Capítulo Nove - Retrato do passado

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Poin't Of View - Draco Malfoy

Dois dias. Dois das que voltei para minha mansão, e dois dias que eu passei a dividir essas paredes com Hermione Granger.

Tento buscar em minhas memórias alguma coisa que me lembre um momento em que tive que dividir qualquer coisa que fosse com ela, mas não encontro, a não ser as poucas horas em que ela fez estadia no chão da minha sala quando estava sendo torturada pela minha tia. Também não encontro dentro de mim um só momento em que tenha querido isso, tudo o que eu lembro é de tê-la desprezado por toda a minha juventude, e embora hoje consiga reconhecer que os preconceitos bobos que me guiavam antigamente só serviram para segregar as pessoas, a raiva que tenho dentro de mim por te-la aqui, me impede de sentir-me culpado por todas as vezes em que eu xinguei ou humilhei ela, e se uma parte de mim entende que isso é errado, outra parte maior ainda não sente nada além de desprezo por aquela garota.

Não consigo mais dormir, não me sinto a vontade dentro da minha própria casa. Foi para impedir que coisas como essas acontecessem que eu me tranquei aqui e abneguei a magia, foi por isso que nem mesmo o túmulo da minha mãe eu visitei nesses anos. É por isso que a minha varinha está trancada em um quarto, dentro de uma redoma de vidro e protegida pelo mais poderoso feitiço.

Me levanto da cama e caminho pelo quarto, eu acho mesmo que vou ficar louco. Louco de um jeito que os anos trancado dentro do meu quarto vendo ninguém além da minha imagem acabada no espelho, não foram capaz de deixar. Atravesso o quarto até uma cortina perto da porta do closet, a anos não faço isso, mas também a anos eu não me sinto tão perdido dessa forma.

Abro a cortina e encaro a moldura, a pessoa ali refletida não me encara de volta até que ela sorri e diz:

- Oi filho, senti saudades.

- Mamãe... - murmuro, quase posso chorar ao ver o seu rosto olhando para mim. Quando escolhi pregar um quadro dela em meu próprio quarto, eu estava desesperado, meu pai havia sido preso, minha mãe morta e eu estava sendo acusado por conspirar contra o mundo magico, e tudo o que eu queria é ter alguém que eu amasse e que me amasse para conversar. Meses depois, olhar para esse quadro era como me lembrar que minha mãe havia morrido, e que eu estava sozinho no mundo. Mas isso foi em outros tempos, foi antes de eu abraçar a solidão e ela passar a ser a minha companhia. - Eu não sei o que fazer. - digo, enfim.

- Quanto a Sangue- Ruim?

Aperto os lábios contrariado, mas concordo. No final era isso que a minha mãe diria.

- Você sabe o que deve fazer. - ela me diz, duramente. - A presença dela a está casa é uma afronta a tudo o que nossa família acreditava.

- Ela está aqui para me proteger.- respondo. A velha submissão de sempre retorna a mim, como se nunca tivesse realmente me deixado.

- Te proteger? Ela está aqui para te bisbilhotar, investigar você e te acusar.

- Ela sabe que eu sou inocente. - murmuro, as palavras saindo como um sussurro por entre os meus lábios.

- Levante a cabeça. - o retrato da minha mãe diz. - Não foi um fraco que eu criei, e não foi por um fraco que eu morri.

- Você morreu de tristeza quando o papai foi sentenciado a Azkaban.

- Eu morri de decepção ao ver seu pai preso e você fraco e amedrontado por esses corredores. Eu morri de tristeza ao ver o nome da nossa família jogado na lama, eu morri de desespero ao ver que a única chance de ver o nome da nossa família ser reestruturado era você, mas você era fraco. Pelo visto ainda é. - as duras palavras fazem com que meu coração bata descompassado, a dor é tanta que eu nem tenho reação. - Não seja fraco agora, não me decepcione novamente.

A Bela e o FeraOnde histórias criam vida. Descubra agora