Capítulo 03 - Perca-se em meus delírios.

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Depois que levaram Jasmim de volta para o Hospital Psiquiátrico, eu não tive mais nenhum contato com ela e àquela noite perdeu-se em minhas lembranças.

Eu queria ser capaz de compreender o que havia acontecido, por que fui capaz de ajudar alguém em meio a uma estrada à noite deserta? Acho que tenho algum problema. Virei para o lado oposto, tentando a todo custo dormir.

Você deveria ouvir-me...

Ergui meu corpo assustado da cama, procurando rapidamente o interruptor que iluminaria todo meu quarto.

– Quem está aí?!

O vento começou a uivar do lado de fora, fazendo o galho da árvore arranhar o vidro da janela levemente.

– Que Droga! – Gritei, colocando as mãos no ouvido – Saí da minha cabeça!

Eu queria negar, dizer que não era real, mas eu reconheceria essa voz a quilômetros de distância. Por que ela não saía da minha cabeça?! Por que eu ainda a ouvia?

Por uma semana inteira, desde que saí daquele hospital, eu a ouvi e às vezes até a via em pé no meu quarto, encarando-me, até acender a luz e descobrir que estava simplesmente delirando. Isso é normal?

Encarei meu reflexo debilitado através do espelho sujo, haviam olheiras fundas arroxeadas em volta dos meus olhos castanhos, meus cabelos estavam embaraçados jogados para cima, a barba por fazer com falhas. Estava aparentando ser mais velho, passaria fácil por um homem de 35 anos e não por um de 25 anos. Essa garota estava bagunçado minha mente, ferrando minha vida e eu nem sabia quem ela era!

– Que merda! – Joguei alguns objetos que estavam em minha cômoda para o chão – Quem é você?! Por que não saí da minha cabeça?!

Sentei na beirada da minha cama, encarando a cicatriz em meu pé, revivendo uma lembrança antiga:

' – Pedro, não vá muito para o fundo, cuidado, é perigoso!

Minha mãe era exagerada como sempre, como se eu fosse me afogar em uma cachoeira sem graça como essa. Esperei ela se distrair com minha irmã caçula para entrar novamente nas águas doces.

Quem ela pensa que eu sou? Tenho 13 anos, não sou mais criança para ficar me controlando assim. Revirei os olhos e dei um mergulho.

A água estava gélida, mas obriguei-me a nadar, precisava provar para eu mesmo que era capaz e conseguiria chegar a outra margem. Subi a cabeça para tomar ar e afundei meu corpo, dessa vez mergulhei mais fundo, tentando alcançar as pedras abaixo dos meus pés. Quando eu ia emergir novamente para a superfície algo puxou meu pé, não consegui soltar-me do que prendia-o ali. Desesperado comecei a sacudir meu corpo freneticamente, ficando sem ar.

Quando percebi que as bolhas de ar não subiram mais em frente ao meu rosto, parei de debater-me, sentindo meus pulmões queimarem pela falta de ar.

Já estava perdendo a consciência, com os olhos quase fechando-se, foi então que vi um brilho verde passar rapidamente em minha frente e o toque de dedos em minha panturrilha soltaram meu pé do que o prendia ali.

Estava atordoado, mas eu via cabelos longos e negros dançando em meu campo de visão. Era uma mulher, a mulher mais linda que eu vira, mesmo quase não enxergando nada '.

Como não reconheci aqueles olhos?!

– Era ela - Sussurrei levantando-me de pressa, vestindo uma blusa e calçando meus tênis – Eu sei o que você é, Jasmim.

Sussurro NoturnoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora