[Nicolas]
ALGUNS MESES ANTES...
Nunca pensei que pudesse existir algo tão grandioso quanto o amor, sempre lia livros e via filmes retratando sobre o assunto, mas nunca acreditei e, pra falar a verdade, achava um tanto quanto exagerado a forma como descreviam tudo aquilo. Por isso, sempre fui muito tranquilo quanto a isso e não vivia a esperar que um dia aparecesse um príncipe encantado e me arrebatasse de uma forma que eu ficasse totalmente perdido, eu apenas vivia normalmente. Mas, quando conheci o Martin, tudo mudou completamente de figura e eu fui pego desprevenido, sendo tomado por algo que eu jamais imaginei ter aquela força. Algo crescia dentro de mim a cada dia que passava, e a cada sorriso seu, e eu desisti de tentar controlar. Eu já havia me apaixonado antes, mas o que eu sentia naquele momento era diferente, era puro, era gostoso e fazia com que minhas mãos gelassem todas as vezes que ia encontrá-lo. De repete eu estava vivendo meu próprio romance de novela.
Sorri ao me pegar pensando tudo isso, em frente ao colégio do Martin, olhando o pessoal sair animado e esperando por ele com uma ansiedade que eu já havia me acostumando. Já havia se tornado algo habitual, desde que nos conhecemos, eu esperá-lo depois da aula para ficarmos juntos o máximo de tempo que podíamos. Fazia mais ou menos quatro meses desde que ficamos pela primeira vez e vínhamos repetindo isso desde então, nos vendo todos os dias até virar um doce namoro. Eu não podia estar mais feliz do que naquele momento da minha vida. O vi se aproximar distraído e parecendo meio desanimado com a mochila nas costas e as mãos segurando sua alça, assim que me viu, sua expressão mudou e ele passou a andar mais depressa em minha direção.
-Oi. – Ele disse num sorriso contido assim que chegou perto de mim. Observei-o olhar pros lados, analisando quem estava por perto e logo depois me dar um abraço apertado, porém rápido.
-Tudo bem? – Perguntei alisando sua bochecha, ele afirmou balançando a cabeça e ficou vermelho com o toque. – Como foi sua aula?
-Legal.
Sempre que ele me respondia isso eu tinha minhas dúvidas se realmente era aquilo mesmo que ele me falava, era evidente, pelo seu tom de desânimo, que ele estava descontente com algo. Mas, por mais que eu lhe perguntasse, ele me dizia ser somente cansaço pelas aulas puxadas.
-Você disse que não sabia se viria hoje. – Ele se lembrou da nossa conversa no dia anterior.
-Anda meio difícil lá no curso, mas consegui terminar minha parte e deu pra vir. E aí, onde vamos? – Perguntei a ele que parou um momento pra pensar.
-Não sei. Acho que tá muito quente pra ficarmos no nosso lugarzinho, né? Íamos derreter.
Ele se referia a praia, pra ser mais exato, na parte mais afastada da praia, nas pedras, onde ficamos pela primeira vez. Aquele tinha virado o nosso lugar e sempre que podíamos íamos pra lá, mas com o sol que fazia aquele momento, era praticamente impossível conseguirmos ficar lá.
-Que tal irmos pra minha casa. Você não almoçou ainda, né? Podemos comer lá. – Sugeri.
-E sua mãe?
Ele perguntou meio ressabiado, os dois ainda não tínhamos sido apresentados e eu sentia que ele tinha um pouco de medo disso.
-Ela tá no trabalho.
-Só nós dois, sozinhos... É... É tudo bem então.
Agora ele parecia muito mais preocupado com a idéia de ter que ficar só nós dois sozinhos em casa e eu, mesmo achando a reação um pouco exagerada, entendia muito bem o motivo. Nós ainda não havíamos avançado ao ponto de termos intimidade, em outras palavras, nós ainda não tínhamos feito sexo e eu sabia que ele estava preocupado exatamente por isso. Martin era de longe o menino mais inocente e puro que eu já havia conhecido, admirava muito isso nele e, claro, não iria forçar a barra e fazer pressão em nenhum momento sobre aquilo, ia ser tudo dentro do seu tempo.
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Recomeçar
Short StoryNicolas se apaixonou por Martin no mesmo momento em que o viu pela primeira vez, porém, os pais do menino estão bem dispostos a fazer com que esse relacionamento seja interrompido, tentando mil maneiras de afastá-los. Mas, sem que ninguém mais preci...