Conto 6 - Carolina (JG Carvalho)

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Autor: JG Carvalho

Música-tema: Gilberto Gil - Esperando na janela

Classificação: 18+

Sinopse: Carolina, mulher com quase cinquenta anos, viúva, do lar, tradicionalmente conservadora para si, mas sempre defensora das escolhas da filha. Em uma conversa descontraída com esta deixa escapar que nunca teve um orgasmo e assim a filha inicia uma campanha para mudar esse quadro. Será que Carolina irá se permitir e conseguir alcançar os incentivos da filha? 

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- Mãe! Como assim, você nunca gozou? - Perguntou Camile inconformada e sem o menor tato ao falar com a mãe

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- Mãe! Como assim, você nunca gozou? - Perguntou Camile inconformada e sem o menor tato ao falar com a mãe.

- Mile, sou sua mãe, que isso? – Mais inconformada ainda perguntou a mãe dona Carolina, sem precisamente responder à pergunta feita pela filha.

- Mãe como pode, você tem quase cinquenta anos, nunca com o papai quando ele ainda era vivo e nem antes sozinha?

- Respeite sua mãe! Acho que o frango está pronto, vou servi-lo.

Dona Carolina se levantou, Camile ficou olhado ainda com um ar de espanto. Sua mãe foi casada com seu pai por vinte anos, sendo interrompido em razão de seu falecimento um ano atrás.

Sr. Afonso o marido quando vivo era militar. Foi o primeiro namorado, primeiro homem, único com quem Carolina manteve relações sexuais. Sempre foi uma excelente mãe, dona de casa e esposa. Estudou até o segundo grau, fez normal, tinha sonho de lecionar, mas foi interrompido com o casamento. Seu pai Sr. Matto também era militar, Afonso quando oficial de carreira era pupilo do Coronel Mattos que no futuro se tornaria seu sogro.

Carolina tinha quarenta e nove anos, pele clara, cabelos compridos lisos castanhos claros, rosto suave arredondado nas laterais, com covinhas, sorriso lindo que clareava o ambiente, seios pequenos, uma barriguinha possivelmente pelas duas gravidezes. Tinha pernas grossas, a bunda acompanhava a proporção das pernas, seus seios eram pequenos. Era pouco vaidosa, pouca dedicação para si mesma. Morava em Vila Isabel junto com seu filho mais novo, Camile a visitava periodicamente, não ficavam sem se verem sequer por três dias. Estudava a pós à noite e trabalhava de dia. Dividia o apartamento de um quarto com uma amiga no bairro da Glória.

Era uma mulher acostumada com o machismo, viu ao longo da vida sua mãe servir ao pai e à família. Seguiu sua vida da mesma forma, entendia como normal a condição da mulher ser dependente. No entanto levantou a voz quando percebeu que isso pudesse ocorrer com sua filha Camile. Como mãe protetora sempre disse para Afonso que sua filha faria as escolhas dela, estudaria se quisesse e durante o tempo que quisesse, trabalharia com o que quisesse e quando achasse a hora e o companheiro certo se casaria. Apesar de nascer na década de sessenta, de entender como normal o machismo contra si, queria que sua filha pudesse fazer suas próprias escolhas.

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