Capítulo Três - Embate

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Poin't Of View - Draco Malfoy

- O que você está fazendo aqui? - pergunto a figura a minha frente. Lucius caminha pela cozinha como se admirasse a decoração e somente minutos depois é que seu olhar se dirige a mim.

- O que estamos fazendo aqui. - ele me corrige. Suspiro fundo, será que todas as coisas ruins que já me aconteceram não foram o suficiente? Será que eu tenho que passar por mais essa provação? Já não basta tudo?

- Quem mais está com você?

- Alguns amigos... - Lucius me responde, parando finalmente em minha frente e me olhando com um ar de superior. Será que todos os anos em Azkaban não o fizeram mudar? Encontro a resposta nas suas orbes frias. Não, não fizeram, talvez tenham feito tornar-se um ser humano ainda pior.

Desvio meus olhos de suas orbes claras como as minhas e dou atenção ao restante do seu rosto e em seguida nas suas vestes. Ele não é mais o homem que eu conheci, ainda sinto a ar superior vindo dele, mas é meio deslocado diante dos cabelos desgrenhados e brancos e as roupas surradas recobertas de sujeira.

- Como saiu de Azkaban? - pergunto.

- Conheço várias pessoas, você sabe. Só fico mesmo surpreso de ter demorado tanto tempo para sair da prisão.

- Você não é bem vindo aqui. - digo finalmente, depois de alguns minutos em silêncio absorvendo suas palavras e tentando decifra-las.

- Essa é a minha casa. - ele ri.

- Sua casa? - finalmente me imponho sobre ele e seus desejos, não posso e não vou me dobrar, por anos me martirizei pensando no que eu poderia ter feito diferente e que me levaria à um caminho oposto a esse que trilho hoje, então definitivamente não vou cometer os mesmos erros, não vou fazer de novo e de novo. Não posso, não vou e não quero. - Esse lugar deixou de ser sua casa a partir do momento em que você a entregou nas mãos de um Sangue-Ruim.

- O Lord...

- Seu Lord morreu Lucius. - digo pra ele, que me encara altivo - E te deixou um nome jogado na lama e anos encurralado numa prisão. Seja homem uma vez na vida e suma daqui.

- Filho, o Lord tinha um plano. Eu sei que fugi como um medroso, mas não vou fazer mais isso, eu me arrependi e...

- Não sou seu filho. - eu digo - E saia daqui antes que eu...

Mas então minhas palavras são caladas graças a um estampido. O som reverbera pela mansão e é mais do que já tive nos últimos anos. Vejo o rosto do Lucius ficar pálido e então um tremor passar pelo seu corpo quando uma voz lá na sala grita:

- Aurores!

Poin't Of View - Hermione Granger

Faz algum tempo que não sentia essa adrenalina no meu corpo. Sabe, aquele vendaval de sentimentos de quando você realmente tem o que fazer... A sensação de perigo que paira sob sua cabeça, o coração que bate alucinado... É loucura, mas gosto disso, de toda essa emoção. Parece fazer sentido de uma forma inexplicável. É o que vivi desde meus onze anos de idade, e agora é como recobrar um pouco esses momentos, a sensação de que o mundo todo depende de você. É claro que aos onze anos eu pouco sabia o que estava fazendo, mas agora sei e é reconfortante.

Estou dentro da minha sala lendo e relendo a lista de aurores que foram por mim designados a tarefa de reforçar os feitiço da prisão de Azkaban. Algum destes - ou alguns - traiu o Ministério, e por isso nenhum deles vai saber sobre a fuga e os planos de busca para Lucius Malfoy e seus amigos.

Esse é o tipo de coisa que não se sai por aí espalhando, neste momento o Ministro em pessoa está mexendo os pauzinhos para que ninguém do mundo mágico saiba. O intuito é encontrar os fugitivos e prende-los novamente em dias, quem sabe duas semanas.

Escolho entre os Inomináveis duas pessoas de minha extrema confiança e mando um patrono exigindo a presença deles o mais rápido possível em minha sala. É isso, agora é montar um plano e aguardar.

Olho para meu relógio de pulso, faz pouco mais de uma hora que me despedi do ministro da magia. Seja o que for que Lucius está tramando, ainda não vai ter dado tempo dele fazer nada, no momento o que ele precisa é de um lugar isolado para poder fazer suas tramas e para isso, ele precisa encontrar pessoas de confiança que estejam aqui dentro do Ministério antecipando todo e qualquer passo nosso.

Se eu fosse uma comensal e tivesse fugido de Azkaban, para onde eu iria?

Meus pensamentos são interrompidos por uma leve batida na porta. Mando entrar, e aguardo enquanto os dois se ajeitam na cadeira a minha frente.

Hugo e Agatha Personi, ambos italianos e irmãos gêmeos. Se formaram junto comigo na academia de Inomináveis e são meu braço direito aqui dentro. Confio aos dois minha vida se necessário.

- Boa noite. - Agatha diz, ela é uma bela mulher, tem minha idade, longos cabelos negros e enrolados e um rosto anguloso. - O que aconteceu?

- O que eu vou dizer agora deverá ser mantido entre nós três apenas. Ninguém fora dessa sala deve saber até segundas ordens. Entenderam? - ambos acentem, me olhando preocupados. Fora desse escritório somos amigos, mas aqui dentro o profissionalismo sobrepõe a amizade, de outra forma nunca poderíamos chegar onde chegamos. - Alguns dos mais perigosos comensais da morte fugiram de Azkaban a algumas horas, nenhum outro auror ou inominável foi notificado, estão todos em suspeita. O Ministro delegou para mim a tarefa de prender esses comensais novamente e instalar a ordem antes que o que quer que eles planejem seja executado.

- Nomes? - Hugo pergunta, entrego a lista em suas mãos e espero que os gêmeos leiam. - Malfoy, Selwyn, Avery, Walden e Augusto Rookwood. Eles ficavam próximos, mas ainda sim havia entre eles outros comensais, porque esses cinco em especial?

Penso um minuto e então digo:

- Não sei, essa é apenas uma das muitas perguntas que vamos fazer a esses cinco quando os colocarmos de volta no lugar daonde eles nunca deveriam ter saído.

O casal a minha frente balança a cabeça concordando e então mergulhamos em um plano. Finalmente conto para eles o principal suspeito do ministro.

- Malfoy? Porque Draco Malfoy? - Agatha pergunta. - A anos que não ouço falar sobre ele, pelo que sei hoje vive isolado.

- É o único parente vivo que pode ter algo a ver com os fugitivos. Além do mais, conheço os Malfoy, podem ser covardes, mas são unidos na medida do possível.

- Podemos nos reunir amanhã bem cedo aos arredores da mansão dele, procurar antes de invadir, estamos em menor número e isso pode ser perigoso. - Hugo diz, nego balançando a cabeça. Hugo sempre foi o mais cuidadoso de nós três, ele pensa em cada ato, e se não fosse Agatha ser tão impulsiva, talvez isso fosse ruim, mas trabalhamos bem juntos: O cuidadoso, a impulsiva e a temperada. Eu não me coloco em perigo à toa, mas confio em minhas habilidades, sei que sou uma excelente bruxa, e precisa mais do que cinco comensais aposentados para me por medo.

- Nós vamos hoje, e vamos entrar pela porta da frente. O que quer que esteja acontecendo naquela mansão, eles não vão estar esperando por nós.

Boa tarde !!
Como vocês estão? Como prometido esse é o capítulo de hoje, espero que gostem e até quarta feira ❤

A Bela e o FeraWhere stories live. Discover now