Capítulo 6

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Ao adentrarmos à escola, vamos para uma sala reservada onde acontecerão as aulas. Já havia alguns poucos alunos na sala. Enquanto esperamos o restante da turma, ele organiza seu material e eu pego uma carteira e me sento próximo à sua mesa.

— Em que realmente eu posso ajudar? —pergunto. 

— Você será útil em muitas coisas. Não pense que te trouxe aqui apenas recolher ou distribuir provas, você irá instruí-los. Escolhi você porque sei que é safa na disciplina e poderá contribuir com o seu conhecimento. — ele me responde.

— Tudo certo! — respondo com um sorriso maroto.

Ele começa a aula. É impressionante como ele fica incrivelmente sexy com esse seu jeito sério. Ah, se ele soubesse que tem sido o dono dos meus pensamentos ultimamente, mas, por um momento, caio na real, eu sei que é impossível acontecer alguma coisa entre nós. A relação aluno e professor deve ser estritamente profissional, além disso, eu sou menor de idade, veja só o tamanho do problema.

Após me perder em minhas confusões, termina o primeiro momento da aula e eu vou distribuir os exercícios quando o professor anuncia:

— Turma, vocês já perceberam que não estou só. Essa é Jhulyane. Ela também ajudará no que puder quando estiverem com dúvidas. — Foi a primeira vez que ele falou o meu nome e não o sobrenome como de costume.

Ao distribuir, escuto alguns comentários que já são bastante comuns, do tipo "ai, como ele é lindo"; "reprovaria mil vezes só para ficar olhando para ele".
Fico cheia de ciúmes, sem razão, eu sei, mas o que eu posso fazer?
Termino a distribuição e saio pra beber um pouco de água. Fico pensando se as minhas fantasias teriam ou não fundamento, mas, muito sinceramente, acredito que não, pois até o momento, ele se mostrou muito fechado. Não foi como o Raian, que saiu me dando beijos, mas bem que eu gostaria que fosse. Levo um pouco de água pra ele também, deve estar com sede.

— Obrigada, Marinho! — ele agradece, voltando a me chamar pelo segundo nome.

— Gostaria se me chame de Jhuly, pois assim não me sinto uma senhora. — sorrio.

— Tudo bem, Jhuly! — ele corrige.

O segundo e último momento da aula se encerra. Recolho os exercícios e os alunos se retiram, exceto uma garota, a senhorita oferecida Tiffany.
Ela dizia que não estava entendo uma questão, mas eu sabia que ela estava apenas se fazendo. Ela passava uma das mãos em um dos braços dele, e a outra fingia mostrar algo no exercício. Puro teatro!
Finalmente ela se retira.

— Até que enfim! — digo em voz baixa, mas sou ouvida.

— Está com pressa, Mar... Jhuly? — ele pergunta.

— Não. — respondo — Me refiro a Tiffany, pois era óbvio que ela não estava com dúvida. 

— Não estava? Então o que estava fazendo? — volta a perguntar enquanto guarda seus materiais, sem tirar os olhos de mim.

— Sério? Você não percebeu? Ela estava praticamente se jogando para cima de você. — sou direta.

— Independentemente se ela estava fazendo isso ou não, eu estava apenas cumprindo com meu papel de professor. — ele fala chegando mais perto — Você ficou com ciúmes? — ele fala achando graça da situação e meu coração acelera outra vez.

— Cla... Claro que não! Imagina... — respondo nervosa.

Ele se aproxima ainda mais e diz:

— Jhuly, você fica mais linda ainda com ciúme.

Antes que eu pudesse perceber, ele estava muito próximo de mim. Meus olhos oscilavam entre seus olhos e sua boca. A ocasião não pedia outra coisa, então nos beijamos. Primeiro fiquei sem reação, mas 1 segundo depois me senti no paraíso. Ele me pegou pela cintura e me deu um beijo quente, preenchendo cada espaço da minha boca. Fico sem saber o que fazer, mas depois de entender seu ritmo, seguro sua nuca e continuo.

De repente ele para.

— Desculpa! Isso não deveria ter acontecido! — ele diz arrependido e se afastando.

— Mas...

— Vamos! — ele me interrompe.

Ele me da uma carona até minha casa. Fomos a viagem toda em silêncio.
Quando chegamos, apenas agradeço e saio sem olhar pra ele.

Eu estava feliz por ter beijado aquele homem, e que beijo, mas  também estava triste, por ele ter se arrependido.

A dualidade é cruel. No meu entendimento, uma linha tênue entre "fique longe" e "tente mais um pouco". Eu estava realmente em dúvida, precisava daquele conselho de amiga que só podia vim de uma pessoa: Charlie. Resolvi esperar ela vir amanhã e contar tudo. Sabia que era um assunto que poderia comprometê-lo, mas também sabia que podia confiar cegamente na Charlie.

Passei o resto do dia pensando naquele beijo e pensando em se ele ainda solicitaria minha ajuda nas aulas. Espero que sim, não quero mais ficar longe dele.

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora