Capítulo 15

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Mais tarde, nesse mesmo dia, ouço batidas na porta. É Charlie. Havíamos combinado com Cléo de começarmos os ensaios hoje, isso porque ela estaria com tempo livre naquele momento (o que não era tão fácil para uma pessoa como ela), também somado ao fato de estarmos com pouco tempo para o início do teste. Vamos ao endereço combinado para dar início aos trabalhos.

— Oi, meninas! Boa tarde! Entrem! — Cléo nos recepciona. 

— Boa tarde! Tudo bem? — respondemos animadas e entramos.

— Venham, tenho um lugar aqui para ensaiarmos.

Aqui entre nós, já imaginávamos que Cléo tinha todo um aparato, pois além de sua família ter boas condições e fazer todas suas vontades, ela tinha vocação para a arte rítmica. Então, ela nos leva ao que eu me atreveria chamar de estúdio, pois era completo e rico em detalhes. Com toda certeza, ela seguirá a carreira ao terminar os estudos.

— Bem, deixa eu ver se entendi. Vocês irão participar de uma seleção e precisam de uma coreografia inédita e criativa?! — ela questiona.

— Exatamente! — afirmo —  E por motivos de serem passos tão específicos, que requerem técnica e precisão, pensamos que você seria a pessoa ideal para nos ajudar.

— Compreendo. — Cléo diz — Fico feliz por me considerarem apta para essa missão, mas a minha pergunta é: vocês têm ao menos flexibilidade? Sabem dar piruetas, saltos giratórios, ou algo assim? Digo, não é como as danças casuais que você só precisa decorar alguns passos, precisa de habilidade.

— Digamos que sim, claro que não temos toda a desenvoltura de líderes, mas vez ou outra praticávamos ginástica e sempre tivemos boa coordenação, acho que isso ajuda. — acrescenta Charlie.

— Então isso é meio caminho andado. Eu não sabia nada disso quando entrei para o time, o que me ajudou foi a minha criatividade e comando de voz. — Cléo nos responde.

— Isso significa que não vamos precisar de saltos e essas coisas? — pergunta Charlie.

— Muito pelo contrário. — Cléo volta a falar — Esse será o diferencial de vocês, mas não se preocupem, muito provavelmente vocês não serão cobradas assim de primeira, mas iremos tentar, pois a primeira impressão é a que fica. Então, hoje, vamos apenas treinar a desenvoltura de vocês e amanhã aplicaremos na coreografia, ok? Não vai ser muito longa, mas vai ser bem trabalhada, vou prepará-las para darem o seu melhor.

— Ok! — respondemos.

Iniciamos a tarde de treinos, que se estendeu pela noite. Saímos da casa de Cléo por volta das 20h00 como se tivéssemos sido atropeladas por algum ônibus escolar, minhas pernas vacilavam. Chego em casa nas últimas e sinto que agora é a hora da minha morte, pois parecia que eu tinha encontrado um espírito - não tão assombroso - em nosso sofá. Que diabos ele estava fazendo aqui? Por um minuto, meu corpo parou de produzir melanina, tão pálida que fiquei.

— Minha filha, por que demorou tanto? Você está bem? O que houve? — minha mãe pergunta.

— Euu... tive um compromisso. — falo olhando sério para Rodrigo. Teria ele a audácia de contar aos meus pai que matei aula?

— Entendo, mas você deveria ter avisado que chegaria fora do horário habitual. Seu professor veio aqui lhe procurar, pois não conseguiu entrar em contato com você. Parece que ele tem alguns assuntos relacionados a monitoria e conselho de classe, algo assim, vá atendê-lo.

— Tudo bem, vou resolver isso. — respondo à minha mãe e me dirijo a Rodrigo. — Vamos até o pátio, lá é mais ventilado.

Ele me segue.

Meu querido professorWhere stories live. Discover now