Kerry (Completo Na Amazon)

23 - Kevin

...KEVIN...

Eu sou o seu guarda costas esta noite e odeio ser só isso, preferia ser o seu companheiro e estar de mão dada com ela, com o tempo fui descobrindo que Kerry é muito complexa, confusa, perigosa e apaixonante em suma uma força da natureza. Estamos a entrar na limusina como ela ordenou mas eu estou um lixo, hoje consegui perceber o porquê dela ser gelada, ninguém pode imaginar como me sinto, a cada palavra dele eu sentia uma faca a espetar em mim, ele é um monstro mesmo, que homem faz tamanha maldade com uma menina? Eu olhei algumas vezes para Scott e ele sempre pedia calma com o olhar mas não aguentaria muito mais tempo, queria bater naquele homem até o matar. Ele parece satisfeito com tamanhas atrocidades e eu baixo o olhar porque se os meus olhos cruzarem os dela novamente eu vou fazer algo. Acho que os três estamos chocados com o que se passou naquele maldito escritório e ela está ali a chorar calada, a sofrer sem me deixar aproximar, admito que estou apaixonado por ela! O seu telemóvel toca e ela não se move, nem pestaneja e vejo no visor que é o Dr Carter, olho para Scott antes de atender...

— Kerry estava a ficar preocupado.

— Sou eu Dr Carter! - Olho para ela e nada acontece.

— Kevin é você?

— Sim, estamos a caminho de casa.

— Como correu?

— Foi intenso e forte no mínimo, ela não fala e nem se mexe parece perdida em pensamentos.

— Isso não é bom Kevin, eu preciso vê-la. - Ele estava preocupado.

— Eu vou enviar-lhe a minha morada.

— Vou já lá ter mas não tire os olhos dela Kevin.

— Claro. - Como assim é grave?

Assim que desliguei dei ordem ao motorista para ir para o meu apartamento...

— Kevin não sei se é boa ideia! - Scott também está preocupado.

— Eu não posso deixa-la assim!

— Eu sei, nós vamos contigo e vamos protege-la daquele merdas.

Assim que chegamos à porta do apartamento eu pego-a ao colo, ela encosta a cabeça no meu peito e eu aperto o seu corpo contra o meu, levo-a até ao meu quarto, ajudo-a a despir e ponho-a debaixo do chuveiro e ela não reage, aqueles olhos verdes que me tiram o ar estão baços e sem vida. Seco o seu corpo e o cabelo, visto-a com uma das minhas blusas e uns boxeres, quando a coloco na cama o Adam bate a porta para avisar que Dr Carter tinha chegado. Contra a minha vontade deixo-o consulta-la em paz e regresso à sala onde Adam e Scott falavam sentados no sofá, Adam estende uma cerveja para mim...

— Eu sei o quanto gostas dela meu amigo mas talvez seja demais para um homem saber tudo aquilo sobre a mulher que ama! - Adam é como um irmão para mim mas as suas palavras verdadeiras não são boas de ouvir.

— Kevin foi duro até para nós ouvir aquilo, eu não sei como conseguiste aguentar sem matar aquele filho da puta mas acho que ela não é a mulher ideal para ti, não te quero envolvido com alguém assim!

— Scott isso não é algo que vocês possam decidir por mim, eu melhor que vocês sei o quanto ela é fria e difícil mas eu nunca me senti assim por ninguém, eu sei que ela só precisa de amor.

— Estamos a falar dos Ulrich, será uma grande batalha!

— E eu conto com vocês para me ajudar. - Olho para Adam que sempre me apoiou, preciso deles comigo.

— Eu estarei contigo de qualquer das formas.

O Dr. Carter aproxima-se, faço sinal para que se sente connosco e conto o que se passou esta noite ...

— Ela não está bem, a depressão que ela tinha quando a conheci voltou e preciso de tira-la daquele buraco ou as coisas vão ficar feias e podemos perde-la.

— O que eu posso fazer? - Eu não vou ficar de braços cruzados.

— Em primeiro quero quero agradecer por estar do lado dela, é a paciente com o caso mais difícil que tenho e sei que lidar com ela é um trabalho continuo. Sei que provavelmente ouviram coisas que vos revolta e assusta e como médico a concelho a descarregarem essa raiva e essa má energia, façam boxe, jogging... O que for para aliviar tudo isso da vossa mente.

— E ela? - Não era comigo que estava preocupada.

— Bom eu vou injectar nela um medicamento que está em fase de testes mas que tem tido bons resultados, vamos fazê-la acordar para a vida mas eu não sei qual será a reacção que varia de paciente para paciente.

— Qual poderá ser a sua reação?

— Ela pode chorar, gritar, tentar suicidar-se, continuar como está, eu não sei mas é por isso que vocês terão de ficar do seu lado e ver como ela se mantém. - ele levanta-se e olha para mim - Numa das conversas Kerry disse que ficava desarmada com o seu olhar que ele tinha o poder de lhe dar segurança e ao mesmo tempo ela diz que se sentia como se você conseguisse ver a sua alma, use isso a seu favor Kevin porque acredite ela vai tentar afasta-lo!

— Ainda mais?

— Acredite Kevin as vezes que ela esta semana foi ao clube - Como ele sabe disso? - Foi para o perturbar e afastar, ela fará isso até ter certeza que não sente nada por ela, Kerry não se vê como uma mulher digna de amor.

— E acredite que conseguiu, aqui o grandalhão estava a ficar louco! - Adam diz com um sorriso.

Seguimos até ao quarto em expectativa, agradeço a deus por Dr Carter depositar aquelas confissões em mim mesmo estando a quebrar o protocolo de confidencialidade entre médico e paciente. Quando entrámos no quarto vi que ela dormia como um anjo e não me contive em passar as mãos no seu rosto...

— Dr. Cater se quiser podemos ficar à porta! - Scott fala baixo.

— Não porque acreditem que uma mulher como ela num surto de loucura tem o dobro da força que numa situação normal. - Aquelas palavras assustam-me. - Esperem os três aqui.

Vejo ele tirar da sua mala uma seringa que enche com líquido contido num pequeno frasco, ele pega no braço dela delicadamente, injecta o tal medicamentos e esperamos por uma reacção. Esperamos alguns segundos até ela abrir os olhos e começar a debater-se como se estivesse a afogar - se...

— Dr faça alguma coisa por favor!

— Calma Kevin isto é o medicamento a entrar no seu sistema.

— Ela está a sofrer não vê? - Scott agarra-me. - Faça alguma coisa.

Ela parecia estar a ter um ataque qualquer e eu não podia fazer nada, eu confiei no médico mas ele não faz nada para a ajudar, começo a tentar soltar-me de Scott e Adam...

— Kerry! - Quando eu grito ela para e nós também, o meu coração pula e vejo-a fechar os olhos.