Capítulo VI - Isso Não É Real

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No décimo sétimo aniversário essas crianças foram presenteadas pelo Deus do fogo com um símbolo. Um anel com fogo dentro marcado na pele. Parecia uma tatuagem. O símbolo servia para diferenciar quem possuía sangue consagrado.

Muitos foram diagnosticados com varíola nessa época, mas quem possuía o símbolo nunca ficava doente.

Ao perceberem isso alguns acharam injusto que somente eles fossem imunes à doença e ficaram furiosos.

Houve uma confusão e um desses jovens foi morto por uma flechada no coração.

Muitos se assustaram por causa da cor do sangue, eles nunca tinham visto nada do tipo e passaram a ter medo.

Quando o ser humano age pelo medo, coisas ruins acontecem.

Houve um incêndio na aldeia durante a noite e houve muitas mortes. Os aldeões acreditaram que era a fúria do Deus por terem matado um dos consagrados a ele.

Estava testando meus limites, agora que sabia sobre minhas habilidades que surgiram do nada.

O primeiro passo para isso era sobreviver aos treinamentos com o Griffin. Ele se cansou dos combates corpo a corpo e estava impondo desafios a ele mesmo.

Fazia poucas semanas que começamos o treinamento e eu já tinha apanhado de todas as formas possíveis. Ryan se divertia vendo tudo como se estivesse assistindo uma luta com seus lutadores preferidos.

— Fica parada. — Taylor quase gritou manuseando a pequena faca de arremesso entre os dedos.

— Você não vai me acertar com uma faca. — reclamei correndo de um lado para o outro. Eu só não iria ficar parada esperando ele me matar com sua ideia repentina de treinar arremessos com faca em mim.

— Você irá se curar. — me observou correndo, movendo a cabeça de acordo com meus movimentos.

— Já tentou fazer algo do tipo antes? — indaguei parando de correr por ter me cansado.

— Não, mas você vai ficar bem.

Meus olhos se abriram junto com minha boca quando ele jogou a faca acertando minha perna.

Caí sentada no chão com a mão perto do ferimento. A faca ainda estava na minha coxa direita.

Apertei os dentes com força para não gritar de dor quando ele arrancou a faca rapidamente. Minha perna sangrava por causa do corte que rasgou junto a minha calça. Dava para ver o ferimento e eu quase desmaiei com a visão.

Meu símbolo se acendeu fazendo o ferimento queimar. Apertei os olhos com força esperando a sensação insuportável passar.

Levantei em um único movimento retirando a faca da mão do Griffin e fazendo um corte grande na bochecha dele. Ele me olhou irritado como sempre, mas não fez nada quando eu joguei sua faca longe, dentro do riacho.

Fitei seu corte que estava sangrando e toquei recebendo seu olhar confuso por causa da minha ação. Retirei meu dedo achando aquilo diferente.

Nunca vi um sangue daquela cor antes, somente o meu.

— Seu sangue também é preto. — Taylor falou enquanto eu me distraía com o seu símbolo aceso.

Quando olhei para ele novamente o corte não estava mais lá.

— Vocês são estranhos. — meu irmão riu do lugar onde estava sentado.

Nisso eu tinha que concordar com ele, quando Taylor me machucava eu machucava ele de volta, estava se tornando uma rotina.

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