Capítulo XL: A festa dos mortos

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Samuel

Nunca tinha sonhado com o Círculo de Prata até aquela noite antes do Halloween. E eu conseguia vê-los claramente diante de mim, em um tipo de colina pacífica, num tipo de vida rural e cheia de alegrias e sem nenhuma perturbação. No que eu acho que seria seu sonho nunca realizado.

Satella Beladona usava esse vestido de um amarelo claro e modesto, com seu cabelo ruivo batendo no rosto em suas sardas por causa do vento fresco, esperando sua esposa surgir do campo florido em algum momento com uma cesta de pães e qualquer coisa do tipo.

Havia algo de familiar naquele sorriso calmo, ao mesmo tempo que os olhos orientais passavam uma ferocidade e seriedade, junto ao ar alemão que ela compartilhava por sua herança étnica mestiça, que era tão comum entre os bruxos.

E vendo-a dessa forma mal dava para acreditar na guerreira que ela havia se tornado. Sua família possuía a rara habilidade de canalizar o poder de praticamente todos seus ancestrais se eles, é claro, lhe concedessem esse dom, o que junto a maximização de todos criada pelo Círculo tinha a tornado uma das bruxas mais poderosas que já viveu.

Cedric Ravenwood e Jan Markov pareciam perdidos no seu próprio espaço e tempo, analisando uma particularmente rara espécie de inseto que tinham encontrado por acidente, compartilhando sua curiosidade cientifica e amor com tudo ao redor deles.

Colleen Blackwell trançava os cabelos mais longos que eu já vi na vida, com a ponta dos seus dedos dos pés tocando a água do rio, tornando-a uma espécie de fusão harmônica entre dois contos de fadas, com sua pele pálida, lábios vermelhos, cabelos negros e longos como uma torre. Enquanto Kenneth Whitemann olhava para o sol imaginando todas as coisas que poderiam existir acima de toda aquela vastidão, e em um segundo aquilo tudo mudou com uma onda de fúria, fogo rubro e destruição, varrendo cada parte daquela colina pacífica, e vida simples, para uma zona de guerra árida e em chamas. Cheia de morte e destruição.

Dessa vez eu me vi lá, sem eles, ou os meus amigos, com aquela eletricidade correndo na espinha. E mais rápido do que eu pudesse correr, ele apareceu atrás de mim, sussurrando no ouvido.

– Nós estamos voltando.

Então eu virei e Paimon tinha desaparecido, e eu continuava lá, sozinho e indefeso.

– Acorde!

Rex gritou estalando os dedos no meu rosto.

– O que foi?

Perguntei confuso, quase deixando as sacolas caírem no chão.

– Pare de sonhar acordado e preste atenção, as sacolas estão quase rasgando.

Advertiu e ele não estava totalmente errado, eu só não estava sonhando acordado, e sim relembrando de um sonho recente.

– Por que depois de todo esse planejamento, ninguém pensou em comprar as bebidas com antecedência?

Perguntei irritado, isso sempre sobrava para nós dois no final.

– Sou o Aquaman do Snyder e você o Capitão América antes dos acontecimentos finais de Guerra Civil, nós temos total capacidade de realizar essa missão. Agora se apresse, Sam.

Rex reclamou, e eu assenti, principalmente porque ele estava tentando fortemente usar o festival da melhor maneira depois do término do seu relacionamento do dia para a noite. Recusando-se a falar sobre o assunto.

Bruxos&Demônios, vol. III - Vínculos&MonstrosWhere stories live. Discover now