• .01

67.6K 5.5K 7.1K
                                    

[Na mídia encontra-se o book-trailer feito especialmente para esta fanfic, curtam à vontade!]

Em meu primeiro passo na descida do táxi, meus olhos instigados de curiosidade foram para cima. Mesmo com a chuva me molhando aos poucos após a saída do automóvel, tudo que eu queria naquele instante era ver aquela construção alta antes de entrar, e ser condenado à uma jornada em minha carreira. Eram visíveis oito andares, o prédio alto e invejavelmente branco, com janelas pequenas cobertas com grossas grades prateadas, garantindo a segurança dos pacientes - e é claro, da sociedade. Ao analisar superficialmente o recinto que eu iria viver, desci meu campo de visão, até ter como vista a breve escadaria que dava acesso à porta principal do Sanatório Hope.

Um nome muito fútil devido ao que esse sanatório abriga, eu diria com meu pessimismo. Assassinos, psicopatas, sociopatas, pessoas de sangue frio que o psicológico faltam engrenagens para funcionar da forma saudável, grosseiramente pessoas completamente loucas, desprovidas de consciência, que não podem conviver em um ambiente social comum.

Com um suspiro abaixei a cabeça, cobrindo-a com minha maleta e atravessei a chuva, parando em frente ao portão de ferro, que mais parecia um enorme paredão. O que me fez pensar imediatamente que as pessoas devem tratar esse lugar como uma prisão de segurança máxima.

Havia uma pequena janela ao centro da porta, e um par de olhos naquela fenda, me analisando com seriedade. Talvez o impacto de nunca ter visto o local antes de decidir trabalhar, tenha me feito travar por alguns instantes sem saber o que fazer. Mostrei meu cartão de identificação instantes após, essa foi minha permissão ao escutar vários trincos e cadeados se abrindo, e eu pude finalmente ver como era a primeira parte do Sanatório.

Havia sido chamado para trabalhar aqui depois do meu ótimo e primeiro desempenho com maníacos em uma ala comum de asilo. Os empregos estavam em falta, e como não haviam muitas vagas em "hospitais comuns" da forma que eu desejava, tive que aceitar vir para cá quando fui dispensado. Mesmo que eu tenha exercitado meu psicológico, é impossível evitar um pouco de medo, mas de qualquer maneira tenho que entrar.

Isso, ou vou ser um desempregado de baixo da ponte.

Homens de jalecos brancos corriam de um lado para o outro apressados naquele saguão, subindo e descendo escadas, mas bem a frente um elevador. Mas não um elevador comum eu diria, ele era esverdeado e com boa ventilação, com barras grossas e grades como uma jaula, parecia antigo, toda via aparentemente seguro, ou pelo menos é isso que eu queira que seja.

ㅡ Doutor Hoseok? ㅡ Ouvi um chamado.

Ao virar o rosto, uma figura alta e curvilínea estava se encaminhando em minha direção, os cabelos pretos bem arrumados no topo da cabeça e um sorriso meio sem graça nos lábios. Uma mulher que eu julgo ter o dobro da minha idade estendeu a mão pálida para mim em um gesto sociável, e eu sem hesitar apertei, derrubando minha maleta para isso. Muito bom, demonstre-se mais desengonçado Hoseok!

ㅡ Sou a doutora Mary Elizabeth. Suponho que tenha chegado não faz muito tempo? ㅡ Soltou minha mão ao fim da fala.

ㅡ Sim. Na realidade, acabei de chegar ㅡ Dei de ombros com um sorriso envergonhado, apanhando minha maleta do chão.

ㅡ Ótimo. Me avisaram que viria hoje, então me prontifiquei de ser eu mesma de te receber ㅡ Se posicionou ao meu lado, e sua mão canhota se apoiou em minhas costas ㅡ Gostaria de conhecer o sanatório?

Como se eu tivesse muitas opções, não? Me limitei apenas em balançar a cabeça, aceitando sua única proposta.

Uma visita superficial e ligeira, o que para uma pessoa medrosa como eu não estava sendo muito agradável. Conforme minhas pernas começavam a doer à cada subida das escadarias, visitamos os sete andares. Não que ela precisasse dizer, mas era bem óbvio que cada enfermeiro - ou doutor como eu - neste lugar era responsável por um paciente do Sanatório, como um enfermeiro exclusivo. Esse foi o único ponto positivo que havia encontrado até aquele instante, ao menos é um louco só para lidar.

