Capítulo 7 - Como ele está?

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[Nicolas]

ATUALMENTE...


Cinco dias haviam se passado desde aquele dia em que os pais do Martin me expulsaram do hospital e não permitiram que eu ficasse ali com eles, as coisas de lá pra cá não haviam mudado muito, eles continuavam irredutíveis e todas as minhas tentativas de me aproximar, eram barradas pelos seguranças que eles haviam contratado. Era isso, qualquer mínima movimentação minha, os dois brutamontes com os braços cruzados na entrada do hospital, se preparavam pra me escorraçar dali, eu estava sendo impedido de até mesmo colocar um pé na recepção. Mas eu não desisti tão fácil, a rua ainda era publica e foi ali que eu permaneci durante todo esse tempo, na calçada, em frente à fachada do hospital, esperando por qualquer noticia.

Meu coração se apertava a cada hora que ia se passando, e depois os dias, sem qualquer resposta sobre o real estado dele. Eu sabia que as coisas não andavam tão boas, pois Murilo apareceu em um desses dias e me atualizou, ele ainda estava em coma e sem previsão de volta. Mas eu ainda tinha esperanças, a qualquer momento ele acordaria e brigaria com tudo e todos para que me deixasse ficar pertinho dele, e depois que se recuperasse, nós iríamos morar juntos.

Parecia uma piada de mal gosto que todas as nossas promessas de ficarmos juntos pra sempre, estivessem sendo descumpridas por causa de outras pessoas. Parecia ainda mais uma piada de mal gosto que acontecesse isso justamente conosco, será que já não tínhamos passado por provações demais no pouco período em que estávamos juntos?

O sol quente castigava o Rio de Janeiro naquele momento, eu não sabia de fato que horas eram, mas ao julgar pela grande movimentação do pessoal na rua, eu presumia que fosse mais ou menos horário do almoço. Dei uma olhada pra dentro da recepção no hospital e tudo continuava exatamente igual, aqueles cara não tiravam os olhos de mim, prevendo que eu tentasse alguma coisa. Se fosse outra ocasião, eu até acharia engraçado suas posturas. Do lado de fora, as pessoas deveriam passar por mim e me achar um maluco por estar ali na porta, talvez eu tivesse mesmo enlouquecendo, mas eu não deixaria de estar ali, perto dele o máximo permitido. Eu estava cumprindo minha promessa de não desistir tão fácil dele, assim como eu sabia que ele também faria se fosse eu naquela situação.

-Nicolas! Que bom que te encontrei, meu filho. Olha seu estado.

Minha mãe chegou perto de mim, trazendo consigo toda a sua preocupação estampada na voz. Desde que acontecera tudo aquilo, eu havia ido em casa somente uma vez, ou duas, já não me lembrava mais, e por isso não me espantei que ela aparecesse ali a minha procura.

-Não quero ir pra casa.

Já disse prevendo que era isso que ela me faria fazer, ela não se deslocaria do outro lado da cidade até aqui só pra ver se eu ainda estava vivo.

-Mas é isso que você vai fazer. Você precisa comer alguma coisa, precisa de um banho, esse sol forte vai te fazer mal. Faz quanto tempo que você não se hidrata?

-Eu preciso ficar aqui com ele.

Respondi, já meio desanimado e com a exaustão de repente tomando conta de mim. Essa era a frase que eu repetia a mim mesmo desde o primeiro dia, me fazia ficar melhor, me fazia permanecer mais forte e aguentar a pressão que estava passando.

-E como você vai ficar aqui com ele se desmaiar de fome ou cansaço? Ele com certeza precisa de alguém forte aqui com ele, não é? Vem Nicolas, vamos pra casa, depois que você comer e descansar, eu juro que não te impeço de voltar pra cá meu amor.

Eu não queria ter que ir, mas dado ao meu estado e a persistência com que minha mãe veio disposta, não teria outro jeito a não ser aceitar e fazer exatamente do jeito que ela queria. Por isso, me levantei ali do chão, dei uma ultima olhada lá pra dentro do hospital, encarando os dois que se entreolharam pela minha movimentação e resolvi atender aos pedidos da minha mãe. Era só por umas horinhas, eu logo voltaria, o que poderia acontecer de tão grave?

RecomeçarWhere stories live. Discover now