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Revisado

Luigi é muito brincalhão e sorridente. Está cursando o último ano do ensino médio. Matteo assim como o irmão fala pelos cotovelos.

_Então qual foi o motivo de ter saído do Brasil para vim morar aqui? - Luigi perguntou.

_Meu amigo veio a trabalho e me convidou. - Respondi bebericando o chá que ele ofereceu.

_Então não está sozinha? - Falou brincalhão. - Esse amigo ai ta mais para namorando em.

_Quero conhecer o tio depois. - Matteo falou alto o suficiente para quem mais estivesse na casa escutasse.

_Claro! De noite quando ele chegar vocês vão em casa.

Ficamos nos conhecendo melhor até dar a hora do almoço. Só foi eu abrir a porta de casa que a tristeza tomou conta de mim.

Flachback on.

Eu tinha acabado de chegar da escola. Entrei saltitante pela casa. Estava feliz por ter aprendido uma conta na escola. Foi então que levei um susto ao ver papai em casa naquela manhã. Ele nunca aparecia na hora do almoço, sempre vinha de tardezinha e hoje foi diferente.

_Papai! - Corri e lhe dei um abraço. - Estava com saudades.

_Eu também querida. Como foi na escola hoje? - Perguntou. Contei a ele sobre como foi meu dia e sobre minha animação por ter aprendido matemática. - Filha eu preciso de falar uma coisa. - Papai segurou minhas mãos e me olhou por alguns segundos antes de desviar seu olhar para a parede lilás da sala. - Eu vou embora. Não iremos mais nos ver.

Flachback off.

Foi assim que ele sumiu da minha vida para nunca mais voltar até um tempo atrás.

Flashback on.

Estou no aniversário de uma amiga de Luís. Ela nos convidou e Luís não podia faltar na festa de sua melhor amiga. Bebemos vários drinks fortes e dançamos bastante, a noite parecia que não ia ter fim. Principalmente quando estava no quarto de Luís me entregando toda para ele. Nunca fui santa na adolescência e aquela não era minha primeira vez.

Flashback off.

Minha vida foi uma mentira desde o dia em que nasci. Tudo que vivi foi a base de mentiras e mais mentiras. Não teve um dia sequer que fosse verdade. Quando tomei a iniciativa de  mudar de cidade para estudar eu tinha em mente que tudo iria melhorar. Que meus problemas tinham ficado para trás e tudo iria começar do zero. E não foi isso que aconteceu. Namorei Luís e me entreguei para ele, tinha esperança de que um dia poderíamos construir uma família. Ambos já tinham acabado a faculdade e trabalhavam para manter suas dispensas. Tínhamos tudo para ser feliz. Até aquele dia. Não passei dias sofrendo por causa dele como deveria ter feito.

E logo depois recebi a carta de meu avô e vinda de meu pai. Queria ter falado muita coisa para ele naquele dia. Ter contato todo meu sofrimento durante anos esperando que ele voltasse e me levasse junto. E só foi quando decidi que não esperaria mais que ele apareceu e me pediu para sumir com essa criança por um tempo.

Agora estou me afundando num mar de mentiras sem fim que não dá mais para sair, cada vez está ficando pior e o sentimento ruim está tomando conta de mim.

_Valentina? Está tudo bem?

Joseph está agachado ao meu lado na entrada de casa. Só então percebi que passei a tarde inteira me lamentando na porta de casa e não comi nada.

_O que você tem? - Ele perguntou mais uma vez. Sem olhar em seus olhos lhe abracei com força. - Calma. O que quer que tenha acontecido já passou.

_Não passou e nunca vai passar! - Falei baixo.

_Certo... O que eu posso fazer para te animar? - Disse olhando em meus olhos. Permaneci em silêncio, não estou com coragem para fazer nada. - Um jantar? Filme?

_Tanto faz. - Dei de ombros e Abaixei minha cabeça.

_Os dois então.

Joseph me pegou no colo e levou - me até o sofá onde deixou - me deitada. Beijou minha testa e foi para seu quarto. Tomou um banho e voltou vestindo somente uma calça de moletom que eu nem sabia que ele tinha.

_Está melhor? - Confirmei. - Vou fazer o jantar já volto.

_Espera! - Joseph me olhou sem entender. - Irei ver você cozinhar. - Abri um meio sorriso.

_Deve estar bem mesmo. - Falou enquanto me ajudava a levantar.

_Não é todo dia que você vai cozinhar para mim sem camisa. Não perco isso por nada.

_Está muito safada ultimamente.

_São os hormônios da gravidez.

Joseph começou a cantar alguma coisa que não entendi muito bem. Eu tentei ajudar só que ele não me deixou cortar nem uma cebola. Não sou boa em fazer essas coisas mesmo por isso nem questionei.

(...)

_Espero que goste de frango frito! - Falou ele colocando a comida na mesa.

_Duvido que alguém não goste. - Comentei. Peguei um pedaço e mordi.- Isso está muito bom.

Joseph sorriu vitorioso.

_Sou o melhor cozinheiro do Brasil.

_Só se for.

Até O Fim!Where stories live. Discover now