✩ second call ✩

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"Babe?", a voz de Isak me chamou através do celular e eu arfei quando acabei caindo da cama enquanto tentava pegar meu fone na estante.

"Tô aqui", resmunguei gemendo de dor e finalmente pegando meu fone para conectar ao meu celular em seguida.

Não fazia muito tempo desde a nossa primeira ligação, no máximo uns dois dias. Mas depois de passarmos praticamente a madrugada inteira nos falando - o que daria um total de aproximadamente cinco horas e meia - simplesmente queríamos fazer tudo aquilo outra vez.

Por mim, eu ligaria para Isak todos os dias.

"Está tufo bem por aí?" sua voz soou preocupada e eu apenas sorri de leve antes de responder, já sabendo o que viria em seguida.

"Eu caí da cama" minha voz não passou de um sussurro e no segundo seguinte Isak começou a rir.

"Eu... não... acredito!" ele exclamou entre risadas e eu apenas fiz uma careta, fazendo algum som irritado com os lábios para que ele soubesse que aquilo não era agradável. "Você é um pequeno desastre, boo"

"É tipo uma maldição que eu tenho desde que me conheço por gente" respondi finalmente me dando por vencido e rindo com ele também.

"Que horror."

"É o meu fardo..."

"E o que quebraria a maldição?" Isak tornou a perguntar ainda soando divertido e eu torneia ficar sério e tentava respirar normalmente enquanto sentava no chão gelado, engolindo em seco em seguida.

"Ela não se quebra..." dei de ombros por mais que ele não pudesse me ver e ouvi Isak fazer um som de deboche do outro lado da linha.

"Qual é, Sweetie... Toda maldição tem alguma maneira de ser quebrada." ele murmurou parecendo estar mesmo empenhado naquilo.

"Ela se quebra quando eu morrer" eu ri de maneira forçada, tentando soar divertido e mudar logo de assunto.

"Larga de ser macabro e depressivo" a voz de Isak soou séria dessa veze eu fiz um pequeno som de deboche em seguida.

"Não sou macabro, sou adorável."

"Oh, sim. Adorável só de rosto né, porque você é todo cheio de... coisa" ele resmungou e eu ri.

"Coisa?"

"Você é sério demais para essa carinha, já tentou sorrir? A vida é um show de horrores, mas eu juro que é divertido!" ele continuou fazendo uma voz engraçada a cada palavra pronunciada. "E na real, um show de horrores ainda é um show e sendo um show você ainda pode se divertir com isso."

"Isso soou meio macabro" eu ri e neguei com a cabeça. "Um show de horrores não é divertido para quem está em cima dos palcos."

"Quem disse?" ele perguntou e fez um som engraçado em seguida. "Babe, a vida sempre é uma merda... Sério, qual o propósito de tudo isso se não rir? Se você desiste, o que você fez? Então, vamos apenas nos divertir."

"Você é muito animado..."

"Eu juro que eu sou tímido."

Ele começou a rir e logo eu estava rindo também, não achando realmente graça na situação e sim no som contagiante de sua risada.

"Nós mudamos de assunto muito de repente..." murmurei enquanto me levantava do chão e pulava em minha cama, um sorriso em meu rosto.

Eu estava sorrindo demais.

Que estranho.

"Quer voltar ao outro assunto, muito bem..." Isak pausou e eu ouvi alguns barulhos como se ele estivesse se movendo de lugar, logo em seguida um gemido de dor. "Estou todo dolorido... Ouch! Do que estávamos falando no início mesmo?"

"Eu acho que era sobre maldições, não faço ideia" foi minha vez de soltar uma pequena risada agora. "Por que está dolorido?"

"Eu caí" a voz dele soou como um sussurro agora e eu apenas dei de ombros, não querendo insistir no assunto.

"E eu sou o desastre ainda?"

"Sim!" Isak voltou a rir, o que me tranquilizou um pouco. "Você que carrega a maldição, mas quero que saiba senhor Beach, maldições sempre são quebradas por um beijo de amor verdadeiro."

Eu comecei a rir, não acreditando no que ele acabara de falar e revirei os olhos.

"Sério, Isak? Quantos anos você tem?"

"Mentalmente? Hm, dois..."

"Que bebê..."

Voltamos a rir outra vez e ele me xingou no segundo seguinte, o que me fez rir mais ainda.

Deus, por que era tão simples conversar com Isak sendo que com outras pessoas eu mal falava?

Que tipo de poder ele tem?

"Okay, okay... Banda favorita?" ele cortou o assunto de repente e eu comecei a rir como louco e logo ele estava rindo também. "Não me ache boba, mas é que vai ter um show do The 1975 aqui e eu sou louco por eles! Você vai?"

"Hm, deixe-me ver... depende, o ingresso é cinco dólares? É tudo que eu tenho."

"Eu tenho dois, você está três dólares mais rico que eu."

"Quando vai ser o show?"

Isak demorou alguns segundos para responder, como se tentasse se lembrar.

"Daqui uns três meses..."

"Ugh! Eu queria tanto ir, meus pais não devem deixar..."

Isak fez um som de lamento e concordou comigo em seguida, falando que seus pais provavelmente iam rir da cara dele quando sugerisse ir ao show.

Outra vez, me perdi em sua voz e não percebi quando o tempo passou voando. Na verdade, quase nunca percebo.

Respiro fundo e olho para a parede do meu quarto enquanto a escuto contar animadamente sobre o seu dia, ele quase nunca falava, então eu adorei escutar.

Respiro fundo e repito.

Não, eu não me importo.

Notas Sobre Ele [ Evak ]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora