CAPÍTULO 07

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    Eu andava apressada em direção ao prédio em que se encontrava o meu apartamento, enquanto pensava o que eu havia feito de tão errado para Deus dar folga para o meu anjo da guarda naquele dia, afinal, além de chegar atrasadíssima no Five Stars, ainda teria que escutar as inúmeras reclamações de Ashley e Lucy.

- Bom dia. - falei quando as encontrei no corredor do prédio. Sinceramente, eu estava morrendo de medo de Ash me dar um murro na fuça, mas ela apenas me chamou de vadia irresponsável e, para minha surpresa, me abraçou logo depois.

- Eu fiquei tão preocupada com você, sua vagabunda. - falou ela enquanto me abraçava e Lucy me olhava se perguntando o que ela fez para merecer uma namorada tão estranha.

- Ainda está em efeito do álcool? - perguntei lhe dando um pequeno e discreto empurrãozinho para que ela se afastasse de mim.

- É óbvio que sim, acha mesmo que eu te abraçaria depois de você ter passado uma noite sem dar notícias? - perguntou ela arqueando uma das sobrancelhas.

- Okay, agora mudando de assunto, como foi a noite? - perguntou Lucy parecendo animada com a resposta que viria, mas eu apenas abri a porta do meu apartamento, e entrei depois de dizer que estava atrasada para o trabalho.

    A melhor coisa a se fazer seria tentar esquecer o que havia acontecido de uma forma rápida. É óbvio que qualquer garota estaria se vangloriando nesse momento, mas eu não, pelo menos pra mim, ficar com Shawn Mendes não era como receber um prêmio, foi algo normal, como poderia ter sido com qualquer outro garoto, ele não era diferente dos outros, apenas sabia cantar e conseguia, de uma forma extremamente fácil, encantar metade das garotas existentes no mundo com aquele sorriso maravilhoso e com sua voz lindamente encantadora.

[...]

    Aquele dia parecia estar sendo um século. Quanto mais eu rezava para o meu expediente acabar, mais as horas passavam de um modo absurdamente lento. E depois de passar o dia inteiro ouvindo as reclamações de Carter se referindo ao meu pequeno atraso de uma hora e meia, o relógio finalmente bateu seis horas.

- Hazel, preciso que fique aqui até as dez. - avisou Carter enquanto eu tirava o avental e pensava em qual seria a posição mais confortável para dormir depois de um dia extremamente entediante e cansativo.

- Você tá achando que eu sou o que? Uma barra de ferro? - debochei indignada, afinal, não estava no meu contrato servir de empregada para o mauricinho até a hora em que ele desejasse.

- Seja lá o que você for, preciso que fique até as dez. - ele me encarou como se fosse me atacar com as próprias mãos, e depois olhou para James, que já estava se preparando para sair - vou precisar de você também, James.

- Não posso ficar, não tenho com quem deixar minha filha. - respondeu James mesmo sabendo que Carter era babaca demais para ligar para a vida dos outros.

- Pede para a sua esposa fazer isso. - sugeriu Carter de modo seco e esnobe, como sempre.

    A primeira coisa que passou pela minha cabeça naquele momento foi "isso vai dar merda", a segunda foi "eu tô com fome". A esposa de James havia morrido no fim do ano passado quando lutava contra um câncer, e acabou deixando a responsabilidade de criar uma filha para o marido, que chegou a entrar em depressão depois do acontecimento.

- A minha esposa morreu. - respondeu ele já se preparando para chorar. Era estranho ver James chorando, ele era forte, alto, era aquele tipo de homem que todos nós chamamos de "Negão da porra", nunca passou pela minha cabeça que um dia eu o veria desmoronar em lágrimas.

- Sinto muito pela sua perda. - falou Carter, mas apenas por educação, pois a sua voz debochada continuava no mesmo tom - voltando ao nosso assunto, eu vou precisar de você aqui até as dez.

THE FEELING // SHAWNWhere stories live. Discover now