[malec] NOTES

sky: I

Tem certas coisas na vida que você não espera que aconteça. Para inicio de conversa, ninguém faz festa na segunda feira além do meu meio-irmão idiota: Jace Herondale. Podemos começar por aí. O som alto era irritante e gritava, me deixando com dor de cabeça. Além disso, Magnus Bane estava aqui, ainda de casaco elegante e blusa cara, que deveriam ter o deixado muito bonito se sua melhor amiga Catarina Loss não tivesse vomitado em cima dele há poucos instantes. E essa era uma das coisas que você não espera que aconteça com você.

Veja bem, eu estou nessa de gostar de Magnus já faz quase três anos e nunca deu em nada até esse último mês (sendo sincero, ainda não deu em nada, mas agora eu tenho mais chances com ele agora do que antes ― antes eu tinha um total de 0 chances). Mas ultimamente eu tinha criado a vaga esperança que talvez algo pudesse vir a acontecer entre nós depois que eu decidi tomar uma atitude.

Bem, meus irmãos não concordam com a minha definição da palavra "atitude", mas eu tenho certeza que-

― Alexander – Magnus me chamou e eu mal pude controlar o rubor das minhas bochechas. Eu sou um idiota eu sei disso. Respirei fundo e me virei para ele, ignorando a situação estranha em que nos encontrávamos e fingindo que eu não estava de pijamas na frente dele, como ele gentilmente me lembrou mais cedo e eu fui obrigado a dar uma resposta evasiva. Acho que minha expressão de "oi, não tô nem aí pra você" estava muito convincente, pois ele entortou os lábios como se ainda estivesse preocupado com o cheiro de suas roupas e não como se o menino a sua frente parecesse apaixonado por ele. – Eu acho que Catarina e eu estamos indo embora. – ele disse.

Eu franzi o rosto.

― Você não pode sair cheio de vômito – eu observei sem sequer pensar. É difícil ser irmão mais velho, você tende a dizer coisas assim sem querer, o impulso de tomar conta das coisas controla você sem que seu cérebro perceba.

― Ah – ele falou. Sua expressão era paciente, mas havia algo como surpresa brilhando em seus olhos âmbar. Os seus olhos eram realmente bonitos, o dourado ganhava um tom esverdeado com a reflexão da luz, transformando-o em um caleidoscópio. O contraste dos olhos com a pele marrom-bronzeada também era desconcertante, as maçãs do seu rosto eram altas dando um ar escultural à sua aparência. Sua boca tinha traços leves de um batom que já havia desbotado, algo como roxo ou preto, eu suponho. Sua voz era leve e aveludada, então eu percebi que ele estava falando todo esse tempo e eu não escutei. -... Por tudo.

― Ahn, é – eu disse muito inteligente. – Eu vou pegar uma roupa pra você.

―Na verdade, eu acabei de dizer-

― Você pode ir comigo se quiser – avisei e avancei até Cecily Herondale, minha prima de segundo grau, que era mais nova que eu, aliás. Ela estava sentada teimosamente em cima da nossa bancada de mármore, vestida toda de preto, o único ponto de cor eram seus lábios e seus olhos violeta. Pus a mão em seu joelho e disse: - Essa festa precisa acabar agora.

A garota sorriu para mim e assentiu com a cabeça. Ela saltou de onde estava e pôs os dedos na boca assobiando mais alto que a música. Isabelle Lightwood, minha irmã gêmea, apareceu com os cabelos embaralhados e os olhos transparecendo cansaço, sua saia longa estava suja na base e Cecily cochichou algo em seu ouvido. Izzy olhou para gente, mais precisamente para mim e Magnus, ignorando por completo Jace que estava sentado solitário perto do freezer e Catarina Loss, que ainda vomitava dolorosamente na nossa pia. Minha irmã lançou-me um sorriso malicioso e eu tive certeza de que ela não tinha entendido muito bem.

― É isso aí, irmãozão – ela soltou dando uma piscadinha para Magnus. – Operação: Acabar a festa ativar!

As duas correram para o espaço debaixo da pia separado para guardar materiais de limpeza e apareceram com uma buzina preta (Isabelle) e um mini extintor de incêndio (Cecy) e saíram correndo para a sala como se estivessem prontas para uma guerra. Talvez eu devesse me preocupar com o uso que Cecily iria fazer daquele objeto pesado e de metal, mas não achei necessário. Assim que a música irritante fora substituída pelo doce grito aterrorizado de adolescentes deixando a minha casa, eu me senti em paz.