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— Então, não se importa de eu
Te acompanhar até sua casa? —
perguntou ele, seguindo minha
indicação ao atravessarmos um
cruzamento deserto.
— Não. — Fiquei tímido ao
olhar para Josh sob o luar. Havia
algo na maneira que seus olhos
brilhavam ou em como o cabelo
enrolava nas pontas que deixava
minha boca seca.
— Queria me certificar de que você não ficou chateado com o que
aconteceu mais cedo. Sei que
Brendon foi grosseiro.
Dispensei a justificativa fazendo
um gesto com a mão, embora
sentisse alívio com a explicação
dele.
— Vou sobreviver.
— Que bom, ficaria triste se você morresse.
Sorri envergonhado.

Estava querendo saber o que você faz para se divertir —
continuou ele. — Estava pensando
nisso mais cedo.
— Então não para de pensar em
mim, é? — provoquei. — Nem
quando joga basquete com seus
Primos ou relaxa na sua mansão gigante enquanto estou morrendo de
tédio na lanchonete?
— Na verdade estava pensando em diversão e  não em você.
— Que bom.
— Mas você também é difícil de
esquecer — acrescentou, quase
como uma conclusão.
— Acho que a maioria das
pessoas discordaria — respondi.
— Não sou a maioria das
pessoas.
— Isso sem dúvida é verdade —
concordei.
— Então, me fale de você,
Tyler. Quero saber mais sobre
você.
— Por quê? — Ninguém nunca queria saber sobre mim.
Especialmente nenhuma pessoa com aquela pele bronzeada. — Sou
muito entediante, prometo.
Ele riu bem de perto, e senti sua
respiração na minha orelha
enquanto ele se inclinava na minha
direção.
— Quem sabe deveria deixar
outra pessoa que não você mesmo
decidir isso.
Em vez de responder, chutei uma
pedrinha solta e a observei quicar
na rua.
— Bem, vamos começar com o
que sabemos — disse ele,
esfregando o queixo. — Você é um pouco defensivo.
— Ei!
— O que é adorável — completou logo. — E o que mais?
Você não gosta de tempestades. É nervosinho e fica vermelho quando
alguém olha fixamente para você...
Fiz uma careta. Ele tinha notado.
— O que só torna olhar para
você mais divertido — brincou
Josh. — Não que já não fosse divertido olhar para você.
Senti meu rosto corar de novo e
amaldiçoei que aquilo acontecesse
bem naquela hora.
— Você mora com seus pais? —
perguntou ele delicadamente, quase de forma natural.
— Moro só com a minha mãe —
respondi. — Meu pai e meus irmãos não moram com a gente desde o início do ano.
— Vocês se dão bem?
— Sim, quando nós estamos
em casa. Mas acho que não nos
vemos tanto quanto eu gostaria.
De repente, me senti vulnerável
demais, contando meus
pensamentos mais profundos a um garoto bonito que provavelmente
não se importava com a minha
relação com a minha mãe.

Josh me observou, contemplativo.
— Deve ser difícil. Mas quem
sabe a distância não aproxima
vocês nos momentos importantes?
— Talvez. — De uma hora para
outra me vi tomado pela emoção.
Qual era a dos Dun? Nomesmo dia, quase tinha chorado com Brendon! E agora...
— Então, este vai ser seu último
ano no colégio?
Salva pelo gongo. Nossos
passos seguiram no mesmo ritmo.
— Aham, o nosso último ano.
Tenho mais um ano letivo torturante
pela frente. — Suspirei dramaticamente, feliz por termos
mudado de assunto.
— E o que vai fazer da vida depois que terminar o colegial?
— Vou adiar a faculdade por um
semestre ou mais; vou ficar trabalhando com meus primos, basicamente.
— Em Columbus?
— Não — respondeu ele. —
Não exatamente. Não o tempo todo.
— Você gosta?
— Do que faço ou de onde moro?
— De Columbus. — Senti uma
súbita vergonha da minha ligação
com a cidade. Em especial na parte
onde estávamos agora. Havia uma
diferença gritante em relação ao
luxo ao qual Josh estava acostumado.
Ele sorriu para mim como se
pudesse sentir minha vergonha.
— Adoro Columbus e depois de você está melhor ainda.
Corei e mudei de assunto.
— O que você faz? Que tipo de
trabalho?
Ele deu de ombros, mas manteve
a postura defensiva.
— Nesse momento? Não muita
coisa... — falou, sendo vago e interrompendo a frase no meio.
— Acha que vai sentir saudade
do colégio?
Josh balançou a cabeça.
— Gosto de me manter ocupado; quero me sentir útil, sentir que estou
contribuindo minimamente para o
mundo. Acho que jamais terei que
usar trigonometria na vida.
— Né? — concordei enfaticamente. — Ou Shakespeare.
Blerg.
Josh reagiu como se eu tivesse lhe
dado um tapa. Parou e segurou
meus braços, puxando-me para
perto até que eu estivesse sob seu olhar. Achei que ele fosse começar
a me sacudir.
— Você realmente acabou de
zoar o homem que escreveu Romeu
e Julieta?
Franzi o cenho. Eu nunca tinha
pensado direito no assunto; só sabia
que não gostava de estudar e, para
mim, Shakespeare era sinônimo de
escola, um lugar onde eu não me
sentia bem-vindo.
— Acho que não sou um grande
fã de tragédias.
— E de amor? — Ele perguntou
com tanta intensidade que quase me esqueci de respirar.
Lentamente, Josh passou as mãos pelos meus braços, subindo pelos
ombros até que os polegares
tocassem a base do meu pescoço.
Senti a pele ficar arrepiada de
ansiedade.
— Amor é outra coisa — falei.
— Amor é fraqueza. — Ele
observou seus dedos enquanto os
movia para cima no pescoço com
um toque quase imperceptível.
— A fraqueza é o que nos faz
humanos — falei, com a voz rouca.
— E ser humanos nos torna
falhos. — Ele estava tão perto.
— Você é falho, Josh?
Ele olhava para os meus lábios.
— Claro que sou.
— Acho difícil.
— Não deveria achar —
sussurrou. Ele colocou o polegar sob meu queixo.
Nossos olhares se encontrarem e ele me puxou para perto até nossos narizes quase se tocarem. A respiração dele estava irregular. Então, Josh segurou minha cintura com força e encostou os lábios nos meus.
Eu não podia mais resistir.
Estava entregue e de repente nada
mais importava a não ser Josh e o
jeito como nossos lábios se
tocavam, segurando-me como se nunca mais fosse me largar. Tudo à
nossa volta ficou em segundo plano
e, por um segundo, senti como se o
mundo inteiro prendesse a
respiração.

Heavydirtysoul // JOSHLERWhere stories live. Discover now