△1

54 2 0
                                    

O telefone tocou cedo naquele dia, a minha madrugada foi regada a maconha e Netflix e eu já estava meio cansado de procrastinar em casa todos os dias. É meio irônico falar isso, mas quando se sacrifica quatro anos da sua vida pra depois não conseguir logo um emprego na área que estudou, as coisas começam a perder sentido e propósito. Quando atendo o telefone uma voz feminina séria me diz:

- Alô, é da residencia do Guilherme Souza?

-Sim sou eu, quem gostaria? - disse eu bocejando e coçando o olho.

-Aqui é Joana da Publicorp, nós avaliamos o seu currículo e estamos interessados em te convidar para estar exercendo uma função aqui na nossa empresa, é claro que haverá um tempo de adaptação...

-Eu aceito! - Interrompi na mesma hora.

-M-mas o senhor nem ouviu o salario e a função direito...

-Não tem problema! Esta tranquilo para mim, quando começo?

-Senhor Guilherme, o senhor tem ciência de que a empresa fica na metrópole, não é?

-Sim. Totalmente. - disse eu mais empolgado ainda.

-Pois bem, esperamos o senhor aqui dia 25.

-Ok. Muito obrigado!

-Nós da Publicorp que agradecemos. Tenha um bom dia!

Finalmente algo de bom surgiu para mim! Chega de procrastinar nessa casa maldita! Corri logo para o quarto e acordei meu pais animado. Contei tudo e eles ficaram ate assustados. No inicio ate ficaram preocupados, pois como eu nunca tinha ido pra cidade grande, como eu saberia me virar la? Eu não estava nem ai, era minha oportunidade de ouro, viver numa cidade pequena, onde todo mundo sabe a vida de todo mundo, é um porre. E além do mais, eu precisava dessa independência, dessa necessidade de ser alto suficiente, mesmo que as coisas ruins viessem no pacote. Ate porque né, caralho...? 25 anos, morar na casa dos pais ainda pode ate ser algo comum para alguns, mas a minha ambição não aceitava isso.

Arrumei a malas, comprei a passagem uma semana depois, acertei uma quitinete perto do centro da metrópole e levei as "Saudades e Adeuses" dos meus parentes na mala também. Chegando no aeroporto foi aquele "chororo", mas meu coração bateu mais forte mesmo quando o avião decolou.

Decolou para uma nova vida, uma nova cidade e ate um novo Guilherme.

Quando desembarquei, foi quase uma confusão total, o taxista não sabia direito onde era o endereço e eu resolvi usar o GPS do celular, frutos da tecnologia. Chegando no local fui recebido pelo Seu Antônio, um velhinho simpático, conhecido da família e que resolveu dar uma força pra mim nesse incio de nova fase; tanto que fez ate um preço camarada no aluguel e me deu algumas informações necessárias de imediato sobre a Cidade grande.

A quitinete era arrumadinha, um quarto, um banheiro, uma mini cozinha e uma salinha minuscula com vista da varanda. Para muitos poderia parecer pouco mas pra mim tudo estava "cor de rosa".

Resolvi desfazer as malas e confirmar com a Publicorp que iria comparecer amanhã pela manhã no local marcado. No resto da noite observei da varandinha a cidade iluminada e ouvi o som tipico dos carros buzinando. Muitas coisas eu poderia esperar daquela nova fase e muitas delas também não.

TriânguloWhere stories live. Discover now