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Josh me ofereceu carona do parque
até sua casa, mas preferi ir a pé
com Matt.

— Ah, uma briguinha de casal? — deduziu ele no caminho para casa.
— Ele me deve explicações, só isso. Não somos um casal e acho que mesmo que ele quisesse ficar comigo eu teria que me afastar — É a coisa certa.

Matt não estava completamente
errado, mas também não estava
completamente certo. Não contei a
verdade sobre a briga em Rayfield
Park pelo mesmo motivo que não
havia contado que iria para a casa
de Josh depois que seguíssemos
caminhos diferentes na avenida
Shrewsbury. Eu não estava pronto
para processar a história toda e, até
lá, queria me certificar de que ele estaria seguro. Quanto menos ele
soubesse, melhor.

Quando virei na entrada do portão, Josh já esperava por mim na porta de casa.
— Você veio.
Eu me aproximei em silêncio.
Ele se encostou na porta aberta
para que eu pudesse passar. Tentei
não prestar atenção quando encostei
nele ao entrar, mas pude ver a reação em seu rosto.
A parte da frente da casa era
completamente antiga. Eu estava
imersa no cenário de todas as
histórias de terror que já tinham me contado, e era exatamente como na
minha imaginação.
No teto alto, ainda coberto de
teias de aranha, havia um lustre de
cristal. As tábuas de madeira no
chão do grande foyer eram desbotadas e desniveladas, e
estalavam com cada passo.
À frente, uma grande escadaria
coberta por um grosso tapete
vermelho virava de maneira brusca
à direita para o segundo andar, e o
papel de parede de alto relevo se
descolava das paredes em fiapos
maltrapilhos. O corredor seguia à
esquerda da escadaria, levando a
uma fileira de cômodos fechados com pequenas portas. O lado
direito se destacava pelas novas
portas enormes envernizadas com
puxadores grossos de metal
dourado.
— Tyler? — Virei e encontrei Josh, me olhando com antecipação.
— Pode vir aqui comigo? — Ele
me guiou até uma grande sala, onde
dois sofás vermelhos de couro
contornavam uma imponente
lareira.
Eu me sentei em um dos sofás e
Josh escolheu o outro. Percebi, sem
uma gota de surpresa, que não havia
uma TV, apenas um descanso de
couro para pés, um relógio antigo sobre a imponente lareira e uma
estante embutida que ocupava
inteiramente a outra parede. Era
abarrotada de Byron, Mary Sheley,
H.P Lovecraft, Bucowski e de todos os outros grandes e intimidadores autores.
Acima da lareira, uma pintura a
óleo dominava o ambiente. Era uma
espécie de anjo vingador
representado com uma vastidão de
cores escuras e emoldurado em
ouro velho. Ocupava a largura
inteira da lareira.
— Esse aí é um quadro do Própio Michelangelo — disse Josh, seguindo meu olhar.
— É incrível.
— É meio dramática.
Dramática. Minha memória
trouxe à tona a imagem de Josh
apontando uma arma para a cabeça
de Nick O'maley.
— Não quero nem imaginar a história de como sua família conseguiu um quadro desses.
Josh pigarreou, constrangido.

— Bem, estou aqui — falei,
concentrando meus pensamentos no
que eu precisava saber. — Comece
a falar.
Ele se debruçou no braço do sofá
e me encarou com seus olhos
escuros.
— O que vou contar para você não é para os fracos — disse ele.
— Não debato sobre minha família
com frequência e preciso saber que
não vai usar nada disso contra mim.
Contra nós.
Hesitei e ele interrompeu meu
silêncio.
— Quando tudo for dito, não
poderei voltar atrás e isso já é um
risco por si só.
Pensei longamente sobre o que
ele disse, ponderando de verdade o
que me pedia e o que me oferecia
em troca: a completa verdade. Eu
não queria trair a confiança de Josh,
mas tinha medo de prometer meu
silêncio caso o que ele me contasse fosse assustador demais. Mas eu
precisava saber. Ele queria
compartilhar sua história, queria
confiar em mim e, apesar de tudo,
eu também queria confiar nele.
— OK — falei. — Prometo.
— Não vou falar tudo. Não posso.
— Só preciso do suficiente para
entender, Josh.
Ele me observou por mais um
instante, como se tentasse ler algo
nos meus olhos. E então ele se
acomodou e suspirou, rendendo-se,
enfim, depois de todo aquele
tempo.
— Tyler, quando eu começar a contar as coisas, se alguém da minha família ou algum dos nossos homens descobrir que você sabe de alguma coisa. Você vai ser morto e não vai ter vestígios seus, ou meu pai vai fazer você se juntar a máfia se você for útil em alguma coisa.
— Josh não quero morrer. Mas também não quero mais ter tantas incertezas e mistérios, nem sei se aguento tudo isso sem enlouquecer ou me suicidar com medo do que possa acontecer.
— Está disposto a colocar sua vida em risco só pra saber sobre os segredos da minha família?— Perguntou sorrindo com a boca fechada.
— Sim. Mas não estou fazendo isso por você, não sei o que eu sinto por você ainda. Mesmo depois de você ter me deixado louco naquela noite, você ainda é uma mistério Josh, eu quero correr o risco de vida, quero saber se preciso me afastar de você é consequentemente descobrir se sinto alguma coisa de verdade por você. — olhei para meus pés quando acabei de falar.
— Espero que não sinta nada por mim Tyler, eu não sinto nada por você e se eu sentir vou ter que dar um jeito de matar esse sentimento. — disse frio e calmo.

As palavras entraram na minha cabeça como cacos de vidro entram na pele. Doeu mais do que eu esperava, eu podia jurar que iria chorar mas apenas respirei fundo.

— o sexo, você tirar minha virgindade, não significou nada né? Não,eu espera. Eu esqueci de falar que não era mais virgem, perdi com uma garota na festa do Matt. — falei com a intenção de que não significou nada para mim também.
— Bom é até melhor assim, quando eu tiro a virgindade de uma pessoa ela sempre costuma se apaixonar por mim e eu tenho que ficar dispensando, é muito chato. — Josh disse entortando a boca.

Eu tinha certeza que ele disse isso pra mostrar que era pegador, um galinha. Pegava garotos e garotas mas para ele são só pedaços de carne onde se diverte.

— Não precisar se preocpreocupar então, mas sabe, mesmo você sendo o babaca que eu imaginei ainda preciso que me assuste com as coisas horríveis que sua família faz pra eu não querer chegar perto de você de novo. — disse tudo com a intenção de magoar ele.
— Tudo bem então, já que ainda está apaixonado por mim, preciso contar sobre a vocação dos Dun e todos as nossas benfeitorias. — ele falou com um tom de provocação sugerindo que eu estava apaixonado por ele.

Na verdade eu realmente não tenho certeza se estou apaixonado por ele mais agora só consigo sentir repulsa por ele.

— Começa a falar Joshua, não precisa se preocupar, esses segredos vão morrer comigo. Não tenho ninguém para contar e nem razões para fazer isso. — me mostrei impaciente e curioso.
— Tudo bem. Vou tentar falar do modo mais simples e de um jeito que você entenda. — ele disse e respirou fundo.

Eu me confortei no sofá esperando Josh começar e ele olhou pra mim.
— Estou pronto para ouvir qualquer coisa. — disse sério.

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Heavydirtysoul // JOSHLERWhere stories live. Discover now