Capítulo XXVI - Futuro Incerto

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A primeira semana do mês estava sendo complicada. Poderia se dizer que uma tensão enorme se espalhou pelo nosso grupo. Tommy me evitava a todo custo, Taylor e eu só nos falávamos a respeito do treino, Jason sempre lançava olhares raivosos e tristes na nossa direção. Maya e Ryan eram os únicos que permaneciam neutros nisso tudo, eram o elo que evitava conflitos maiores entre nós.

Entendia que Tommy precisava de um tempo para ele depois de tudo que eu havia dito. Mesmo o observando de longe não via mais seu habitual sorriso de sempre, sabia que tinha parcela de culpa no comportamento do garoto.

— Uma moeda pelos seus pensamentos

Desviei minha atenção da estrada por alguns segundos para olhar meu irmão. Estava tão diferente de uns meses atrás, seus traços tinham amadurecido tanto.

— Não valem tudo isso. — franzi os lábios enquanto voltava a olhar pra frente, afinal não queria causar um acidente.

— Está preocupada em ficar mais velha?

Ryan não me deixaria em paz até que saciasse sua curiosidade. Daqui há dois dias estarei fazendo 17 anos e Maya não queria deixar essa "data importante" passar em branco. Enquanto tudo que eu queria era assistir desenhos e comer chocolate o dia todo sozinha.

— Sempre sonhei com o dia que iria fazer 18 anos e ir pra alguma faculdade longe. — soltei um longo suspiro. — Mas agora é como se não importasse, nada disso importa mais, entende?

Parei na mesma vaga de sempre no estacionamento da escola. Ryan soltou o cinto para se virar na minha direção e eu fiz o mesmo para olha-lo melhor.

— Entendo que está deixando de viver sua vida. — senti sua mão gélida segurar a minha. — Lembre-se do que irei dizer. Se tiver que chorar então chore, se tiver que gritar, grite o mais alto que puder. Só não se esqueça de fazer o que te deixa feliz por medo do futuro. O futuro é incerto, viva o presente.

Ainda sentindo o peso que essas palavras causaram, recolhi minha mão de seu aperto e o puxei para um breve abraço. Sim, eu fiquei emotiva ao constatar que meu irmão mais novo cresceu e estava se tornando um lindo homem.

— Eu te amo tanto. — pronunciei assim que nos soltamos, e se eu soubesse que essas palavras causariam um enorme sorriso e um brilho diferente nos olhos dele, já as teria dito antes.

— É impossível não me amar.

Revirei os olhos dando um sorriso logo depois. Era uma brincadeira antiga entre nós implicar quando alguém ficava emotivo, mas eu havia me esquecido disso.

Como de costume sentei no fundo da sala, pois era o lugar perfeito para passar despercebido. Não demorou mais que poucos minutos para um pequeno corpo sentar ao meu lado. Olhei para Maya com uma sobrancelha erguida já que ela sempre ficava perto do quadro porque acreditava que se aprendia melhor estando perto dos professores.

— Terá uma festa sexta á noite... — ela parou de falar assim que percebeu o jeito que eu a olhava. — Pare de me olhar assim. — foi à ordem dela que veio junto com um beliscão no meu braço.

Quando foi que esse ser inocente se tornou tão agressivo?

— Está proibida de ficar perto do Taylor. — passei a mão na região que estava dolorida.

— A agressividade de vocês está no mesmo nível. — não pude deixar de reparar o quanto ela estava inquieta enquanto falava. — Os irmãos britânicos vão dar uma festa e convidaram todos do ensino médio.

— Legal! — fingi uma falsa animação, que não passou despercebida já que ela me olhava com uma careta. — Por que está me contando isso?

Maya nunca gostou de locais cheios e agitados; Nem de festas.

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