Prólogo

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Assim que virei a esquina eu pude ouvir o barulho que vinha da minha casa. Parei em frente ao portão e respirei fundo.

"Apenas tente, Nina."

Minha mente gritava, meu peito ardia.

"Deus, vai ser sempre assim?"

Abro o portão e ao passo que vou entrando o barulho aumenta.

"Respira fundo."

Abro a porta da casa e meu estômago revira.

"Antes fosse só o som..."

Minha irmã mais nova, Andreia, está na sala, com todos os móveis afastados para o canto, ouvindo música alta, fingindo que está em um vídeo clipe. Coisa normal para idade dela, apenas 15 anos, mas o problema está no que ela está ouvindo... Ou melhor... Quem.

Na tela da televisão estava o zoom do rosto dele. Encarando a câmera como se pudesse enxergar a alma de qualquer um que o assistisse. O mais novo clipe, claro! Sempre rodeado de mulheres lindas e de corpo perfeito, claro! Aquele sorriso de cafajeste que ele insistia em manter no rosto sempre.

"Aquele sorriso..."

— Desliga essa porcaria! - Falo assim que tiro os olhos da tela.

Minha irmã se assusta com a minha presença, mas assume sua postura irritadiça.

Reviro os olhos sabendo o que vem a seguir.

— Não é porcaria. É o meu Theo Lins!

— Ele não é seu... Ele é só um artistazinho babaca de merda. Ele e a música dele! - Falo passando por ela e caminho rumo a escada que leva ao andar de cima do sobrado onde moramos.

— Ele nem sabe que você existe! - ela grita da escada - Por que odeia tanto ele?

Entro no quarto, fecho a porta e me escoro a parede.

— Eu não o odeio.

Eu realmente não o odiava. Mas essa era minha forma de fuga. Eu ainda me sentia muito machucada por ele, mesmo depois de tantos anos. Mas definitivamente, eu não odiava Theo Lins.

Quando eu tinha 6 anos de idade minha mãe engravidou de Andreia, uma gravidez de risco. Meu pai estava desesperado não tinha como cuidar de mim, da minha mãe e ainda trabalhar pra sustentar a casa. Não tenho muitas lembranças dessa época mas lembro que foi bem difícil. Vendo o desespero da família, minha tia Angélica ofereceu ajuda ao meu pai, se propondo a cuidar de mim. Minha tia era bem de vida e meu pai confiava nela. E assim eu fui.

Saí de Brasília rumo à Belo Horizonte, em Minas Gerais, cidade onde minha tia mora até hoje. Lá eu passei a maior parte da minha infância e adolescência. Foi lá que eu o conheci. Theo Lins. E não, não é esse cantor, famoso, arrebatador de corações. O Theo Lins que eu conheci não tem absolutamente nada a ver com esse que ele é agora.

A gente morava perto um do outro, estudávamos na mesma escola. Foi fácil nos tornamos amigos. E foi mais fácil ainda me apaixonar por ele. Minha primeira paixão adolescente, e ouso dizer que também a última. Eu gostava dele e ele gostava de mim. E em meio aos vários passeios pela cidade, demos o nosso primeiro beijo. Eu com 12 anos e ele com 13. Éramos o casal mais fofinho da escola.

Eu o vi aprender a tocar violão. Eu o vi gravar o primeiro vídeo pro YouTube. Eu o vi surtar quando os vídeos dele começaram a viralizar por todo lado. Ele me apresentou Edu, nosso melhor amigo. Ele me ajudou a superar a morte da minha mãe. Eu tinha meu melhor amigo como namorado. Tudo era perfeito.

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