Capítulo Quatorze - Ataque

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Poin't Of View - Draco Lucius Malfoy

Dei as costas para a cela e sem saber o que pensar, me afasto daquelas grades e de tudo o que elas significam. Uma parte de mim sabe que ela está certa, que minha frustração está sendo descontada nela. Mas outra parte, e essa grita mais alto dentro de mim, quer fazer justiça com as próprias mãos, quer vê-la sofrer assim como eu sofri. Injusto? Sim. Mas ela também foi injusta comigo.

Me sento no sofá decrépito- como tudo nessa casa é - com esses pensamentos ainda na minha cabeça. A certeza de que ela merece isso, dando lugar a dúvida, será que ela merece mesmo? Eu no lugar dela, acreditaria na minha inocência? Acreditaria que a pessoa que a humilhou durante anos na escola e que lutou contra ela e seus amigos na Grande Guerra, mudou? A resposta é simples: não. Eu não acreditaria nisso, então porque, por Merlin, eu deveria esperar que ela ou qualquer outro acreditasse?

Esses pensamentos são varridos da minha mente quando ouço passos vindo até mim, levanto meus olhos em direção ao lugar de onde há pouco sai e vejo Hermione Granger irromper pela sala, atrás dela suas malas levitam sustentadas pela varinha em sua mão.

Uma bruxa corajosa, é tudo o que eu vejo. Uma grifinória, alguém que não se dobra, que luta pelo o que acredita. Tão diferente de mim.

- Onde você vai? - pergunto. Meu lado arrogante e prepotente se sobrepondo a qualquer outro sentimento.

- Onde eu deveria ir no momento em que você me  deixou trancafiada naquele lugar. - ela me responde, me olha nos olhos e sem dizer mais nada, apenas caminha até a porta e sai. Sua força mexe comigo eu queria muito ser assim, não ser essa pessoa que se dobra até mesmo a imagem em um quadro.

Fico sentado por alguns segundos que me parecem horas. As paredes parecem se fechar ao meu derredor e eu fico apenas ali, como um claustrofóbico que em um momento de desespero não sabe o que fazer.

Estou sozinho. Novamente eu estou irremediavelmente sozinho, como sempre estive na minha infância e adolescência, com meus pais mais preocupados com nosso nome, do que com dar atenção ao filho que eles tinham. Estou sozinho como na adolescência, quando fui ameaçado por Voldemort, e não tive ninguém para me ajudar. Estou sozinho, só eu... Como sempre foi.

Estava mergulhado em minha amargura, quando ouço um estampido e o vidro da minha janela é quebrada. Imediatamente me levando e corro em direção a porta onde Hermione há pouco me dava as costas.

Não demora muito para que o quadro em minha frente faça meu coração bater assustado.

Três homens encapuzados duelavam com a Granger que os repelia e ataca com maestria. Os cabelos dela, que outrora encontravam-se presos, aos poucos se soltavam e os cachos caiam pelas suas costas tensas. As malas dela que antes estavam sustentadas por um feitiço de levitação, agora jazem esquecidas no chão.

Saio da janela e corro para a porta, a imagem dos quatro duelando naquela dança envolvente e mortal enchem minhas íris e me deixa hipnotizado. Foi disso que eu fugi, foi disso que eu corri. O poder em minhas mãos, a decisão de tirar uma vida... Isso pode cegar um homem, fazer alguém descontar um medo ou uma frustração em uma terceira pessoa... É por isso que minha varinha está trancada em uma sala e protegida não só por uma redoma, mas também por um feitiço poderoso.

- Cruccius... - o homem mais próximo a Hermione grita, vejo quando ela se vira e repele o feitiço e sinto todo o meu corpo se arrepiar.

- Matem-na!! - um deles grita, e em meio ao meu desespero eu corro em direção à eles e me ponho em frente ao corpo da castanha, quase que imediatamente eu me sinto um tolo. Ninguém entra no meio de um duelo de bruxos com as mãos abanando. - O Malfoy não, precisamos dele vivo. - o mesmo homem berra a plenos pulmões quando um feitiço quase me atinge.

- Expelliarmus. - Hermione grita para o homem que em meio a esse ataque de fúria nem tem tempo de retaliar, o que faz com que sua varinha voe das suas mãos e caia em meio ao mato que circunda minha casa. - Entra pra dentro, anda. 

 - Não vou te deixar sozinha aqui fora. 

 - -Você não tem a droga de uma varinha, vai ser atingido. - ela grita, depois de desviar um feitiço que chegou muito perto de nos atingir. - Encarcerous.

Um dos homens cai amarrado por cordas da cabeça aos pés, o que reduz o número de atacantes para apenas um. Hermione se vira em direção ao único Comensal que ainda resta e ambos entram em uma dança mortal, andam em círculos, se analisam, buscam brechas e fraquezas, e quase imediatamente ambos levantam a varinha proferem um feitiço:

- Expelliarmus - Hermione grita.

- Protego. - o comensal ainda mascarado profere, mas antes que Hermione pudesse retaliar ou dizer qualquer feitiço, o Comensal sem a varinha corre em minha direção.

Tento me esquivar do primeiro soco, mas não tenho êxito. O punho fechado do homem mascarado atinge minha costela fazendo com que uma onda de dor me atinja. Furioso, fecho as duas mãos e dou um soco que acerta em cheio o rosto escondido do homem.

Pelo canto do olho, vejo Hermione e o outro homem duelando, vejo quando um feitiço passa de raspão nela e vejo em seu rosto o quão cansada ela está. A raiva de saber que foi eu quem fiz isso só serve de combustível para a minha fúria, e assim que sinto outro soco me atingir, me viro com toda a raiva dentro de mim e sucessivamente desfiro socos e mais socos no homem que agora jazia embaixo de mim desacordado, mas nem isso faz com que eu pare de socar a cara desse maldito.

- Malfoy!! - ouço a voz de Hermione me chamar de longe. Olho em sua direção e o homem com que a pouco ela duelava, apontava a varinha para o comensal preso por cordas. Ele levita o corpo e o trás para perto. - Ele vai fugir.

Olho para o Comensal que se encontrava desmaiado aos meus pés, a dor em minhas mãos e em meu corpo parecem apenas servir para me despertar. Algo em mim muda ao ver a morena preocupada comigo, enquanto obviamente quer atacar ao único comensal que não se encontra desacordado. Tudo isso acontece em poucos segundos antes que eu grite:

- Vai, eu cuido desse aqui. - ela acena com a cabeça, e corre em direção aos dois homens que se preparavam para aparatar. Vejo quando ela lança um feitiço que faz com que o homem que a pouco estava suspenso por um feitiço, caia no chão em um baque mudo. Então, como se tudo estivesse em câmera lenta, um feitiço atinge Hermione, e ela cai no chão, gritando.

Corro em sua direção assustado, sem saber o que fazer. Minhas mãos tocam seu rosto tentando acalma-la, mas tudo o que sai dos seus lábios, é um grito ensurdecedor.

Olho em volta, procurando o comensal. "Estamos perdidos" é só o que consigo pensar, enquanto tento de alguma forma ajudar a mulher que grita a plenos pulmões.

- A minha varinha. - ela grita, procuro a varinha, e a encontro a poucos centímetros de seu corpo, caída no chão. Assim que entrego para Hermione, vejo ela conjurar um patrono mensageiro, e então, seus lábios cessam o grito, e Hermione Granger apaga.

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⏰ Last updated: Jun 19, 2020 ⏰

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A Bela e o FeraWhere stories live. Discover now