tentava assimilar que tudo não passara de um truque cruel de sua mente e que agora ela estava segura em seu quarto, as mãos que a seguravam, agora pequenas, pertenciam à sua mãe.

— Você parecia estar... bastante perturbada. — disse a mulher com receio. — Teve um pesadelo?

Melanie não podia deixar de notar a preocupação no rosto de sua mãe, não é para menos, já fazia algum tempo que a jovem se livrara completamente daquelas maldições noturnas. Foi preciso muita terapia e compreensão das pessoas ao seu redor, mas ela conseguiu e ter uma recaída era a pior coisa que poderia acontecer nesse momento.

— É perfeitamente normal. — a mãe dela voltou a dizer. — Deve ser só uma resposta do seu inconsciente por causa da mudança, não se preocupe.

Exatamente, não havia motivo para preocupações, pelo menos não mais. Edwin Abbott havia sido executado há duas semanas depois de longos noves anos da condenação por homicídio, ocultação de cadáver e abuso de menores. Ele estava morto, não poderia machucar Melanie outra vez e mesmo que isso não trouxesse Rachel de volta, seja lá onde quer que ela estivesse, as duas finalmente ficariam com o coração em paz.

— Uma resposta do seu inconsciente. — disse Melanie imitando a mãe. — Uau, Sra. Elizabeth Miller, vejo que está devorando livros de Psicologia de novo. Está pensando em mudar de profissão?

— Você sabe que eu jamais pensaria isso! — exclamou Elizabeth antes de se levantar da cama para abrir as cortinas. — Não quero me gabar, mas sou ótima em abrir a cabeça das pessoas, literalmente falando como uma neurocirurgiã. Eu apenas me interesso pela Psicologia e acho que você também deveria.

— Eu prefiro viver na minha bolha cercada pelas artes e deixar o comportamento humano para você, se não se importa. — a última coisa que Melanie queria na vida era se afundar nos confins da mente humana.

— No momento eu só me importo com o fato de você ainda estar nesse quarto! — Elizabeth pegou um travesseiro e sem pestanejar jogou no rosto da filha. — Não vai passar o seu primeiro dia em Los Angeles deitada aí, vai?

Deixe-me Na Califórnia (EM REVISÃO)Where stories live. Discover now