Diário de Dipper.

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Dia 16 de Abril.

Já se passaram doze dias desde que o anónimo não fala comigo. Nem eu com ele.

Para ser sincero... É um bocado alívio esta coisa ter passado. Quer dizer... Não ia dar. Nem funcionar. Eu nem sei quem ele é! E também é demasiado grudento, diz coisas sem sentido e tem pensamentos demasiado... Enfim.

Além disso, agora tenho tempo de respirar e fazer o que bem quero, sem ter ninguém a pressionar-me. Ou a dizer-me para fazer isto e aquilo.

Ainda bem que não me livrei deste caderno. Eu sabia que ia precisar dele, mais tarde ou mais cedo. Pelo menos, não lhe obedeci nisso e ainda bem!

Pode estar com rabiscos doentios, desenhos estranhos ou palavras sem sentido. Criei alguns códigos para isso, inclusive. Não faz mal.

Mas não me importo. Agora estou de volta e graças a Deus que esta idiotice toda terminou! Vou poder dormir em paz agora!

Finalmente vou poder acordar sem preocupações de correr para o telemóvel a rir como um retardado, só para responder a um bom dia.

Oh! Ainda bem que acabaram os nomes idiotas que ele me chamava. Não os suportava!

E também já não o aguentava a ele!

Finalmente... Sossego.

...

Quem eu quero enganar? A porra de um caderno?

Eu sinto tanto a falta dele.

Eu fui um idiota.

Eu preciso dele.

Ele era a única maneira de me fazer enfrentar os dias de cabeça erguida.

Eu não consigo nem mais mentir para a porcaria de um caderno que eu estou bem!

Como é que é possível, nem me conseguir enganar mais a mim próprio de que está tudo bem? Não, não está, de todo, tudo bem. Eu preciso dele, para falar com ele do meu dia a dia, para lhe perguntar coisas banais ou opiniões sérias. Preciso dele como o meu melhor amigo que nunca tive.

Eu preciso dele... Para tudo.

Caramba... Ele alterou-me mesmo.

...

Eu não posso falar com ele agora. Ia fazer-me pior e ainda bem que terminei com isto tudo, assim que pude. Ainda me apaixonava ou coisa assim e era ridículo apaixonar-me por ele!

Arg. Okay, chega, Dipper!

Tu não precisas dele, estás a entender o que estás a escrever?

Tu.

Não.

Precisas.

Dele.

...

Eu quero-o de volta.

Quero adormecer a falar com ele novamente. A chorar ou rir com ele.

A insultarmos o Luckie de imensos nomes que inventamos.

A rir sem motivos, só por ter alguém a quem contar tudo da minha vida.

Ou quase tudo. Também fui um idiota por não lhe ter contado tudo.

Ele era o meu diário. Eu não preciso deste caderno.

Eu só precisava de ter... Confiado nele.

Não lhe devia ter escondido coisas. Essas coisas escondidas é que me levaram a ficar de cabeça quente e dizer aquelas coisas horríveis.

...

Eu quero-o de volta...

Eu quero-o de volta.

...

Mas eu não vou tê-lo de volta.

...

Eu preciso dele de volta.

...

Eu vou tê-lo de volta.

Custe o que custar.

...

Porque é que eu não lhe contei dela, quando eu tive a chance?

...

[O registo de Pines termina aqui]


Dear Diary... [Wattys 2017]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora