Exciting

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Estava sentada diante da mesa, seria minha primeira consulta, a tensão predominante em cada centímetro do meu corpo, deixava-me horrorizada. As batidas constantes na grande e simples porta me fizeram respirar fundo e meus sensores ficaram alertas.

Um homem loiro adentrou a sala com uma mulher em seus braços... Cabelos negros, lisos e bastante longos, chegando ao ponto de cobrir grande parte de seu rosto pálido com semblante assustado. Parei de observa-la para dar atenção ao rapaz que trajava um jaleco branco, seus olhos reluziam em um azul doce e sincero.

- Oi, sou Ryan Butler. O enfermeiro, digo...um dos enfermeiros do hospital. - ele não me encarou um segundo sequer, parecendo envergonhado, o que me fez sorrir internamente.

- Olá! Sou Annelise, você pode senta-la aqui, por favor? - apontei para a cadeira à minha frente. - Ryan assentiu em silêncio levando a minha primeira paciente ao local indicado. - Você pode esperar lá fora, ao não ser que queira ser consultado. - falei sem pensar e me repreendi mentalmente.

Ele deu um sorriso fraco, droga.

- Tudo bem. - falou antes de sair da sala.

Suspirei olhando para a pessoa assustada com quem iria iniciar a sessão.

- Olá... - olhei em sua ficha. - Samantha. - ela me olhou amedrontada - Esse é seu nome, não é? Eu sou Annelise e estou aqui para ajudar você, que tal conversarmos um pouco?

- Eu não... eu não preciso de ajuda. Não preciso. - murmurou.

- Tudo bem, então vamos apenas conversar.

- Con-ver-sar. - ela sibilou pausadamente, tentando assimilar meu comentário anterior.

- Isso. - confirmei - Como foi sua noite? - perguntei pacientemente, mas para meu desespero ela permaneceu monossilábica. - Olha só... - ia continuar minha conversação sem falas mútuas, quando Samantha me interrompeu.

- Brilha.

O quê?

- O quê? - repeti meus pensamentos, confusa.

- Brilha. - ela apontou para o meu simples relógio de pulso.

- Ah, você gostou? - retirei o mesmo a entregando.

Meus olhos encheram-se de lágrimas ao ver minha paciente, frágil, indefesa e assustada analisando meu pertence barato, entusiasmada e surpresa tal como uma criança. As batidas na porta afastaram meus pensamentos piedosos.

- Doutora? Samantha precisa da sua medicação diária.

- Claro. Acho que ela não vai falar mais nada. - murmurei e percebi Ryan olhar para minha primeira paciente, abismado.

- A Sra. Hastings não teve nenhuma crise? - neguei - Tudo bem, vamos mocinha. - falou sereno para a mulher dependente a nossa frente.

O modo como a tratava, a paciência extrema e a serenidade que o enfermeiro de olhos azuis exalava por toda sala, era extremamente contagiante.

- Eu vou leva-la. - falou tímido ao perceber que o olhava por bastante tempo, me recompus. - Isso deve ser seu. - murmurou com meu relógio em mãos. - eu assenti.

Samantha continuava calma e amena, apenas observando. Quando dei por mim, os dois haviam saído da minha sala, suspirei procurando a ficha do meu próximo paciente.

Justin Bieber

As letras digitadas em itálico, fizeram meu corpo entrar em combustão em segundos, minhas pernas fraquejaram e a vontade de desistir me invadiu. Seria possível duas palavras serem tão intimidades ao ponto de jogar para o alto, uma carreira que sempre almejei?

A porta foi aberta sem nenhuma cerimônia, meus olhos arregalados fitaram um segurança alto e forte - praticamente um brutamontes - adentrar em minha sala, empurrando meu paciente que estava algemado.

Algemado?

Ah claro, alguns dependentes dessa clínica são quase taxados como loucos, e óbvio que o presidente do mesmo não se responsabilizaria por nenhum ato causado pela insegurança e irresponsabilidade dos funcionários.

- Não me empurra porra. - ele falou autoritário, sem fitar nenhum de nós.

- Qualquer coisa, pode gritar. - o segurança alertou e nos deu as costas fechando a porta.

De repente, minha sala tornou-se um pouco abafada, o calor emanava por cada parte do local. Aquele homem exalava uma terrível e deliciosa tensão sexual, pelo menos espero que tudo isso não seja culpa da minha abstinência.

- Você não vai sentar? - quase comemorei por minha voz sair em um tom firme e profissional.

- E por que você não levanta? - ele falou sarcástico.

- Tudo bem. - levantei-me de minha cadeira e fiquei em pé a sua frente.

- Eu não mereço isso... - ele resmungou.

- Você é Justin Bieber, não é? Sou Annelise Williams.

Ele deu um sorriso sacana e suas orbes tornaram-se mais escuras.

- Defina heroína, Justin. - continuei, mas desisti ao perceber que nada iria adiantar. Seu maldito sorriso irônico continuava ali. - Você não vai falar nada?

- E você é sempre tão falante? Garanto que sei vários métodos para deixar você sem fala.

Abri minha boca para pedir o mínimo de respeito, mas o nervosismo me impediu de continuar. Por que esse homem é tão intimidade? Seu olhar estava preso em mim, enquanto sua língua percorria seus lábios avermelhados em uma simples carícia, abrangindo o momento erótico. Meus pensamentos foram interrompidos por batidas na porta, e quando percebi, o segurança já segurava Justin com brutalidade.

- O quê? Não, a consulta ainda não terminou.

- Desculpe doutora, mas o Sr. Bieber pediu um intervalo.

Ótimo.

- Pense na minha proposta, Anne. - Justin falou antes de ser empurrado para fora da minha sala.

Sentei na cadeira, exausta. Ele era o dependente, mas a louca aqui, sou eu.

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