Thomas

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Quando Nora entrou na sala ficou me olhando como se estivesse envergonhada pelo que eu vi mais cedo. Até parece que ela tinha alguma vergonha na cara, se tivesse não faria isso dentro de uma sala de escritório sabendo que qualquer pessoa poderia entrar a qualquer momento.

- Ele não é assim sempre.- de repente ela levantou a cabeça que estava inclinada encarando o papel aberto a sua frente. Eu levantei a cabeça também achando estranho ela do nada ter falado aquilo.

- Não entendi.- eu realmente não tinha entendido mas sabia que ela estava falando de Jack.

- Ele não faz essas coisas aqui. Eu não sei o que deu nele para me querer aqui na empresa.

- Eu não tenho nada a ver com isso.- contornei a mesa e caminhei até o armário pegando algumas pastas com desenhos para me auxiliar fingindo não dar importância ao assunto.

- Eu sei mas eu achei que você deveria saber que isso não vai acontecer de novo. Você nos viu e não foi legal.

- Talvez vocês devessem fazer essas coisas fora daqui, seria mais seguro.

- Ele me tem a hora que quer. Eu não sei porque mas eu gosto disso mesmo sabendo que estou agindo como algo descartável.

Ela mudou de rumo a conversa do nada e eu fiquei impressionada com o controle que ele tinha sobre ela.

- Olha eu acho melhor encerrarmos essa conversa. Não vou sair por ai falando para as pessoas o que eu vi hoje então fique tranquila quanto a isso, agora eu preciso começar isso aqui.- apontei para o papel que ainda estava em branco.

Nora assentiu e pegou uma régua para me auxiliar no início do projeto.

O dia passou rápido e quando olhei no relógio já passava das sete horas da noite. Guardei minhas coisas e sai da sala. Eu estava esperando o elevador e então sinto uma respiração no meu pescoço. Eu sei que deveria virar para saber quem era mas eu simplesmente não consegui, eu sabia que era ele e tive a certeza quando ele sussurrou no meu ouvido a palavra "incrível" no meu ouvido.

Eu fingi não me importar o que ele disse, na verdade não sabia mesmo o que ele estava se referindo então cruzei os braços e me virei encarando aqueles olhos castanhos que brilhavam intensamente.

- Como foi o seu primeiro dia Nicole?- ele me perguntou.

- Bom.

- O que achou da Nora?

- É, até que a secretária submissa trabalha bem.

Ele abriu um sorriso perverso e coçou o queixo com o polegar.

- Por isso que eu não a demito, ela é muito eficiente.- sua frase saiu ironizada pelo tom da sua voz.

- Faz bem Jack, é claro que ela é eficiente.- se ele foi irônico eu também consigo ser.

Me virei para as portas do elevador assim que escutei o sinal que elas se abririam. Quando as enormes portas cinzas se abriram revelou um homem, alto, elegante que logo que nos viu levantou a cabeça e abriu um sorriso fazendo aparecer suas covinhas profundas. Seus olhos cintilavam um azul céu que por sinal eram muito bonitos e combinavam perfeitamente com sua pele branca e seu cabelo bem preto penteado para trás.

- Thomas!- exclamou Jack já entrando no elevador e cumprimentando o homem.

Eu entrei logo em seguida e então as portas do elevador se fecharam. Vendo os dois um ao lado do outro pude perceber a diferença. Mesmo os dois sendo belíssimos e incrivelmente irresistíveis. Jack tinha os olhos caramelos claros e Thomas olhos azuis. O sorriso de Jack costumava ser na maioria das vezes de canto, malicioso e perverso, o de Thomas era um sorriso enorme e que nos deixava confortável ao contrário do de Jack. Os dois tinham praticamente a mesma altura e pareciam apresentar o mesmo corpo físico apesar de estarem de terno e calça social.

- Essa é Nicole, a nova arquiteta do projeto da Communication's.

