27.

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    Abro meus olhos. Alguns mínimos raios solares entram no meu quarto por onde a cortina não consegue cobrir.

   Não me mexo. Nem eu, nem Floflis, que não sai de nem de cima dos meus pés. Em silêncio. Nós dois. Não sei mais o que fazer.

   Desliguei o meu celular, pois não quero receber mensagens ou ligações. Não quero receber uma notícia ou notificação.

   Não sei mais nada do que está acontecendo lá fora. Não sei quanto tempo estou assim. Só me levanto para ir ao banheiro e colocar a comida de Floflis.

    Não me olho no espelho, porque sei que vou me assustar. Não devo estar com a melhor das imagens. Não tenho mais lágrima para chorar e parece que não tenho mais língua para falar. Não tenho vontade de assistir a um bom filme. Não tenho vontade de ir ao hospital consultar. Só tenho vontade de ficar na cama. E cuidar de Floflis, minha única companhia.

Já tocaram várias vezes na minha porta. Já gritaram. Já quase quebraram. Mas não faço nada. Quero sentir a minha própria dor para melhorar; mas parece que nada está melhorando.

—DIANA! ABRA JÁ ESTA PORTA!—ouço gritarem do lado de fora da minha casa. Não saio da cama.

—DEE, POR FAVOR! ME DEIXE ENTRAR!

   Só...vá embora...

—DEE!

   E se calou. Deve ter ido embora.

—Dee—ouço me chamarem um pouco mais baixo. –Dee. Por favor. Deixe-me cuidar de você. Eu tinha prometido que iria estar sempre do teu lado. Aqui estou. Talvez você só fique sozinha porque quer. Talvez seja você que se fecha e não quer que as pessoas se aproximem novamente. Olhe, eu não fiz nada que te chateasse. Tenho certeza disso. Se eu tiver feito algo, me diga, pois quero consertar. Eu quero te ajudar, mas é você que não permite. Você que não permite que as pessoas se aproximem—ele suspira. –Dee, os últimos shows que eu fiz, nesse tempo em que você não falou mais comigo, eu dediquei todos eles a você. Cada música; eu fechava os olhos antes de cada música e falava apenas para mim: "Essa é para a Dee". E todas foram para você. Eu me preocupo muito com você. Por favor, me deixe ajudá-la. Estarei exatamente aqui. Estarei na sua porta, para caso você quiser abrir. Literalmente.

   E parou.

   A primeira lágrima caiu.

   Minha boca se abriu para sugar mais ar.

   Inspiro. Expiro. Tudo pela boca.

   A segunda lágrima caiu.

   A terceira lágrima caiu.

   A quarta...

   A quinta...

   Floflis se levanta.

   A sexta lágrima caiu.

   Me levanto da cama.

   A sétima...

  Caminho pelos corredores da minha casa.

  A oitava...

  Chego à porta e a destranco.

  A nona...

  Abro-a e nunca me senti mais segura no mundo: eu estava nos braços dele.

  A décima lágrima caiu.

  Eu poderia sentir o peso nas minhas costas saindo. Eu poderia chorar em paz.

  Eu estava, finalmente, na paz.

Sempre ao Seu Lado {Shawn•Mendes} Livro UmOnde histórias criam vida. Descubra agora