Unsparing (Larry Stylinson AU | Book II)

God, faith, Harry&Louis

Louis havia, finalmente, conseguido dormir. Ao redor de seus olhos ainda era possível ver o inchaço e vermelhidão, mas não resistira ao cansaço. Harry estava sentado na poltrona no canto do quarto, observando seu menino dormir. As últimas horas haviam sido exaustivamente longas, arrancado deles cada resquício de força que não podiam mais extrair um do outro.

O próprio garoto sentia-se acabado, embora duvidasse que fosse dormir também. Sua cabeça trabalhava em milhões de pensamentos, não concentrando-se, porém, em nenhum específico. Zayn ainda não havia entrado em contato, mas, naquele momento, deveria estar no avião, voltando para Londres, e não tardaria a chegar. Todo apoio seria necessário.

Fitou novamente o namorado. Não podia ver seus olhos, mas a imensidão azul sempre fora um ótimo calmante para ele. Nos últimos anos, nada foi como antes. Sua vida era um emaranhado de pontas soltas, lutando para se encontrarem e tecerem uma malha. Cada provação, cada época, apenas serviam para moldar ainda mais quem ele era e, principalmente, quem ele gostaria de ser.

Naquele momento, Harry gostaria de ser aquele em quem Louis poderia confiar novamente. O porto seguro, a sua fonte de energia para travar aquela batalha. Ele sabia que Louis conseguiria sair daquela situação. Ironicamente, ele tinha fé.

O silêncio do quarto era propício para pensar, mesmo que não quisesse. Sentiu, então, falta de sua irmã. Há tempos que Harry não falava com Gemma, e a garota sempre fora o melhor lado de si. Sentiu falta de ter uma família em quem se apoiar, sobretudo. Pensou nas escolhas que fizera, nos caminhos que o levaram até ali, e não entendeu a crueldade do mundo. Apesar de tudo, Harry ainda era jovem, e não compreendia as injustiças e as maldades. Não entendia as mortes, mesmo sabendo que elas aconteciam. Não entendia os problemas, mesmo sabendo que eles o cercavam a cada momento em sua vida. Não entendia porque pessoas boas sofriam, mesmo vendo Louis deitado sob aquela cama de hospital, lutando, em seu organismo, contra um inimigo invisível e poderoso.

E então, sem entender, Harry mergulhou em um sono pesado, desejando que pudesse sonhar com um mundo onde coisas boas aconteciam.

O quarto já era iluminado pelos fracos raios solares quando o de cachos acordou, com uma incômoda dor no pescoço por ter dormido errado. Se espreguiçou e piscou algumas vezes, separando o que era realidade do que ainda parecia parte de seu sono. Louis continuava a respirar pesadamente, o que levou Harry a sair um pouco do quarto para procurar o banheiro.

Evitou fitar seu rosto nos reflexos das janelas, ciente que seu estado era dos mais pesarosos. Quando chegou no final do corredor e encontrou uma pia, convenceu-se que ao lavar o rosto pareceria, no mínimo, apresentável. Sem paciência, prendeu o cabelo já em seus piores estados e voltou a andar. Não sentia fome, mas, mesmo assim, decidiu comprar um copo de café e ver se achava o médico, mas pedir - e exigir - notícias sobre o caso de Louis.

Estava procurando moedas quando avistou dois rostos familiares. Conseguiu fazer um sorriso chegar até seus olhos e correu para abraçar Niall, afundando-se no cheiro característico do irlandês que há tanto não via. Depois de alguns minutos, abraçou também Zayn, sentindo-se bem pela primeira vez em horas.

- Você deveria ter me ligado, eu buscava vocês. - Harry disse em tom animado, ganhando um olhar reprovador da recepcionista. Tornou a falar, diminuindo o tom da voz: - Faz muito tempo que eu não te vejo Niall. Gostaria de fosse em uma outra oportunidade. - terminou um tanto melancólico.

- Não se preocupe, Harry. - o loiro respondeu, condescendente - Como ele está? E você?

- Louis conseguiu dormir um pouco, mas ele estava muito mal. - suspirou - Eu estou levando. Tudo ainda parece um pesadelo, mas preciso estar aqui por ele. - disse firmemente. Zayn assentiu, colocando a mão em seu ombro - E Liam? - finalmente notou a falta do terceiro homem.