Thomas estendeu a mão em um cumprimento assim que Jack me apresentou e eu a apertei abrindo um sorriso tímido.

- Olá, prazer.

- O prazer é todo meu.- sua voz era quase igual a de Jack, o que poderia ser confundido se eu estivesse de costas por exemplo.

Jack nos encarou por alguns segundos então eu desviei o olhar de Thomas sabendo que tinha focado muito no homem.

- Thomas é o diretor de mídia da empresa.- explicou Jack.

- Uau! Essa é uma parte complicada.- brinquei.

- É, mais ou menos.- ele riu.- Sempre quis mexer com isso desde criança então.- ele levantou as mãos e em seguida deixou cair sobre o corpo.- Aqui estou eu.

As portas do elevador se abriram no andar em que Thomas iria descer. Me senti um pouco aliviada pois não sabia mais o que falar, porém agora só ficaria eu e Jack no elevador o que ficaria ainda mais difícil.

Thomas colocou a mão sobre o vão da porta para que ela não se fechasse e virou para nós.

- Bom, e lá vou eu. Até logo Jack e Nicole.- ele se virou para mim.- Foi um prazer conhecê-la e te espero ver novamente, boa sorte com o projeto.- ele piscou e saiu, logo as portas se fecharam.

Jack apertou o botão "T" de térreo que dava acesso ao estacionamento.

- As vezes Thomas consegue ser simpático.

- Ele é uma pessoa legal, eu gostei dele.

- Não se engane Nicole, não se engane.- aquilo era um alerta ou ele estava querendo me colocar contra Thomas?

Eu ri e ele me olhou.

- O que foi?

Eu abaixei a cabeça ainda rindo e depois a levantei encarando Jack.

- Você não está querendo que eu me afaste dele não é?

- Besteira. Você faz o que quiser da sua vida, desde que tome cuidado com Thomas. Simples.

- Simples.......- repeti suas palavras quase em um sussurro mas ele escutou e senti seu olhar pousar em mim mesmo eu encarando a porta.

- Ele só quis ser gentil, mas não é sempre assim.

- Você o tratou tão bem, ele é o seu amigo não é?

- Colega. Ele é um colega e meu funcionário, devo tratá-los bem ou irão me denunciar por maus tratos.- ele riu.

- Isso é verdade. Deveria começar a me tratar melhor então.- quando percebi as palavras tinham escapado da minha boca.

Aquelas portas estavam demorando demais para serem abertas. Eu tinha que sair dali o mais rápido possível. Finalmente elas se abriram e eu comecei a caminhar para frente encarando os carros lá fora enfileirados um ao lado do outro cada um ocupando sua vaga. Mas então Jack me virou e encostou na porta segurando-a para que não se fechasse.

- Eu prometo que a tratarei bem Nicole.- ele sussurrou em meu ouvido com aquela voz rouca que só ele sabia fazer, que alguns anos atrás ele tinha aquela mesma voz.

Ele apertou mais o meu corpo para trás e estava começando a me machucar mas eu não conseguia sair dali, na verdade podia parecer loucura mas eu não queria sair dali. Minha intimidade piscou quando ele chupou o meu pescoço onde eu sabia que ficaria marcado depois. Eu fechei os olhos e senti seus lábios quentes e pesados em minha pele.

- Eu juro que vou te proteger de qualquer pessoa.- o que ele quis dizer com isso?

Juntei todas as minhas forças para empurrá-lo para dentro do elevador e sair do vão da porta para que ela se fechasse. Ele sorrio e colocou as mãos no bolso me encarando até as portas se fecharem.

Soltei o ar que eu segurava, e por mais que não havia acontecido nada eu estava ofegante. Minha respiração estava forte e pesada, o meu peito subia e descia cada vez que eu prendia e soltava o ar. Aquele homem ainda iria acabar comigo.

Controle AbsolutoOnde histórias criam vida. Descubra agora