02. » deserdado pela sorte.

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Olhe , estou no mesmo quarto que a Bela Adormecida.

Sua calma e paz sobre o que acontecia do lado de fora provocaram a paralisação de meu corpo. Minha mente deu um giro confuso, e não foi exatamente por ter conseguido ver alguém em um quarto destrancado, e sim por saber que numa situação destas há alguém que está conseguindo dormir. De qualquer forma, sonos pesados nos embalam as vezes de uma realidade louca e dolorosa, como este caso. Que pessoa sortuda.

Não faço a mínima idéia de quem seja esse humano tão alheio, mas não consigo entender como não acordou com o alto berro da mulher, os trovões e o disparo da arma. Mas, ao visto, não iria acordar tão facilmente. Esse aí parece ter um sono de pedra, talvez eu consiga esperar um pouco, e depois sair pra ver o que está acontecendo. Se eu tiver coragem, é óbvio.

Uma rajada forte de vento entrou pelas janelas como um fantasma furioso e de voz grave, explodindo. As cortinas chicoteavam no interior do quarto, brigando contra aquele fantasma atormentado, enquanto o tapete próximo ficava encharcado da água da chuva que entrava de penetra. No instante seguinte percebi minha ingenuidade - ou burrice -, todas as formas de passagens do quarto estavam abertas. Joguei imediatamente minha mochila no carpete, tranquei a porta, ouvindo um clique anormal. Sem importância, corri fechar a janela. A força depositada já que ela parecia emperrada, foi o suficiente para ela se fechar em um estrondo, segundos tardios de tentativas.

Não me incomodei nem um pouco já que de todos os barulhos altos, o mínimo era a janela. Ao girar o corpo para trás, meu coração bateu em minha garganta, e meu colarinho foi agarrado com força, quase me levantando do chão.

ㅡ Quem é você, garoto? ㅡ Outro relâmpago cortou o céu sem um aviso, e uma rajada de luz veio com emergência, iluminando as feições sombrias do rapaz que não parecia estar brincando com o punho direito fechado a altura da bochecha.

Droga. Em um instante, ele parecia um anjo dormindo com a maior paz, e agora um demônio em seu pulso, pronto para me dar um belo murro. Que sorte não é Jeon Jeongguk? Está chovendo meteoritos lá fora, parece estar havendo um assalto pelo motel e o cara acordou pela batida que você deu na janela, quanta sorte você tem!

Ele com os cabelos desgranhados e bagunçados, deveria ser uma imagem tão inofensiva, o julguei de forma muito superficial.

ㅡ Um tiroteio... ㅡ Minha garganta engoliu o acúmulo de saliva ㅡ Um tiroteio lá fora! As luzes se apagaram, e eu fiquei perdido ㅡ Falei abismado e ele fez uma careta confusa, como se nem ao menos tivesse entendido metade do que eu havia falado.

ㅡ Tiroteio? ㅡ Se manteve impassível, e seu punho continuava mirado em min ㅡ Você só pode estar brincando ㅡ E riu.

Outro disparo pareceu arranhar meu ouvido.

Foi como uma resposta a falta de crença dele. Meu corpo levou um solavanco, um salto assustado e trêmulo, e como um dementador passeando ao nosso redor, tudo novamente tomou a atmosfera súbita do frio e medo. De imediato, olhei para a porta, por mais que estivesse ainda quase escuro o quarto, meus olhos já estavam se acostumando com a baixa frequência luminosa.

A porta sofreu um baque forte, como se alguém estivesse chutando-a para invadir. Da mesma forma ligeira que o rapaz que me ameaçava com um soco se aproximou de mim, ele se afastou. Estava diante da porta com os ombros retraídos, quase tocando a chave para girar a maçaneta.

ㅡ Está louco! ㅡ Meu sibilar soou esganiçado, e segurei seu pulso, o puxando na direção oposta da porta.

ㅡ Tem alguém tentando quebrar a minha porta ㅡ Respondeu no mesmo tom que o meu, dando um tapa ardido em minha mão para solta-lo, e assim fiz.

24H: in Motel ⊱JikookDonde viven las historias. Descúbrelo ahora