All my love

98 6 1
                                    


"Você não precisa se preocupar em me deixar louca, porque eu sou muito além disso."

Point Of View Annelise Williams

Enquanto tinha meus pensamentos para mim, percebi que eu era incapaz de acompanhar as oscilações de humor do Justin e muito menos suas loucuras. Ele era um homem que poderia deixar qualquer mulher sã, completamente doente e maluca. E eu sentia por mim porque estava virando uma delas.

Jay não era um cara romântico, do tipo que fala "eu te amo" todos os dias ou quando quer se desculpar, manda flores e bombons. Bem, seus "eu não quero que você se foda" eram sua forma de dizer que se importava, ficar na cama depois do sexo de reconciliação eram suas desculpas.

Era insano, porque eu amava isso. Dentro de mim, eu sabia que existia uma faísca de aprovação. Principalmente porque quando brigávamos, tudo tendia a ficar mais excitante. E quando Jay me xingava, eu me sentia tão suja quanto ele. E eu sempre quis agrada-lo.

De repente, eu despertei dos meus pensamentos com uma ânsia. E o movimento da moto não fazia nada para ajudar. Respirei fundo, encostando meu rosto em suas costas e gemi em reprovação, por sentir um gosto ruim vir até a minha garganta.

— Jay... – murmurei mesmo sabendo que ele não iria escutar.

Minha fala tão baixa não deixaria, e mesmo se eu tivesse um megafone, não seria possível, porque o som estava quase estourando nossos tímpanos. Os caras falavam sobre carros, dinheiros e chamavam as mulheres de vadias.

Repugnante, porque há mulheres que adoram isso.

Finquei minhas unhas por baixo na sua camisa, sentindo sua pele rígida. Levantei a cabeça e percebi que ele me encarou rapidamente pelo retrovisor.

— O que você tem, Annelise? – gritou.

Mas eu não podia responder porque estava incapacitada de falar, pelo enjoo e pela música horrível que ele estava escutando.

Eu não sei se Justin percebeu que eu estava mal, mas a moto foi diminuindo a velocidade até estacionar na beira da estrada deserta. Ele desligou o som e se eu estivesse bem, teria me ajoelhado para agradecer. Tirei o capacete com pressa e desci da garupa, indo me encostar em uma árvore, com a cabeça baixa, forçando o vômito.

— Que porra você tem? – ele me virou bruscamente, sem se preocupar se eu estava bem ou não.

— Quer que eu vomite em você? – murmurei, fazendo uma careta.

Ele franziu o cenho e me soltou. Voltei a minha posição de costas para ele e ouvi seus passos cada vez mais próximos.

— Você está grávida?

Um frio passou pela minha espinha, dando medo no lugar do mal estar. E eu nem precisava ver seu rosto para saber que ele estava estático e nervoso.

— Não se preocupe com isso, eu tomo anticoncepcional.

Respirei fundo, já me sentindo melhor.

— Mas essas porras não são seguras.

— Eu não estou grávida, Justin.

Nós ficamos em silêncio enquanto eu me recuperava.

— Só perguntei porque eu não quero... – o cortei.

— Um filho. Eu também não. – disse incomodada tentando terminar o assunto.

Me virei me recompondo e passando por ele, sem encara-lo.

HeroinOnde histórias criam vida. Descubra agora