Sempre ao Seu Lado {Shawn•Mendes} Livro Um

8.

—Você está muito próxima do filho gato da sua paciente—Anne me olha com aquela cara.

—Nem comece—digo prendendo meu cabelo num rabo de cavalo.

—Já comecei.

—Besta—rio.

—A besta aqui é você! Você sabe que eu não vou com a cara daquele John...

—Juan.

—Tanto faz. Joaquim é muito chato...

—Juan.

—Tanto faz. Ele é um idiota, um arrogante, que manda em você e a ingênua obedece. E, ainda por cima, vai se casar com ele!

—E que você aceitou ser a madrinha.

—Isso foi há três meses atrás. Eu não o conhecia direito como agora eu conheço. Você sabe o que me disseram sobre ele?

—Que ele já me traiu mil vezes? Já. E mesmo assim, eu não acredito.

—INGÊNUA!—ela aponta para mim.—Viu?! Você é muito ingênua. Aquele cara não te merece. Você merece alguém melhor...

—Anne—tento falar o mais delicada possível—, eu gosto dele e ele gosta de mim. Nos amamos. Vamos nos casar daqui a dois meses. Temos certeza de quem somos e do que queremos. Confiamos um no outro.

Ela se cala por uns minutos.

—Depois não diga que eu não avisei—dizendo isso, sai, dramaticamente, do banheiro. Respiro fundo. Ela sempre me disse isso.

—Tô chegando.

—Eu tenho carro.

—Tem nada não.

—Não vou deixar o meu bebê aqui! Tá doido?! Eu hein. Vá atrás acompanhando—desligo, irritada. Odeio quando ele faz isso. Eu tenho carro pra quê? Pra ficar parado, estacionado? É fogo.

Ligo o carro e saio antes que ele chegue, só pra ele ter a viagem perdida.

—Aonde você está?—ele me liga assim que chego em casa.

—Aonde você acha?—meu mal-humor chegou.

Ele solta um longo suspiro.

—Olha, Dee, desculpa, mas hoje você está difícil demais...

Solto um "Rá!" alto ao telefone.

—"Por acaso eu era fácil?"—solto a famosa resposta.

Ele solta outro suspiro.

—Bem, nos vemos amanhã então.

—Tá. Vai ficar com raiva, é? Beleza, beleza. Depois não venha correr atrás de mim.

—Hm.

—Aviso dado.

Caramba, tô morrendo de sono, tô super cansada e não tô conseguindo dormir. Deu uma vontade de chorar...

Floflis dorme tranquilamente na caminha fofa que tem aos pés da minha cama. Sinto inveja dele.

Olho no relógio. Duas e vinte da manhã. Mexo um pouco no celular e depois venço o meu orgulho e ligo.

—Hey, poderia vir pra cá?—minha voz sai rouca.

—Vou. Estou indo.

Foi só o tempo de ele desligar e eu olhar minhas mensagens. Tinha algumas novas, de um número não salvo no meu telefone.

Hey! Como vai?

Consegui teu número no hospital.

Quem deve ser...?

O que faz acordada a essa hora, moça?

Começo a ficar assustada, achando que estou sendo perseguida ou que vão me sequestrar, paranoias do tipo.

Parecendo que tinha lido minha mente ou que tinha visto a minha expressão pela tela do telefone, manda outras mensagens. Leio com o coração batendo forte.

Não se assuste, não sou nenhum sequestrador, haha!

É o Shawn.

Devo ter soltado um suspiro super alto. Meu Deus, será que tem alguma coisa rolando entre nós? Tipo, não temos nenhuma chance juntos e eu amo outra pessoa. Tem meninas melhores que eu. E não fizemos nada de mais juntos. Só o café, aquele encontro no restaurante, apenas com sorrisos e piscadelas, e o da saída do hospital logo nos primeiros dias em que Karen estava internada. Só.

Resolvo bloquear o celular. Amanhã eu responderia. Tenho certeza de que ele ainda está online e esperando minha resposta, mas não quero conversar com ninguém agora. Quero dormir.

A porta do quarto se abre e já sei quem é pelo o cheiro tão familiar.

—Cheguei, bobinha—ele se deita ao meu lado, me abraça forte e beija o topo da minha cabeça.—Pode dormir em paz.

O jeito que ele me abraça, me toca, me faz sentir segura. Mas como deve ser abraçar o Shawn? Como deve ser dormir ao seu lado? Como deve ser acordar e a primeira coisa que ver é sua mão entrelaçada na dele? E olhar pra ele? Sorrir pra ele?

Mas deixo os pensamentos de lado. O homem ao meu lado me ama, ama mesmo. Mesmo que ele nunca tenha pronunciado as palavras, eu sinto pelo jeito que ele cuida de mim, que sorrir pra mim, que me olha.

—Durma, baixinha. Minha princesa.

São com suas carícias que adormeço.