Rotina

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Os nós apertados machucavam e podia senti-los apertando e torcendo sua pele. As cordas passavam por suas pernas e braços, juntando os membros e deixando-o numa posição extremamente vulnerável.

Marc encarou-o com um sorriso sádico que fez seu coração palpitar de ansiedade. Não se cansava de de vê-lo sorrir, ainda mais ao saber que o motivo daquele sorriso era o seu corpo, exposto na cama como estava.

Milagrosamente, sua boca estava livre, sem mordaças e Archie não ousou abusar daquela liberdade, evitando resmungar. Na verdade não emitiu um som sequer, nem quando suas coxas foram mordidas com força, deixando sua pele vermelha, mas não o bastante para sangrar.

—Você gosta disso, não é? 

Archie assentiu com a cabeça. O corpo estremeceu ao sentir as unhas de Marc deslizando por sua cintura e pelo quadril, numa carícia torturante que eriçou seus pelos. A garganta estava fechada como um nó parecido com os que prendiam seus braços e pernas, apertado e que lhe impedia de gritar palavrões.

Marc adorava quando ele respondia aquelas perguntas choramingando. Gostava das lamúrias e gritos que ouvia e Archie gostava de satisfazê-lo com sua voz.

Um espasmo percorreu seu corpo ao ter a nádega direita esbofeteada.

Era apenas outra coisa que ele adorava: batê-lo ali até ficar vermelho. Depois mordia o mesmo local, fazendo Archie se contorcer e gritar de prazer sem nunca usar a palavra de segurança, pois sabia que aguentaria.

As marcas nos braços geralmente apareciam quando Marc puxava-o ou empurrava-o para se ajoelhar. Archie gostava de ser pegado com força, de sentir a mão dele fechando-se em seu braço, provocando dor, um aperto gostoso e imponente do qual gostava. A sensação de ardência e inchaço vinha depois e, por último, os hematomas. Tudo isso deixava-o excitado e fazia as pessoas olharem, curiosas, para as marcas visíveis em seu corpo.

Achava os hematomas lindos. Por toda sua pele branca as manchas roxas e rosas destacavam-se como beijos doloridos e retratos do desejo que tinham um pelo outro. No pescoço Marc deixava alguns chupões fortes, mas preferia mesmo era marcar suas pernas. E Archie gostava de olhá-lo fazendo aquilo com um semblante concentrado, sentindo os dentes dele abocanharem sua carne e a saliva quente tocar o local. Era o suficiente para chegar ao clímax.

Marc gostava de usar a boca de Archie para se satisfazer. Contudo, também gostava de apertar as marcas que acabara de criar enquanto olhava a expressão de dor no rosto do garoto. Por vezes as beijava, porque eram suas marcas, sua assinatura.

E naquele dia não havia sido diferente.

______

Logo depois do ato, Marc gostava de fumar um ou dois cigarros. Às vezes passava longos minutos apenas estudando a face de Archie, o que fazia o garoto corar e ficar nervoso. Então ele colocava os óculos para poder enxergar com mais nitidez a razão da aceleração de seus batimentos cardíacos.

Archie ainda podia sentir as cordas em seu corpo e adorava aquela sensação de ser dominado, mandado e de servir ao homem que amava. Não se importava muito com o que as pessoas enxergavam quando viam as marcas em seus braços e gostava de deixá-las em dúvida, mesmo que tivesse um pouco de vergonha quando lhe perguntavam sobre.

Marc continuou encarando seu corpo. Admirou a pele branca, os olhos verdes nos quais ninguém reparava de longe devido aos óculos e as marcas que havia feito. Sentia um desejo muito forte pelo corpo dele. Desejava possuí-lo em todos os lugares da casa e de marcá-lo em todos pontos possíveis.

Toda vez que dormiam juntos degustava-o  com lentidão.

Não havia razão para ter pressa, pois com calma tudo fluía melhor.

Estavam na casa, ou melhor, mansão, de Marc. Não tinha motivo para fazerem tudo aquilo num lugar pequeno como um motel ou na casa de Archie. Estes lugares não possuíam nenhum luxo e eram pequenos, apertados. 

Sua mansão havia sido herdada do avô, um engenheiro muito prestigiado que havia falecido em decorrência de um câncer. Ele havia deixado tudo para seu amado neto. Por vezes se perguntava o que o avô pensaria se soubesse o que fazia naqueles cômodos e era tomado por um misto de irritação e saudades.

—Preciso ir.

A fala de Archie tirou-o de seus devaneios. Apagou o cigarro no cinzeiro ao lado da cama e sentiu os olhos do garoto sobre si. Será que ele estava com receio de que ficasse irritado e não o deixasse ir embora? O que faria se dissesse que queria mais, que não estava satisfeito? Provavelmente obedeceria. Mas Marc não podia privá-lo de trabalhar e receber seu salário, mesmo que fosse um emprego miserável, também não tinha interesse em dominá-lo fora da cama. Obrigá-lo a fazer algo que não queria nunca passou por sua cabeça. Tudo o que faziam era consentido e sempre respeitava os limites dele.

Assentiu com uma expressão desinteressada no rosto, depois levantou-se e saiu do quarto.

Todos perguntavam: por que Archie? O que ele tinha de especial? Havia gostado da ingenuidade no olhar dele quando o vira trabalhando naquele bar e, principalmente, havia ficado atraído pelos olhos cor de esmeralda dele. Ele não tinha muito de especial (Marc recusava-se a admitir que ele tinha muitas qualidades) e talvez fosse por isso que haviam começado aquilo, seja lá como nomeariam aquela relação.

Além disso, o garoto não tinha muitas posses, que mal faria trazer um pouco de diversão para a vida dele?

Archie vestiu-se com lentidão, sentindo um pouco de dor nas costas, resultado de vários minutos na mesma posição. Os joelhos ainda tremiam pelo mesmo motivo.

Adorava fazer as vontades do outro, mas não podia negar que existiam 2 Marcs: o que se mostrava quando estavam entre quatro paredes e o que ia lhe buscar no trabalho e perguntava sobre seu dia, como se fosse importante na vida dele. Gostava de ambos, não podia negar, mas o segundo fazia seu coração pular loucamente no peito. Às vezes desejava que os dois se misturassem quando estavam sozinhos.

Não estava reclamando do comportamento íntimo que ele tinha, afinal, fazia aquelas coisas porque desejava, não apenas para agradá-lo. Apenas desejava que, algum dia, pudessem conversar sobre suas expectativas e desejos para o futuro.

Até quando o relacionamento duraria daquela maneira era algo que ambos se perguntavam apenas mentalmente, porque a resposta era incerta.

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