Capítulo 4 - Completamente apaixonada.

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Capítulo 4 – Completamente apaixonada.

À tarde ficamos na praia, todos juntos. Mariane e Clara voltaram e estavam esticadas ao meu lado em cangas, pegando o sol de fim de tarde. Lucas, Liliana, Justiniano e Caio jogavam futevôlei na areia. Marcelo e Thor tinham colocado máscaras e mergulhado para ver os corais ali perto.

Eu estava muito quieta, sentada na canga, abraçando meus joelhos, olhando para o mar. Não me sentia muito animada e nem disposta a conversar. Tudo o que havia acontecido no quarto de Thor pela manhã não saía da minha cabeça. Nem em meus sonhos mais loucos eu me imaginei numa situação daquelas. Invejava Clara, Liliana e Mariane, que pareciam tão animadas e à vontade, sem perder tempo com arrependimentos tardios ou questionamentos que não resolviam nada. Por que eu não podia ser como elas, aproveitar a vida sem me angustiar tanto?

Eu sabia porquê. No fundo, a educação rigorosa que tive ainda pesava em minhas ações. A decisão de estar ali tinha sido minha, mas ia contra tudo que eu acreditara até então. Desde que pus os olhos em Thor, passei a agir quase que por instintos, levada pelo desejo absoluto e a necessidade obsessiva que eu sentia de estar perto dele. Não tive tempo para realmente ficar longe dele e raciocinar com mais clareza. Ou decidir o que eu realmente queria. Só sabia do que eu precisava compulsivamente e era estar com ele o maior tempo possível.

Não tinha parado e conversado seriamente com ele. Não sabia se ele tinha família, no que trabalhava, onde morava, o que pensava, nada. Sabia sim o que era ser tocada, beijada, penetrada por ele. O que era participar de uma orgia, o que era estar rodeada por pessoas e mesmo assim me sentir sozinha.

A vida solitária e triste que eu levara até então não me preparara para tudo aquilo. Muito nova soube o que era sofrer, perder uma pessoa querida e, no meu caso, eu havia perdido as três pessoas mais importantes da minha vida em um intervalo de cinco anos. Dor, morte e doença fizeram parte da minha adolescência e acho que a pulei de uma vez para a fase adulta.

Vivia na pequena casa onde nasci, era querida por meus vizinhos, trabalhava fora, fazia faculdade, me virava sozinha. Todos diziam que eu era responsável, boazinha, amiga. Mas nenhum deles sequer imaginaria que eu estava ali, escravizada voluntariamente pelo desejo que eu sentia por um homem que nem ao menos fazia parte do meu mundo. E agora nem eu mesma sabia a que mundo pertencia: ao que fui criada e vivi até então ou a esse novo que Thor me apresentou, onde a inibição não tinha lugar?

Tentei parar de pensar tanto naquilo, afinal eu ficaria ali somente mais dois dias. Logo retornaria à minha vidinha pacata de antes e ninguém que me conhecia saberia de nada, salvo Clara, que trabalhava comigo, mas não chegava a ser realmente uma amiga e nem frequentava minha casa. E eu teria as lembranças de Thor, aquele homem que virou meu mundo de cabeça para baixo.

Pelo menos ele não me mandara embora ao recusar Lucas. Entramos em um acordo silencioso, onde julguei que ele aliviaria a pressão sobre mim. Se fosse para estar só com ele, eu estaria feliz. Mas tinha medo de me ver de novo com outras pessoas. Algo me travava, apesar da curiosidade e do desejo lá no fundo, mesmo que eu negasse.

Talvez eu me tornasse mais ousada e lasciva depois disso tudo, mas duvidava seriamente que teria coragem de ir tão longe como estava indo ali naquela ilha ou de que conheceria outro homem que me abalasse tanto quanto Thor.

- O que houve, Bela? Você está tão quieta. - Clara, ao meu lado, sentou-se em sua canga estampada e me olhou.

- Nada.

- O que está incomodando você foi o que aconteceu ontem em volta da piscina?

Olhei-a indecisa. Por fim, indaguei:

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