Capítulo 21 - Aniversário, Parte II.

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Eu nunca gostei da minha casa ter escadas, e isso piorava em um único dia do ano, meu aniversário. Minha mãe insistia que todo ano eu tinha de descer essas escadas para que todos os convidados parassem para me ver.

Quando criança eu gostava de fazer isso, me sentia um príncipe. Mas hoje só tenho medo de cair lá embaixo e passar uma grande vergonha.

Olhei para o fim das escadas e Brice me esperava, como todo ano desde que começamos a namorar há quatro anos.

Eu gostava muito de Brice, o amava. Mas não era ele quem eu queria que estivesse ali, era Harry. E meus olhos foram diretamente a ele quando cheguei ao fim das escadas.

— Está lindo. — Brice me disse em meu ouvido e sorri agradecendo baixinho, ainda com os olhos em Harry.

Falei com todos os convidados, deixei para falar com Harry e seus pais por último. — Sr. e Sra. Styles, obrigado por virem. — Sorri os abraçando.

— Obrigada pelo convite, querido. Não sabíamos que era amigo de nosso filho. — A mãe de Harry, Anne, murmurou olhando de mim para ele.

— Sim, nos conhecemos naquele baile beneficente e nos vimos mais algumas vezes. — Sorri tentando fazer meu melhor para mentir.

— É bom que nosso filho tenha uma amizade como a sua. — Seu pai, Desmond, sorriu para mim, eu assenti.

Me virei para Harry quando uma mulher chamou seus pais para conversarem e o abracei. — Guarde uma dança para mim. — Ele sussurrou em meu ouvido.

— Quantas quiser. — Sussurrei de volta antes de ouvir minha mãe me chamando.

— Venha. — Ela estendeu a mão para mim e sorri falsamente para uma de suas amigas indo com minha mãe. — Concordei que o convidasse, mas não acho certo a demonstração de afeto.

— Ele é meu amigo. — Murmurei não gostando de dar aquele título a Harry, eu sabia que ele era muito mais que isso.

— Vi o jeito que ele te olhou e te abraçou demoradamente, amigos não fazem isso. — Resmungou e logo sorriu acenando para alguém do outro lado da sala. — Quero que fique com Brice, irei anunciar a primeira dança.

A primeira dança da noite sempre era com Brice, e apesar de não querer que fosse, eu tinha de fazer isso se não quisesse causar uma cena com minha mãe.

— Não está gostando da festa? — Brice perguntou enquanto caminhava comigo para o meio da sala, os móveis tinham sido afastados para ter mais espaço, se bem que nem precisaria.

— Sim, estou. — Suspirei ficando a sua frente, nos aproximamos e coloquei as mãos em seu peitoral, ele colocou as suas em minha cintura.

— Não parece, seus pensamentos estão em outro lugar. — Instantaneamente meus olhos foram para Harry, que nos encarava com uma expressão não muito contente.

— Só estou pensando em como vai ser daqui para frente. — Murmurei.

Apesar de tudo eu não mentia, chegar aos dezoito era uma benção, acompanhada de uma maldição, mais responsabilidades e problemas.

— Como vai ser o quê? Continuará sendo o filho perfeito, o aluno mais inteligente, e com o namorado mais bonito. — Ele sorriu brincalhão, eu revirei os olhos rindo.

— Eu amo você, Brice. — O olhei nos olhos, ele sorriu dizendo o mesmo.

Apesar de você não ser o certo, pensei.

Algumas horas depois.

Depois da primeira dança eu ainda tive de dançar com vários outros convidados, meus pés já estavam doloridos e se eu tivesse de dançar com mais alguém iria sair gritando e correndo.

No momento eu procurava por Harry, que havia sumido de meu olhar entre uma dança e outra. Em uma dança ele estava sentado com os pais conversando, e na outra, não mais.

Fui, literalmente, puxado de meus devaneios para trás de uma cortina que estava tapando uma porta que levava ao jardim. Quando fiz algum movimento de fuga a pessoa me prendeu contra si e colocou a mão em minha boca para que não gritasse.

Respirei fundo sentindo o perfume incomparável de meu amado. — Harry? — Questionei o óbvio, ouvi sua risada gostosa e ele me soltou me virando para si.

Estava chovendo não muito forte, mas a esta altura nossas roupas e nós mesmos já estávamos molhados, mas nenhum de nós parecia ligar.

— Estava preocupado que não soubesse quem era. — Ele brincou me puxando para si e me apertando em um abraço.

— Jamais esqueceria seu toque, ou seu cheiro. — Sorri acariciando seu rosto, Harry suspirou e fechou os olhos por uns segundos me deixando confuso.

Ele segurou minha mão e começou a caminhar comigo para dentro da floresta que ficava atrás de minha casa, durante o caminho eu perguntava onde ele estava me levando, ele apenas me olhava e sorria. Até chegarmos em um coreto muito bonito, branco e coberto por flores.

— Como achou esse lugar? — Perguntei encantado observando o local, voltei para Harry e fiz um carinho em seu rosto, ele fechou os olhos para apreciar meu toque e suspirou.

— Dance comigo. — Ele pediu e abriu os olhos, vi neles um sentimento forte, que eu tinha medo de nomear.

— Mas precisamos voltar. — Constatei o óbvio, ele riu.

— Vamos sobreviver. — Harry acariciou meu rosto. — Dance comigo. — Ele pediu novamente, e tudo que pude fazer foi concordar.

E todo o cansaço em minhas pernas, a exaustão de já ter dançado a noite toda, meus olhos pesados e prontos para uma boa noite de sono, se foram. Se foram no momento em que Harry me apertou contra si e começamos a dançar.

Naquele momento, eu era dele, ele era meu, e o mundo era nosso. Nada poderia ficar entre nós dois, nem mesmo os deuses lá em cima. Eu sabia o que sentia por Harry, e sabia que era recíproco. E sabia que custasse o que fosse, eu estava pronto para enfrentar o mundo, desde que estivesse em seus braços com ele me olhando da forma afetiva que olhava agora.

— Eu te amo. — O olhei profundamente e verdadeiramente, Harry sorriu feliz, já que ele não poderia contestar, via em meus olhos que era verdade.

— Eu te amo. — Ele disse de volta, e quem seria eu para dizer ser mentira? Se tudo o que passamos nos levou a este momento único.

Voltamos para o jardim de minha casa de mãos dadas, lhe contei que ainda ali na floresta tinha uma árvore, a maior de todas, nela tinha um balanço que eu ficava quando era menor, quando não aguentava a pressão que minha mãe exercia sobre mim.

— Pode correr para mim agora. — Harry sorriu e fiz o mesmo o abraçando apertado.

Nos beijamos como se fosse nosso último encontro, como se nossa felicidade dependesse disso, como se o mundo estivesse nos impedindo de ficar juntos.

— Ah, meu Deus!

E ele estava.

Nos separamos e olhamos para a mesma porta que havíamos saído, neste momento vimos todas as pessoas da festa, e foi como se o tempo parasse. Eu pude cada expressão em câmera lenta.

Minha mãe nos olhava com repreensão, meu pai estava neutro, os pais de Harry, graças a Deus, pareciam não se importar realmente. O resto dos convidados aparentavam estar surpresos. E Brice? Bom, ele não expressava absolutamente nada.

Eu não sabia se isso era ruim ou péssimo.

SEX [L.S]Where stories live. Discover now