Primeiro era o refeitório dos funcionários e cozinha, devidamente arrumados e higienizados. Sobre o balcão de retirada de comida havia um livro de nutrição, e uma placa com o cardápio do dia, sopa de legumes. O que estava chamando minha atenção era uma máquina de café que aromatizava um canto do refeitório, talvez um segundo ponto positivo.

O segundo andar era da medicação com direito à uma farmácia de porta única, porém espaçosa, uma sala de documentos, e do outro lado uma porta de produtos estocados que usavam, desde de limpeza a equipamentos de jardinagem em um quartinho minúsculo.

A partir do terceiro as coisas ficavam mais fechadas, várias trancas não era algo estranho, pois aquele era o andar das pessoas com sanidade em perigo, que se viam regressadas à infância, para exemplificar as coisas em minha mente, termos médicos estão limitados apenas a diagnósticos, então serei simplista. Apesar de ser um médico, termos médicos parecem mais pesados do que na realidade são.

O quarto tinha uma iluminação amena, como uma pessoa ligando o abajur na escuridão para ler um livro. Segundo informações da doutora Elizabeth, aquele andar deveria sempre ser bem silencioso, devido seus residentes terem fobias angustiantes, que acabou por deixarem-os loucos.

No quinto abrigavam dentro das paredes que não deixavam emitir sons, os gritos dos mais perturbados, que tinham os mais variados distúrbios neurológicos, assemelha-se a robôs danificados pelo sistema.

Minha mente começava a teorizar coisas ruins ao chegar no sexto andar, a partir dele comecei a sentir mais medo do que pode me aguardar. Nele estavam as pessoas que realmente haviam perdido a sanidade e pelo jeito com uma cura distante, já não estavam mais em seu estado normal, viam fantasmas e conversavam com o nada. Esquizofrênia de alto grau, mal do século junto á depressão.

O sétimo abrigava os assassinos, alguns que tornaram-se suicidas loucos por terem cometido devido ato em apagões, ou os que queriam matar mais como uma sede, de forma violenta. Em minha mente, vampiros cai muito bem como algo fantasioso na última classificação.

A realidade era que, a tendência era piorar. Até porque Elizabeth não havia me dito até no entanto de quem estava prestes a cuidar, e já estávamos subindo as escadas para o oitavo e ultimo andar.

O oitavo era escuro, como se o quarto andar fosse um sol próximo dele. As luzes iluminavam fracamente o corredor como um clichê filme de terror, a chuva também ajudava a criar esse clima, só faltava um demônio e pronto, novo sucesso de bilheteria, e eu? Estava começando a me sentir mais tenso a cada estúpido segundo. O ar inconfundível aos demais, deste corredor era gelado e cheirava enjoativamente a remédio. Havia um guarda alto, de calvície visível e forte no início do corredor, nos encarando com seriedade em seu rosto redondo. Okay, isso não parecer ser nada bom.

Nervoso, apertei com força a alça curta de minha maleta preta e quase seca, em uma tentativa de me concentrar e manter a postura calma, descontando meu nervosismo em meus dedos esguios no suporte. Não é algo profissional esbanjar medo de algum empecilho em sua profissão, preciso manter em mente a idéia de que, são só alguns meses, logo consigo um emprego descente para mim.

Elizabeth tomou a dianteira, e caminhou em minha frente, percebi ela parar diante da última porta branca do lugar. A pressão de que era, último quarto, do último corredor, do último andar. São alguns meses.

ㅡ Aqui é? ㅡ Olhei ao redor, carregado de um covarde receio.

ㅡ A ala dos psicopatas.

As mãos ossudas da mulher seguraram-se na maçaneta prateada, pegando uma chave de seu jaleco e colocando no trinco em um ritmo só. A conclusão imediata com esse ato, a parada na visita, só queria dizer a coisa mais óbvia do mundo, que quem está atrás desta porta, a partir de agora está sob meus cuidados.

ㅡ Aqui fica Min Yoongi.

Esse nome era forte. Tão forte que pela primeira vez senti medo de alguém que eu nem sabia quem era. Mas sabia o que era capaz de fazer.


•~
Gostaram do nosso novo começo? Eu adicionei descrição sobre os andares, nada surpreendente, mas ficou melhor. Não que a cafeteira vá mudar alguma coisa, mas lugar sem café é lugar sem prestígio!

ATENÇÃO: se houver alguém que leu toda fanfic antes da retirada, por favor SEM SPOILERS nos comentários, vamos deixar a leitura de todos agradável [♡]

🌻Um girassol para vocês! Até mais!

Insane Heart ➣YoonseokWhere stories live. Discover now